A credibilidade da SAF ficou em xeque com as notícias recentes sobre atrasos de alguns pagamentos. O Vasco não conseguiu quitar dentro do prazo parcelas de compra de jogadores e comissões de empresários. Também deve ao volante Andrey Santos. O plano do clube para colocar as contas em dia passa pela renegociação com os credores e a normalização do fluxo de caixa com o aporte da 777 Partners no segundo semestre.
- Esses rumores de dívidas no mercado com intermediários e com clubes é claro que atrapalha porque isso interfere na credibilidade do Vasco como marca. Uma credibilidade que a gente está mudando. Acredito que estamos mudando sim dentro desse mercado, mas que a gente ainda esbarra em problemas que são inerentes a outros clubes também - comentou o diretor esportivo Paulo Bracks em entrevista coletiva nesta semana.
- Temos pouquíssimos clubes superavitários no Brasil também, mas é óbvio que atrapalha em uma janela de contratação. Mas isso não vai impedir de fazer movimentos na próxima janela - acrescentou.
Renegociação
A primeira atitude do Vasco é o diálogo. A SAF procurou clubes como São Paulo, Corinthians, Lille, Nacional-URU e Atlético Tucumán-ARG para renegociar prazos e tentar um acordo. O receio é que os credores estrangeiros, principalmente, procurem a Fifa. Alguns empresários também ameaçam ir à Justiça - o clube pediu um tempo para acertar os pagamentos.
No caso de Andrey, o Vasco é cobrado por pouco mais de R$ 8 milhões referentes a duas parcelas da dívida pendente da venda do jogador para o Chelsea. O clube foi notificado por representantes do volante e também aposta no diálogo para contornar a situação.
A SAF atrasou ainda o pagamento de duas parcelas do Regime Centralizado de Execução, o RCE, em 2023. Agora, os pagamentos estão normalizados. Recentemente, o Vasco protocolou, na Justiça do Trabalho, um acordo feito com a comissão de credores para mudar a data limite dos depósitos mensais do RCE. O prazo passou a ser o dia 25 de cada mês - antes era dia 5.
Falta receita
Em março, o ge informou que o Conselho de Administração da SAF se reuniu para reanalisar as projeções de receitas, que na visão de alguns membros estavam baixas. Acontece que justamente a baixa arrecadação nos primeiros meses do ano atrapalharam o cumprimento dos prazos.
A precoce eliminação na segunda fase da Copa do Brasil, para o ABC, por exemplo, teve um impacto grande no orçamento, uma vez que o Vasco projetava avançar, ao menos, mais duas fases na competição. Além disso, as receitas de sócio-torcedor e de bilheteria não estão dentro do esperado, como informou o "Uol" primeiro. Isso comprometeu o fluxo de caixa.
- Vendemos um jogador na janela e tivemos uma discussão com parte dos credores do RCE que parte dessa receita deveria ir para eles. Isso travou e gerou uma segunda insegurança jurídica. Em seis meses de SAF, tivemos uma insegurança jurídica que me deu um transferban e a outra me tirou do RCE e cheguei a ter penhoras. Isso chega aos investidores - afirmou o CEO Luiz Mello durante participação no evento Jurisports, em Brasília, na última sexta-feira.
- Como eles podem fazer um investimento no Brasil se a cada hora tenho um problema jurídico diferente? São vários assuntos diferentes, mas que entram no mesmo bolso. Não tenho um fluxo normal e dependo do aporte do investidor - completou o dirigente.
A aposta do Vasco é que a situação seja normalizada no segundo semestre com novo aporte da 777 - em setembro, caem mais R$ 120 milhões nos cofres da SAF. Há também expectativa de mais receitas nos próximos meses.
Fonte: ge