Confira mais trechos da entrevista coletiva de Maurício Barbieri após Vasco 0 x 1 Bahia
Não foi uma noite de segunda-feira feliz para o Vasco. Após um bom início de partida, o time não se encontrou e foi derrotado por 1 a 0 para o Bahia, em casa, com São Januário lotado. A equipe, que vinha embalada após bons resultados, perdeu a invencibilidade no Campeonato Brasileiro e ouviu vaias no fim da partida.
Após o jogo, Maurício Barbieri citou as muitas chances criadas no primeiro tempo, mas ressaltou que faltou eficiência ao Vasco na derrota para o Bahia.
- A eficiência sempre tem um peso determinante no resultado. Criamos um bom número de boas oportunidades no primeiro jogo e não fomos eficientes. Eles tiveram uma bola no começo do jogo. No segundo tempo eles vieram com uma postura de esperar mais e fizeram um bloco mais baixo. Tentamos encontrar soluções. Até por ser uma situação nova no campeonato, o fato de estarmos atrás no resultado, ficamos ansiosos, erramos muitos passes, não tomamos boas decisões. Faltou o último passe. Conseguimos chegar ao fundo com Puma e colocar a bola na área, mas faltou concluir melhor. Não foi um jogo ruim em relação ao volume do que que criamos, jogadores imprimiram uma intensidade altíssima. Mas foi sem dúvida é um resultado ruim. Faço essa separação entre performance e resultado. O resultado foi ruim, e a performance tem pontos positivos e outros que temos que melhorar.
O treinador também justificou as mudanças durante o segundo tempo, quando trocou todos jogadores de meio de campo, e explicou que Gabriel Pec pediu para sair.
- O Pec pediu para sair. Ele disse que estava começando a sentir câimbras já. Ele pediu para sair e concordo, acho que ele estava criando bastante... O Carabajal, é um jogador de mais criação, um jogador que pensa mais o jogo, jogador que tem mais essa bola de pifar e a gente não estava conseguindo criar muito no segundo tempo. Essa foi a ideia. No momento que achei que o Alex (Teixeira) tinha perdido um pouco o ritmo, a ideia foi ele entrar no lugar do Alex. Depois, a gente passou a ter muito a bola, mas passou a faltar presença na área. Por isso, a entrada do Rwan.
- Recuei o Carabajal para que iniciasse essa construção desde trás. Ficou ele e o Rodrigo. A entrada do Rodrigo tem um pouco a ver com isso. Como eu tirei dois volantes, eu precisava ter uma segurança para dar liberdade para os outros jogadores. Essas trocas foram nesse sentido: de criar mais, achar os homens por dentro, ter mais essa última bola. São jogadores que vinham treinando muito bem. Não acho que eles conseguiram reproduzir no jogo aquilo que eles vinham apresentando nos treinamentos. Mas volto a dizer, eles jogam dentro de um contexto e foi um momento em que a equipe estava muito ansiosa, nervosa e eles entraram dentro deste contexto e não acabaram rendendo tudo aquilo que poderiam render.
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Opção por Marlon como titular
- A ideia é justamente, por estar jogando em casa, ser uma equipe mais propositiva. Criar mais. Toda vez que você opta por um jogador de mais criação, você faz uma escolha. Você não tem as duas. Ainda não tenho esse jogador perfeito que marca para caramba, que morde tudo e cria também. Então foi uma escolha. Eu alternei bastante ao longo da semana entre o Rodrigo e o Andrey. Chegou até um momento em que o Rodrigo teve um entorse. A gente até acreditou que ele não pudesse ter condições para vir para o jogo. E durante os treinamentos, o resultado foi bom. O Andrey se entende muito bem com o Marlon. Até o gol a gente estava muito bem.
Derrotas sem Rodrigo como titular
- Eu gostaria de ter um cuidado com essa narrativa que, coincidentemente, eu entendo o ponto, é verdade, é um fato, mas quando o Rodrigo não está, fica essa questão da derrota. Não acho. A gente criou bastante, criamos situações para fazer o gol. Se a gente tivesse feito, talvez a leitura fosse outra. Mas depois o Andrey tomou amarelo e, como eu disse, como eu tirei dois volantes de uma vez, aí sim o Rodrigo era esse cara que fazia essa contenção para optar por outros jogadores de criação. A ideia era ganhar mais aproximação no meio, ganhar um pouco mais de chegada na frente e acho que funcionou bem a maior parte do primeiro tempo. No segundo tempo não funcionou e, por isso, eu optei por trocar.
