Um cartão amarelo aplicado em Chile x Paraguai, na última quinta-feira, fez a torcida do Vasco comemorar no Brasil. O alívio não tem relação alguma com as eliminatórias sul-americanas. A euforia se deu porque a "vítima" do árbitro Fernando Rapallini foi Gary Medel, que ficou suspenso na seleção chilena e retornou mais cedo ao Rio de Janeiro, às vésperas de um jogo importantíssimo.
O fato de a torcida do Vasco assistir a um jogo irrelevante para o clube e sem grandes efeitos até mesmo para a seleção brasileira é significativo para explicar o espaço que Medel ganhou no time carioca.
Contratado com status de estrela após passagens por grandes clubes, o jogador de 36 anos não convenceu nos dois primeiros jogos pelo Vasco, nas derrotas para Athletico-PR e Corinthians. O chileno, que atuou durante grande parte da carreira como volante, já havia alertado em sua chegada ao Brasil que agora preferia jogar como zagueiro.
Após 15 dias de trabalho com Ramón Díaz, Medel teve seu pedido ouvido pelo treinador argentino diante do Grêmio. Em sua terceira partida no Vasco, começou na zaga, onde se tornou absoluto desde então. Até foi deslocado para o meio em alguns momentos, mas é na defesa que ele se tornou um dos principais personagens da recuperação do time no campeonato.
A experiência o fez de cara ganhar a faixa de capitão, e o comportamento em campo fez com que a torcida se identificasse instantaneamente com o zagueiro. Mais de uma vez, Medel provou ser "muito Vasco", frase que o fez viralizar após uma vitória do time.
- Bom mesmo é vestir essa camisa e ser feliz - escreveu o zagueiro em seu Instagram após o último jogo, a vitória por 2 a 1 sobre o América-MG.
Medel, inclusive, fez uma mudança nas suas redes sociais para facilitar a comunicação com o torcedor do Vasco. Nas primeiras postagens pelo clube, o chileno escrevia em espanhol, sua língua materna, mas recentemente passou a postar em português.
Atitudes como essa o fazem ganhar pontos com os vascaínos, como aconteceu quando ele tatuou o escudo do Vasco na perna, onde tem tatuagens de outras equipes que defendeu na carreira.
Medel no Vasco:
- 16 jogos (todos como titular)
- 22 desarmes
- 18 interceptações
- 90 bolas recuperadas
- 777 passes certos
- 40 passes errados
- 10 faltas cometidas
- 4 faltas recebidas
- 1 cartão vermelho
- 4 cartões amarelos
A convivência no clube é outro ponto alto de Medel, que arranca risadas dos companheiros e se dá bem com todos os funcionários. Um jogador que facilita a vida da comissão técnica.
- Se puder agarrar (no gol), vai agarrar. Tem personalidade e coração... Me surpreendeu desde o início e pode jogar em qualquer posição. O conhecia pelo nome, mas nunca tive a possibilidade de trabalhar com ele antes. Temos muito a aprender com ele, que é uma lenda do futebol sul-americano - disse o auxiliar técnico Emiliano Díaz, após o jogo contra o Atlético-MG.
A vontade de Medel, nos treinos e nos jogos, chama atenção da torcida e de quem acompanha o trabalho no dia a dia: "Não desiste". Aos 36 anos, o chileno tem energia de sobra, ganha a maioria dos duelos e dita o ritmo dos companheiros, cobrando concentração o tempo todo.
Por tudo isso dá para entender porque os torcedores ficaram tão felizes com aquele cartão amarelo.
Com a experiência e energia do seu capitão como trunfos, o Vasco terá um duelo direto contra o rebaixamento na próxima quarta-feira, quando enfrenta o Cruzeiro no Mineirão, às 19h.
Fonte: ge