Vasco publica detalhes da relação de São Januário com o Dia do Trabalhador
Segunda-feira, 01/05/2023 - 14:27
Neste 1.º de maio, em que comemoramos mais um Dia do Trabalhador, em especial, quando completam-se 80 anos da Consolidação das Leis do Trabalho, que garantiu direitos importantes para os trabalhadores brasileiros, recordamos o simbolismo do estádio vascaíno para as massas trabalhadoras de nosso país.

O estádio foi construído a partir de uma união popular após o Clube ser desafiado pelas elites da época, e tornou-se um local a partir do qual é possível contar uma parte importante da história política do Brasil.



Inaugurado em 1927, São Januário é um lugar de memória que simboliza os avanços dos direitos dos trabalhadores brasileiros nas décadas de 40 e 50 do século XX. Além disso, o estádio vascaíno representa um período no qual políticos, de variadas correntes ideológicas, buscaram utilizar elementos do esporte como ferramenta de aproximação com as massas e de difusão de suas ideologias.

Os agentes da política nacional procuraram mobilizar o capital simbólico que os estádios possuíam para se aproximarem das camadas populares, que tinham no esporte um dos seus principais elementos de lazer.



Marcadamente, foi através de Getúlio Vargas que o templo vascaíno foi mais utilizado para as manifestações cívicas, principalmente, no Dia do Trabalhador. Vargas adotou São Januário como o seu principal palco de ligação com os trabalhadores do Brasil, estando presente em cinco oportunidades nas comemorações de 1.º de maio (1940, 1941, 1945, 1951 e 1952). O estádio vascaíno ficava lotado, contando com pessoas que vinham de todos os cantos da cidade do Rio de Janeiro, até de outras cidades fluminenses e locais do Brasil.

As linhas de ônibus e bondes davam gratuidade para os passageiros e não havia cobrança para a entrada no estádio. Isso garantia maior facilidade e incentivo para as massas fluírem em direção a São Januário.



Na condição de presidente da República, Getúlio adentrava o Estádio São Januário e em carro aberto desfilava pela pista de atletismo que contornava o gramado vascaíno. Geralmente, estava acompanhado do Ministro do Trabalho e de outros membros do seu governo.

O Hino Nacional ecoava pelo templo vascaíno. O presidente e outras autoridades, a partir da Tribuna de Honra, realizavam discursos. Toda a cerimônia de grande simbolismo era transmitida para vários cantos do Brasil e com traduções para outras línguas e irradiada até para outros países.

São Januário foi o local escolhido por Vargas para assinar leis que beneficiavam os trabalhadores brasileiros. Assim, por exemplo, em 1.º de maio de 1940, assinou o decreto-lei que criava o salário mínimo e no ano seguinte, no Dia do Trabalhador, instaurou oficialmente o funcionamento da Justiça do Trabalho.



Além de Vargas, outros políticos também procuraram utilizar o maior palco do esporte do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, para conectar a sua imagem a um local de raiz popular que simbolizava o espaço de lazer das massas.

O Presidente Washington Luís chegou a ensaiar o uso do estádio no final da década de 20.

O líder comunista Luís Carlos Prestes se candidatou ao senado pelo PCB (Partido Comunista do Brasil) e, em discurso histórico, realizado no dia 23 de maio de 1945, no Estádio de São Januário, que contou com a presença de mais de 100 mil pessoas, comemorou a anistia, que considerava uma grande conquista de todos os brasileiros que lutaram contra o nazismo.

No comício, o líder comunista pediu unidade nacional e convergência entre as classes.

Mesmo com a existência do Maracanã, que conseguia à época comportar até 200 mil pessoas, o presidente Juscelino Kubitschek optou por participar das comemorações do Dia do Trabalhador no Estádio de São Januário, nos anos de 1956 e 1957.



O Estádio de São Januário foi erguido na sequência da luta do Club de Regatas Vasco da Gama por um futebol democrático e inclusivo, uma demonstração incontestável da força desse colosso do esporte mundial.

O estádio vascaíno é uma obra monumental, que, assim como a "Resposta Histórica", materializa a alma do Vasco da Gama que desafiou seus rivais ao ficar ao lado dos seus atletas, enfrentando o racismo, o preconceito social e a xenofobia.

São Januário foi a resposta definitiva dos vascaínos aos poderosos da época. Sua construção acabou por demolir a estrutura racista e preconceituosa que dominava o futebol.

A realização desse grande feito, um marco para o esporte do Brasil, não seria possível sem a união da imensa colônia portuguesa do Rio de Janeiro com os milhares de brasileiros que passaram a admirar e seguir o C.R. Vasco da Gama.

Através de sua história de construção como fruto do enfrentamento a preconceitos e de demonstração da força da torcida vascaína, e da sua utilização ao longo do tempo como palco de grandes manifestações populares e marcos importantes para o país, a "casa vascaína" escapou da serventia tradicional de arena esportiva e se colocou no decorrer de sua gloriosa existência como parte da história do Brasil, tornando-se um verdadeiro patrimônio nacional.

Destacamos abaixo as oportunidades nas quais São Januário foi utilizado para as comemorações do Dia do Trabalhador e também outros eventos envolvendo agentes da política nacional.

01/05/1940 – Discurso proferido pelo presidente da República, Getúlio Vargas, por ocasião do Dia do Trabalhador. Nesse evento houve a instituição do salário mínimo pelo Decreto-Lei nº 2.162, de 1º de Maio de 1940.



01/05/1941 – Discurso proferido pelo Presidente da República, Getúlio Vargas, por ocasião do Dia do Trabalhador. Neste evento houve a instalação oficial da Justiça do Trabalho no Brasil. Em 1941, realizou-se a inauguração e o real funcionamento da Justiça do Trabalho no Brasil, estruturada pelo Decreto-Lei nº 1.237/1939.



01/05/1942 – Discurso proferido pelo Ministro do Trabalho, Marcondes Filho, em nome do Presidente Getúlio Vargas, por ocasião do Dia do Trabalhador. O presidente Getúlio Vargas, que estava a caminho do estádio, sofreu um acidente na Serra de Petrópolis e não pode comparecer às comemorações.



01/05/1945 – Discurso proferido pelo Presidente da República, Getúlio Vargas, por ocasião do Dia do Trabalhador.



23/05/1945 – Comício de Luís Carlos Prestes.



12/08/1950 – Comício de Getúlio Vargas, candidato à Presidência da República.



01/05/1951 – Discurso proferido pelo presidente da República, Getúlio Vargas, por ocasião do Dia do Trabalhador.



01/05/1952 – Discurso proferido pelo presidente da República, Getúlio Vargas, por ocasião do Dia do Trabalhador.



01/05/1956 – Discursos proferidos pelo Presidente da República, Juscelino Kubitschek, e pelo Vice-Presidente da República, João Goulart, por ocasião do Dia do Trabalhador.



01/05/1957 – Discursos proferidos pelo Presidente da República, Juscelino Kubitschek, e pelo Vice-Presidente da República, João Goulart, por ocasião do Dia do Trabalhador.



Fonte: Site oficial do Vasco