Basquete: Cestinha do Vasco, Paulichi se inspira no companheiro de time Marquinhos
O retorno do R10 Score Vasco da Gama ao basquete tem sido uma das grandes histórias do NBB CAIXA 2023/24. Após quatro anos longe da competição, o gigante carioca voltou a ter sua equipe profissional e vem fazendo bonito no torneio: está na quarta posição, com 12 vitórias e cinco derrotas e com vaga garantida na Copa Super 8.
Quando se começa a investigar as razões desse sucesso, é difícil não esbarrar em um nome: Rafael Paulichi. Até agora, o ala de 25 anos e 2,02m é o líder do time em média de pontos (14,3) e eficiência (14,7), além de ser o segundo em minutos por partida (30,6).
O próprio Paulichi admite que esse rendimento é uma surpresa, mas existem motivos para isso: humildade, versatilidade e inspiração. E essa última parte entra na conta do companheiro Marquinhos.
"Uma vez, há alguns anos, me perguntaram em uma entrevista quem era meu ídolo e eu respondi ‘Marquinhos'. Eu nunca imaginei que chegaria a jogar com ele. Quando anunciaram que ele viria para o Vasco foi muito legal", relembrou.
O currículo de Marquinhos fala por si só. O ala defendeu a Seleção Brasileira nas Olimpíadas, jogou na NBA, no basquete italiano e disputa sua 15ª edição do NBB CAIXA. Ele é um dos maiores nomes da história da competição nacional, com três prêmios de MVP (2013, 2016 e 2018) e seis títulos (2013, 2014, 2015, 2016, 2019 e 2021), todos conquistados pelo Flamengo.
De acordo com Paulichi, ele nunca conviveu com um atleta que traz uma energia tão positiva ao elenco quanto Marquinhos.
"Onde ele está, ele agrega com essa energia vitoriosa. Isso contagia, é bem legal. A mentalidade dele é muito vencedora. Eu já passei por outros times e nunca tinha visto isso", revelou.
Há muito tempo Marquinhos é uma referência para Paulichi. O veterano só não tinha a menor ideia disso! O camisa 11 do R10 Score Vasco só foi saber que servia de inspiração ao companheiro na realização dessa reportagem.
"Eu fiquei muito, muto feliz em saber disso. Eu não tinha conhecimento. Ele é um dos meninos que a conversa flui, que tenho afinidade, sabe? Pela humildade dele, pela tranquilidade. Fico muito feliz mesmo de saber dessa notícia", afirmou Marquinhos.
Mas os elogios do veterano não acontecem só por causa da personalidade de Paulichi. Segundo Marquinhos, o ala-pivô tem sido fundamental para o sucesso do R10 Score Vasco neste início de NBB CAIXA.
"É um cara que treina duro, que se esforça. Não é à toa que ele vem tendo esse sucesso, esse protagonismo no time. Ele se tornou um cara muito versátil no nosso time, que atua em três posições: de ala, ala-pivô e pivô. É o que vem sendo o grande diferencial dele", revelou.
Essa versatilidade é justamente o que permite a Paulichi dividir a quadra com sua grande referência, algo que tem sido proveitoso para ele e para o R10 Score Vasco.
"Em questão de jogo ele me ensina muito. A gente divide muito a quadra, ele faz uma posição e eu faço outra. Ele faz as posições 3 e 4 (ala e ala-pivô) e eu acabo fazendo 4 e 5 (ala-pivô e pivô). Estou podendo dividir esse espaço na quadra com ele, fora da quadra também ele me ensina uma coisa ou outra. Está muito proveitoso, estou tentando aprender o máximo possível", afirmou.
Jogar com Marquinhos é um privilégio. E olha que essa não foi a única lenda com quem Paulichi conviveu.
No berço do basquete argentino
Rafael Paulichi nasceu em São Paulo (SP), mas ainda criança se mudou para Porto Feliz (SP), cidade de 52 mil habitantes a cerca de 120 quilômetros da capital. Aos 16 anos, retornou à metrópole para jogar nas bases do Círculo Militar e do Palmeiras. Três anos depois, sua carreira tomou um rumo inusitado: Bahía Blanca, na Argentina.
A cidade localizada a 900 quilômetros de Buenos Aires é famosa, justamente, pelo basquete. "Bahía Blanca é o berço do basquete na Argentina. O que para nós é Franca, para eles é Bahía Blanca", comparou o brasileiro.
Paulichi acertou com o Bahía Basket, um time recente, fundado em 2011, que é o projeto de um dos filhos pródigos da cidade, Pepe Sánchez. O armador é uma referência do basquete argentino: foi o primeiro jogador do país a atuar na NBA e era o titular da posição na campanha do ouro olímpico em 2004.
O brasileiro ficou três anos em Bahía Blanca. E a convivência com Sánchez fez com que o argentino também se tornasse um exemplo em sua carreira.
"Você pode não conhecer ele, mas se vir ele andando pela rua, pela postura, você percebe que é alguém importante. Conversando com ele, você percebe o quanto ele é inteligente e extremamente simpático. Eu o admiro muito, ele me ensinou muito. Tem um temperamento forte de cobrança, mas é um cara fora da curva", relatou.
Sánchez não foi o único campeão olímpico com quem Paulichi cruzou em sua trajetória no país vizinho. O brasileiro teve a chance de conhecer outros membros da geração dourada, como Luis Scola, Alejandro Montecchia e o maior de todos eles, Manu Ginóbili.
"Todos os jogadores dessa geração são muito inteligentes, têm muita cultura, falam outros idiomas. São diferentes dos outros jogadores. Acho que por isso tiveram tanto sucesso", relembrou.
A passagem de Paulichi pela Argentina terminou com a pandemia em 2020. O ala retornou para a casa dos pais em Porto Feliz e continuou se mantendo em forma durante o período.
Quando o basquete foi retomado, o jogador recebeu uma oportunidade no União Corinthians. Em 2021/22, assinou com o Pato Basquete para sua primeira temporada no NBB CAIXA. No ano seguinte, retornou à equipe de Santa Cruz do Sul (RS), que a essa altura já fazia parte da principal competição do basquete nacional. Finalmente, em 2023/24, fechou com o R10 Score Vasco da Gama, onde está jogando o melhor basquete de sua carreira.
E se depender das referências que Paulichi teve durante sua trajetória, essa carreira vai longe.
O NBB CAIXA é uma competição organizada pela Liga Nacional de Basquete com patrocínio máster da Caixa Econômica Federal e Loterias Caixas, parceria do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC) e patrocínios oficiais Sportsbet.io, Penalty, EMS e UMP e apoio IMG Arena, Genius Sports, EY e NBA .
Fonte: LNB