Leven Siano e Pedrinho têm seus projetos próprios de reforma de São Januário; projeto de Campello pode ser engavetado
A reforma de São Januário está cada vez mais próxima de se tornar uma realidade com a assinatura ontem (7) do projeto de lei, da Prefeitura do Rio de Janeiro, que viabiliza a modernização do estádio do Vasco através da transferência de seu potencial construtivo.
No atual cenário, há três projetos que estão sendo divulgados ao público: o da atual gestão, desenvolvido pela WTorre; o do candidato à presidência Pedrinho, que ganhou apoio da Crefisa e tem o escritório de arquitetura Cité; e o do candidato Leven Siano, em formato de caravela e idealizado pela empresa britânica Populous.
Pedrinho acena com Crefisa e abraça projeto idealizado por torcedores
Como informado ontem (7) pelo colunista do UOL, Paulo Vinícius Coelho, o PVC, o candidato à presidência do Vasco, Pedrinho, ganhou o apoio do fundador e dono da Crefisa, José Roberto Lamacchia, para reformar São Januário em caso de vitória na eleição deste sábado (11). Além disso, o ídolo vascaíno abraçou um projeto criado por torcedores em 2020 e envolveu o escritório de arquitetura Cité para desenvolvê-lo.
Pedrinho se reuniu com Lamacchia pessoalmente em São Paulo, e ouviu do empresário o interesse em colocar o nome da empresa de crédito pessoal, que patrocina o Palmeiras, como naming rights de São Januário.
- Pedrinho, caso você seja eleito o presidente do Vasco da Gama, eu tenho interesse em colocar o nome da Crefisa no naming right de São Januário
José Roberto Lamacchia, dono da Crefisa
A ideia da Crefisa em ter os naming rights de São Januário é mais um passo no novo plano de negócios da marca, que pretende diversificar seus investimentos no futebol. Recentemente, a Crefipar, uma das empresas do Grupo Crefisa, venceu a licitação aberta para concessão da Arena Barueri, em São Paulo, por 35 anos, em uma transação estimada em R$ 514,9 milhões.
Projeto arquitetônico de torcedores
Pedrinho, a princípio, não abraçará o projeto desenvolvido pela WTorre e feito ainda na gestão Alexandre Campello. Sua ideia é tornar real o projeto "Nosso São Januário", criado por torcedores em 2020 e que terá a assinatura do premiado escritório de arquitetura Cité. O UOL teve acesso a detalhes.
Ele acena com um estádio para 46 mil pessoas e um grande setor popular, sem assentos, ingressos mais baratos e que tem sido chamado de "geral". Também prevê praças de convivência e interação com a comunidade Barreira do Vasco, vizinha ao estádio.
Os arquitetos vascaínos originais que se juntaram e idealizaram o projeto seguem no trabalho e o desenvolveram em cerca de 80%. Alguns torcedores cruzmaltinos com vivência e conhecimento da arquibancada de São Januário também estão inseridos no grupo e têm sido consultados para sugestões.
"A alma do projeto são as praças. O Nosso São Januário encontra a viabilidade de ter o dobro de público no entorno, circulando por todos os setores e ainda criando novos espaços de permanência. É o foco na Barreira e na manutenção da resenha e da festa da torcida ao redor do estádio", explica o arquiteto André Rodrigues, que trabalhou no projeto arquitetônico do Centro Cultural Candinho, inaugurado no local de fundação do Vasco, e na reforma da casa de shows Via Music Hall:
"Somos vascaínos e estamos sempre em São Januário. Um foco primordial do estádio é na pressão da torcida nos adversários. Atrás do gol da Barreira a ideia é termos uma geral com boa parte dos ingressos a preços populares. Será um enorme setor único de geral e arquibancadas, da beirinha do campo até o alto da curva".
