Lucas Eduardo é agraciado com a medalha Pai Santana
Segunda-feira, 15/01/2024 - 20:13
Arena Cruzmaltina @are_cruzmaltina
Lucas Eduardo, volante do Vasco, está sendo homenageado pelo clube e recebeu a Honraria Pai Santana.

O atleta e ex-aluno do colégio Vasco da Gama foi alvo de racismo no último jogo da Copinha.

📸 | @newscolina



Fonte: X Arena Cruzmaltina


Tébaro Schmidt @tebaroschmidt
Convidado especial na inauguração do anfiteatro aqui em São Januário, Lucas Eduardo recebeu a Honraria Pai Santana pelo combate ao racismo.

O atleta do sub-20 foi chamado de "macaco" após eliminação na Copinha e denunciou o caso em uma carta #gevas



Fonte: X do jornalista Tébaro Schmidt/ge


Após combate contra o racismo, Lucas Eduardo recebe honraria "Pai Santana", do Vasco

Após ser vítima na Copinha e combater o racismo, Lucas Eduardo foi homenageado na inauguração do anfiteatro Clementina de Jesus, na escola do Vasco, e recebeu a honraria "Pai Santana". O jogador agradeceu ao clube pelo apoio e pela formação, dentro e fora de campo.

- Agradecer o convite de estar aqui do Salgado e do Osório. Foi um episódio muito difícil, até de falar, mas agradeço muito ao Vasco, não só por me formar como atleta, mas também de me formar como humano. Tenho muito orgulho de estar aqui. Obrigado! - disse Lucas Eduardo.

O evento ocorreu na inauguração do anfiteatro da escola do Vasco da Gama, em São Januário. Lucas Eduardo foi aluno da escola, durante as categorias de base do clube.

A honraria "Pai Santana" é uma homenagem do Vasco a todos que lutam contra o racismo no Brasil.

- A honraria foi instituída pelo Vasco da Gama para honrar todos que lutam contra o racismo no Brasil. O Vasco homenageia e honra o seu lendário vascaíno Pai Santana. E ela é outorgada a todos que lutam contra o racismo, como você fez, de maneira firme e forte - disse Osório, VP do clube na gestão de Jorge Salgado.

Lucas Eduardo publicou uma carta no domingo, após a eliminação da equipe na competição. O jogador lamentou o ocorrido durante entrevista ao SporTV, na qual foi atingido por uma garrafa, e revelou que foi vítima de racismo.

Segundo ele, durante a entrevista, foi possível ouvir gritos de "macaco" vindos da arquibancada.

Mais tarde neste domingo, o Vasco endossou o repúdio ao episódio em uma nota publicada no perfil do clube nas redes sociais.

"O Vasco da Gama repudia as agressões sofridas por Lucas Eduardo e está tomando as medidas necessárias para investigar e punir os responsáveis. As agressões e crimes dessa natureza não serão tolerados e serão fortemente combatidos".

Confira a carta de Lucas Eduardo:

"Por Lucas Eduardo,

O dia 13 de janeiro de 2024 tinha tudo para ser perfeito em minha mente: comemorava meu aniversário de 20 anos, estava em campo em jogo transmitido ao Brasil e ao mundo e com a braçadeira de capitão do Vasco da Gama. O cenário para uma vitória, que consagraria nossa classificação, era perfeito.

Como eu disse: tinha tudo para ser perfeito. Porém, a gente aprende a duras penas que a vida não é feita de caminhos perfeitos.

Neste 13 de janeiro de 2024, tive a derrota mais dolorosa da minha carreira em todos os cenários possíveis.

Por isso, quero começar esse texto me desculpando com os torcedores do Vasco. Sei o quanto essas derrotas afetam vocês e o quanto dói. Sou um jovem jogador em busca do meu sonho, jogando em um clube Gigante do nosso futebol e sei o quão honrado sou por estar aqui. Por isso, ser eliminado da maneira como fomos pelo Vitória, na Copa na São Paulo, me machuca muito.

Só que, infelizmente, não vim aqui apenas para mostrar minhas dores pelo que aconteceu no gramado.

Cada vez mais, esquecemos que futebol é alegria, é família e é a oportunidade de vivermos intensamente uma paixão por um time do coração. Para mim, como atleta, é o sonho e a mais real oportunidade de mudar a história e a trajetória da minha família.

Porém, esses valores, a cada dia, se perdem diante do cenário desumano e da falta de respeito.

Neste mesmo dia 13 de janeiro de 2024, no dia em que completei 20 anos e que tinha tudo para ser perfeito, eu senti vergonha, medo e decepção em estar presente neste cenário dos meus sonhos, que é o estádio de futebol.

Ao final da partida, alguns "torcedores" atiraram uma garrafa em mim enquanto dava uma entrevista para explicar nosso infeliz resultado. Ao mesmo tempo em que eu falava, ouvi também gritos como: "macaco".

No dia que tinha tudo para ser perfeito, o respeito e a alegria perderam para a violência e o ódio. E desta vez aconteceu comigo.

Neste dia, foram gritos racistas e uma garrafa atirada em mim. Se isso já me assustou, eu fico a pensar: qual será a tragédia que irá acontecer amanhã para isso acabar?

Isso é inaceitável. O futebol não pode mais ser usado de desculpa para esses criminosos sentirem liberdade para cometerem suas intolerâncias. Até quando?

Por fim, faço questão de dizer: o Vasco é Gigante, com uma história linda de pioneirismo na luta pelo respeito. Para se dizer torcedor deste clube, é preciso entender esse valor. Acima de tudo, respeito a todos, independente de raça, opção e/ou religião.

O dia não foi perfeito. A cicatriz deste dia estará guardada em todos os dias da minha vida. E o sentimento que levarei a partir de hoje é: o sonho não acabou, a dor do presente será a conquista do amanhã.

Obrigado,
Lucas Eduardo
13 de janeiro de 2024
Guarulhos, SP, Brasil"


Fonte: ge