Como no jogo do 1º turno, Vasco e Cruzeiro se enfrentam com portões fechados à torcida
Quarta-feira, 22/11/2023 - 16:07
Em confronto direto na luta contra o rebaixamento, Cruzeiro e Vasco se enfrentam nesta quarta-feira (22), às 19h (horário de Brasília), em jogo atrasado válido pela 32ª rodada do Campeonato Brasileiro. E, assim como no primeiro turno, em São Januário, o duelo entre as duas equipes terá as arquibancadas do Mineirão vazias por punição sofrida pelo clube mandante. Um retrato da temporada conturbada que Cruzeiro e Vasco vivem, e que ajudam a explicar a situação dos times no Brasileirão.

No primeiro turno, o Vasco estava punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva pela confusão iniciada pela própria torcida e aumentada pela Polícia Militar, em São Januário, na derrota para o Goiás. Agora, foi a vez do Cruzeiro ser punido pelo STJD com a perda do mando de campo devido a briga generalizada causada por cruzeirenses na derrota para o Coritiba, na Vila Capanema. Mas esta é só uma das coincidências que ajudam a explicar o 2023 de Cruzeiro e Vasco.



Acesso e esperança de um ano melhor

As coincidências entre Cruzeiro e Vasco começam ainda na última temporada. Em 2022, os dois estavam na Série B e também passaram pelo processe transformação em SAF. Ainda no começo do ano, Ronaldo passou a administrar o futebol da Raposa, enquanto o Cruz-Maltino teve 70% das suas ações vendidas para a 777 Partners, dos Estados Unidos.

Os dois conseguiram o acesso, mas as trajetórias de Cruzeiro e Vasco na Série B foram bem diferente. Enquanto time mineiro liderou a competição quase que de ponta a ponta e conseguiu o acesso com sete rodadas de antecedência, o Cruz-Maltino só conseguiu a vaga na Série A na última rodada, quando venceu o Ituano, fora de casa. O jogo do acesso do Cruzeiro, inclusive, foi contra o Vasco, no Mineirão, em um impiedoso 3 x 0.

Com os dois clubes de volta à Série A, a expectativa era de dias melhores. O Vasco, por exemplo, investiu R$ 110 milhões na janela do começo do ano – a primeira sob o comando da 777 Partners. O Cruzeiro foi econômico nas contratações, mas apostava na permanência do técnico Paulo Pezzolano.

Crise no futebol e trocas de treinadores

Mas, apesar das expectativas, o começo de 2023 já mostrou que os clubes teriam temporadas complicadas. Com problemas na formação do elenco e sem conseguir fazer o time voltar a mostrar o futebol de 2022, Pezzolano deixou o Cruzeiro depois do Campeonato Mineiro. A Raposa caiu na semifinal, com duas derrotas para o América-MG.

Depois de Pezzolano, que envolveu um acordo feito ainda em 2022 para que ele saísse após fechar um "ciclo", o Cruzeiro apostou no português Pepa. Após um bom começo de passagem, que gerou novas boas expectativas, o treinador viu o time cair de rendimento e foi demitido em agosto, com a equipe na 12ª colocação do Campeonato Brasileiro.

Após Pepa, foi a vez de Zé Ricardo tentar salvar o Cruzeiro. Mas o trabalho do treinador durou apenas dois meses. Em dez jogos, foram três vitórias, dois empates e cinco derrotas. Na ocasião, a Raposa estava na 17ª colocação. Agora com Autuori, que venceu na estreia contra o Fortaleza, o Cruzeiro tenta a última cartada contra o rebaixamento.

O Vasco não teve tantos treinadores, mas também passou por uma importante mudança durante a temporada. Contratado para 2023, Maurício Barbieri chegou ao clube após marcante passagem pelo Red Bull Bragantino, onde foi vice-campeão da Sul-Americana. Mas o mau desempenho no Campeonato Carioca e a queda precoce na Copa do Brasil já geraram uma pressão sobre o treinador.

Mas a diretoria do Vasco bancou e Barbieri ficou para o Campeonato Brasileiro. Mas, com um péssimo começo de competição, o técnico acabou demitido em junho, quando o time tinha apenas seis pontos em 11 partidas e estava na 19ª colocação. Então, o Vasco apostou no experiente Ramón Diaz. E o argentino tem comandado o time em uma boa campanha de recuperação. Desde a sua chegada, o Cruz-Maltino fez 31 pontos – a quinta melhor campanha neste período.

Luta contra o rebaixamento no Brasileiro

Todas essas trocas no comando técnico das equipes, além de crises internas, erros no planejamento e na qualidade dos elencos, fizeram o Cruzeiro e o Vasco chegarem nesta reta final do Campeonato Brasileiro lutando contra o rebaixamento. Agora, os dois estão fora da zona de rebaixamento, ambos com 40 pontos, com os cariocas levando vantagem no número de vitórias. No entanto, o risco de queda ainda é real. Os dois têm dois pontos a mais que o Bahia, primeiro time na zona do rebaixamento.

Mas, fazendo um recorte mais recente, o momento dos dois pode dar esperança aos torcedores. Mandante, o Cruzeiro chega para o confronto contra o Vasco com a moral elevada após bater o Fortaleza, fora de casa, por 1 a 0, no sábado (18). O gol marcado por Bruno Rodrigues, além de dar a vitória para a Raposa, tirou o time celeste da zona de rebaixamento e encerrou uma sequência de três derrotas seguidas.

Se o Cruzeiro está cheio de moral, o Vasco está melor ainda. O Cruz-Maltino faz um segundo turno de recuperação, após uma primeira metade de Brasileiro muito ruim, e acumula uma sequência de três vitórias seguidas, contra Cuiabá, Botafogo e América-MG, esta última conquistada no apagar das luzes, com gol de falta do craque francês Dimitri Payet. Se parecia um virtual rebaixado já em meados do campeonato, hoje o cruz-maltino mostra ter condições de vencer adversários de qualquer lugar da tabela e bater o time celeste seria de suma importância para continuar a reação rumo à permanência, que parece mais próxima rodada após rodada.

Punições no STJD por confusões com a torcida

Apesar da expectativa por um grande duelo nesta quarta-feira, as cadeiras do Mineirão estarão vazias. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) puniu preventivamente o Cruzeiro com 30 dias sem torcida em jogos como mandante e visitante. A punição acontece pela briga generalizada que aconteceu na Vila Capanema, onde o Coxa venceu a Raposa por 1 x 0 no último domingo (12).

O Vasco também viveu situação parecida no fim do primeiro turno. Após a derrota por 1 a 0 para o Goiás, em São Januário, torcedores do clube tentaram invadir o gramado e causaram uma confusão, que ficou ainda maior com a resposta exagerada da Polícia Militar. Pela confusão, o Cruz-Maltino foi punido pelo STJD com a perda do mando de campo em quatro partidas. Além disso, São Januário ainda ficou interditado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro por mais de 70 dias, em uma decisão polêmica e baseada em um relato elitista de um juiz.

Fonte: Trivela