Pedrinho acredita que este projeto respeita a identidade de São Januário e atende as demandas do torcedor que frequenta o estádio:
- Abracei esse projeto porque acreditei nele. É feito por vascaínos para vascaínos. Um projeto que respeitou e se inspirou na história do Vasco, que pensa em oferecer conforto sem perder a identidade do clube; que pensa no torcedor sem se esquecer do entorno que enche de orgulho todos os vascaínos. Vivi e cresci em São Januário e me incomoda vê-lo abandonado. Mais do que gestão, falta amor. Chegou a hora de arrumar a casa dos vascaínos
Pedrinho
Sócio-diretor da Cité, Celso Rayol acredita que o projeto de reforma de São Januário, da chapa de Pedrinho, trará qualidade urbana à região e identidade ao torcedor:
- Com a derrubada dos muros que separam o São Januário da cidade, introduzimos praças e um redesenho dos fluxos de acesso que vão além dos dias de jogo e melhoram a qualidade urbana e ambiental de toda a região. Ao expandirmos o estádio e propormos um novo clube social, buscamos nossas referências arquitetônicas na própria trajetória do Vasco e da arquitetura carioca, como no modernismo da sede de remo da Lagoa e nos detalhes azulejados da construção histórica da fachada social. O Nosso São Januário abraça o futuro reforçando os elos afetivos que fazem do Vasco uma casa para sua torcida
Celso Rayol, sócio-diretor da Cité
Chapa de Pedrinho vê naming rights somada ao potencial construtivo
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, assinou ontem (7) o projeto de lei que viabiliza a reforma de São Januário. Ele consiste na criação do chamado "potencial construtivo" do estádio, onde o m² do local é estipulado e vendido à empresas interessadas, que em troca poderão utilizá-lo em regiões do bairro da Barra da Tijuca, na Zona Oeste (RJ). Os valores não foram divulgados, mas calcula-se que o Vasco pode arrecadar algo em torno de R$ 500 milhões.
Para a "Sempre Vasco", chapa de Pedrinho, o potencial construtivo será um complemento à injeção financeira que a Crefisa dará com o naming right prometido:
- A Sempre Vasco celebra não somente o compromisso firmado com José Lamacchia, mas também a assinatura do potencial construtivo. São duas notícias excelentes sobre dois movimentos complementares. Somente o potencial construtivo não é suficiente para tirar o projeto de um novo São Januário que o vascaíno merece. O naming rights surge como a oportunidade para a torcida do Vasco, enfim, ter o estádio sonhado sem, no entanto, perder suas raízes e seu apelo popular
Sempre Vasco, ao UOL
Leven quer São Januário como caravela e com empresa que fez Arena das Dunas
Outro candidato à presidência do Vasco, Leven Siano acena novamente com o projeto que já divulgou quando concorreu à eleição do clube no último pleito, o feito pela empresa britânica Populous, que prevê São Januário em formato de caravela, com capacidade para cerca de 40 mil pessoas, praças de convivência, ginásio moderno e custo de cerca de R$ 500 milhões.
A Populous, por exemplo, foi quem fez a Arena das Dunas, estádio construído em Natal, no Rio Grande do Norte, para a Copa do Mundo de 2014.
Assim como Pedrinho, o projeto também prevê a venda de naming rights para arrecadação de fundos em conjunto com a venda do potencial construtivo do estádio.
- Muito contente em ver que o prefeito Eduardo Paes assinou a possibilidade de transferência de potencial construtivo para São Januário. Isso é uma forma de alavancar receita e financiar de forma real a construção de um novo estádio de São Januário, a revitalização da nossa querida casa para comemorarmos os 100 anos de São Januário já numa casa nova. Temos projeto para isso da empresa sueca Serneke e da empresa britânica Populous, no qual foi eleito um dos dez estádios mais bonitos do mundo no futuro pela revista alemã One Football. Estamos muito contentes em ver que estamos cada vez mais avançados para a real possiblidade de se fazer um novo estádio de são Januário que abrigue nossa torcida, que é gigante
Leven Siano, ao UOL
Atual gestão tem projeto da WTorre
O presidente Jorge Salgado, que está no fim de seu mandato, acena com o mesmo projeto desenvolvido pela gestão Alexandre Campello, feito pela WTorre e realizado pelo arquiteto Sérgio Dias, estipulado para 43 mil pessoas e ao custo de cerca de R$ 500 milhões.
Ele tem algumas semelhanças arquitetônicas com o estádio do Borússia Dortmund, da Alemanha, com seus "paredões" atrás dos gols e também prevê praças de convivência e uma grande esplanada no entorno.
O projeto sofreu atualizações recentemente e a diretoria pretende divulgar em breve ao público.
A WTorre gere o Allianz Parque, estádio do Palmeiras, que é patrocinado pela Crefisa. A relação entre o clube e a empresa não anda bem e há uma batalha judicial do Alviverde contra o conglomerado.
Fonte: UOL