Dificuldade na criação pelo meio
Sobre a análise da questão da criação, eu concordo em partes. Acho que sim que precisamos melhorar nesse quesito. Mas vou lembrar vocês o segundo gol nosso contra o Palmeiras, a bola começa na mão do Léo Jardim e a gente faz a jogada até o final, terminando dentro da área e o Pec faz o gol no rebote. Foi uma jogada que a gente criou desde o começo, desde trás. Eu volto a dizer, é um ponto que a gente tende a evoluir e é um ponto mais sensível, mais delicado, demora mais tempo. Depende de outras questões do que só organização. Depende de criatividade, outras coisas. Mas volto a dizer, mesmo assim, hoje a gente criou um bom número de oportunidades pelo menos para que o placar fosse outro.
- Faltou a gente ser mais eficiente. A gente conseguiu roubar muitas bolas pressionando eles lá na frente. Faltou definir melhor. Conseguiu explorar o espaço nas costas da defesa. No segundo tempo a gente cedeu um pouquinho a ansiedade, quis acelerar demais e acabou cometendo muitos erros, tanto é que no segundo tempo eles tiveram muito mais situações de contra-ataque, de perigo, o Léo Jardim fez boas defesas porque erramos bastante por querer acelerar demais.
Andrey e Marlon no Mundial sub-20
- Eu estou ciente da saída do Andrey e do Marlon. Saída não. Dessa ausência para seleção e a gente tem as opções. O Rodrigo mesmo é uma opção. O Carabajal, o Barros, que já entrou em outros momentos. Mas é muito longe eu pensar lá na frente nesse momento agora. O foco agora é no próximo jogo, o Fluminense. É um clássico, é um jogo importante para a gente pontuar, para buscarmos esses pontos que perdemos em casa. A ideia é estudar melhor o Fluminense e fazer as escolhas pensando nesse jogo.
Avaliação do início no Brasileiro
- Em relação ao desempenho do Vasco nesses três jogos, está dentro daquilo que conversamos antes de começar o campeonato. A ideia é que no primeiro momento a gente fosse uma equipe competitiva, com intensidade. Fizemos isso nos três jogos. Pelo que produzimos hoje, merecíamos outro resultado. É uma caminhada difícil, campeonato muito equilibrado. Temos que ter a cabeça fria. E vamos ao clássico para fazer o que a gente vem se propondo a fazer, que é ser competitivo e buscar o resultado.
Clássico contra o Fluminense
- Esperamos um grande jogo. O Fluminense vem de uma derrota para o Fortaleza, mas até esse último jogo talvez fosse a melhor equipe em atividade no Brasil. Jogo muito complicado, difícil, eles têm uma maneira muito singular e particular de jogar. Mas a ideia e estuda-los e neutralizá-los para fazermos um grande jogo.
Arbitragem
- Eu acho importante tocar nessa questão. O meu cartão, como foi o cartão do Abel na primeira rodada, foi um recado. Eu sei quem mandou o recado. E hoje também foi uma situação que eu não entendo. Porque foi um lance em que eu abri os braços, o Flávio estava de costas, do outro lado do campo. Aí eu pergunto a você: como é que o Flávio do outro lado do campo, de costas, sabe para quem que eu abri os braços? Ou eu não posso abrir os braços para o meu jogador?
- Um outro ponto é: a gente vai ganhando do Atlético-MG, fora de casa, sete minutos de acréscimos no primeiro tempo. A gente vai ganhando do Palmeiras em casa e sete minutos de acréscimos no primeiro tempo. A gente está perdendo em casa e três minutos (de acréscimos). Acho que foi o único jogo de todos que eu vi no campeonato que deram três minutos no primeiro tempo. Eu consigo entender a atuação da arbitragem desde que tenha critério. Se deram sete e sete, no mínimo cinco. Por que três hoje? Quando a gente questiona, a gente passa a ser o problema. Isso que está incomodando. Está se criando uma narrativa que o problema da arbitragem brasileira é o treinador. O resto não. Eles não erram, eles não cometem equívocos, os critérios são sempre perfeitos. (...)
Dificuldade contra equipes fechadas
- Teve outros momentos na temporada em que a gente pegou equipes em um bloco mais baixo e a gente construiu e fez o resultado. A maioria delas foi no campeonato estadual contra equipes de um nível diferente. Mas enfrentamos equipes mais reativas em bloco baixo em outros momentos e a gente conseguiu boas performances e bons resultados. O Vasco nesse momento está procurando a sabedoria de entender qual é a roupa que vai vestir em função do adversário, em função do jogo que vai enfrentar. Temos feito isso na maior parte do tempo bem. Em alguns jogos que precisa ter uma postura mais cautelosa, fechar mais espaços me função da qualidade e dinâmicas do adversário, a gente tem adotado essa postura. Em outros jogos que a gente entende que teremos mais espaços e precisamos ser mais propositivos, temos procurado adotar essa postura. Não existe uma única forma de vencer nem de atuar. Estamos buscando criar variações porque o campeonato vai exigir isso.
Fonte: ge