Gerente técnico do VAR da CBF, Péricles Bassols fala sobre polêmicas da arbitragem no Brasileiro
Horas depois da publicação do programa Papo de Arbitragem com a explicação dada pela CBF para a anulação do gol do Vasco contra o Palmeiras, um grupo de árbitros de vídeo estava reunido na base do VAR no Brasil. Na tela da sala de instrução, a mesma jogada e as nuances que situações como aquela trazem para quem está vendo e interpretando no campo e na cabine.
O Brasileirão tem lances polêmicos com frequência. A comissão de arbitragem admite erros em alguns, mas rebate questionamentos em outros. A intertemporada da arbitragem, que aconteceu na semana passada, é uma oportunidade para repassar algumas jogadas.
Mas só por que foram polêmicas? Não necessariamente, segundo o gerente técnico do VAR, Péricles Bassols.
"A gente não trata as polêmicas de maneira especial. A gente não dá atenção especial porque gerou polêmica. Até porque muitas vezes a polêmica criada é em cima da desinformação de algumas orientações que a gente tem e que as pessoas leigas não têm. A gente atua no que tecnicamente precisa ser ajustado, nas velas que precisamos ajustar enquanto estamos conduzindo o navio. É de maneira técnica com os lances, para consolidar o que a gente trabalhou na pré-temporada, rumo ao final do campeonato", explica ele.
"A intertemporada reúne todo mundo para trabalhos específicos e tratar de situações do campeonato que nos chamaram a atenção e que a gente pode melhorar "
Péricles Bassols, gerente técnico do VAR
No lance específico do Palmeiras x Vasco, a discussão envolveu se o corte de Richard Ríos tinha concluído ou não a fase de ataque do Vasco — no lance imediatamente anterior, Vegetti estava impedido.
A comissão de arbitragem bateu na tecla junto aos árbitros que a fase de ataque cruz-maltina não tinha terminado — ou seja, o chute certeiro de Paulinho fazia parte dela — porque o Palmeiras não iniciou movimentos de posse de bola continuada (um passe de um jogador indo para o outro). Só rebateu a bola.
De forma mais ampla, a comissão de arbitragem sabe que as polêmicas e questionamentos fazem parte do cotidiano da arbitragem.
"Nenhuma arbitragem no mundo 'zera' o campeonato. A gente não tem a pretensão de acertar 100%, porque não seria humano. Situações vão acontecer, decisões da arbitragem vão ser questionadas, mas estão dentro de uma média humana", afirma Bassols.
Quem chefia o apito nacional apresenta alguns números para alegar que o trabalho neste ano está bom. Um dos itens, segundo a comissão, é o fato de que toda vez que um árbitro foi rever uma jogada na área de revisão, ele mudou a decisão em cerca de 95% delas.
"A gente tem o menor número de chamadas no VAR e ao mesmo tempo o maior número de mudanças de decisão quando um árbitro vai à área de revisão. Ou seja, temos impactado menos no jogo, chamado menos. Mas, quando chama, as chamadas são efetivas", diz o gerente do VAR.
A visão da comissão de arbitragem é que os árbitros de campo também estão acertando mais. Depois da 14ª rodada, a CBF tinha feito uma balanço após 140 jogos. Naquela ocasião, ela tinha considerado que ocorreram sete erros graves.
Quando o árbitro erra de forma significativa, ele fica fora da escala e vai para o Programa de Assistência ao Desempenho da Arbitragem (PADA).
"O campo está mais forte conceitualmente, fisicamente, no deslocamento e consegue ver melhor a jogada", pontua Bassols.
Fonte: UOL