Barbieri: 'Não é segredo que não conseguimos fazer um grande jogo e criar como costumamos criar'
Sexta-feira, 17/03/2023 - 00:48
O Vasco está eliminado na Copa do Brasil após empatar em São Januário com o ABC e ser derrotado na disputa por pênaltis. Em uma noite em que nada deu certo, e o time teve uma de suas piores atuações no ano. Após a partida, o técnico Maurício Barbieri reconheceu que o desempenho foi ruim, citou o desgaste por conta da sequência de jogos decisivos como um agravante e defendeu o atacante Pedro Raul, que desperdiçou mais um pênalti com a camisa pelo clube e foi xingado.

- O que eu consigo é apontar fatores que contribuíram para esse resultado decepcionante para o torcedor e para nós, que estamos frustrados, sem dúvida. Não é segredo que não conseguimos fazer um grande jogo e criar como costumamos criar. Mérito do adversário que conseguiu diminuir os espaços. Tentamos, mas não conseguimos. Estamos vindo de uma sequência de decisões. O primeiro contra o Flamengo a gente precisava ganhar, depois o Bangu, de novo o Flamengo e agora o ABC. Sem dúvida isso contribuiu para o desgaste.

Barbieri também falou sobre Pedro Raul, que desperdiçou sua terceira cobrança de pênalti seguida pelo Vasco e foi vaiado e xingado na saída de campo. Ele teve a chance de fechar a série, mas chutou por cima do gol e viu o ABC eliminar o Vasco na Copa do Brasil.

- Sempre treinamos as penalidades em véspera de jogo e avaliamos quem bate melhorar. Até por isso colocamos outros jogadores na frente. Se o Pedro não fosse o quinto, talvez pela hierarquia, colocaríamos o Léo. Não gosto de pensar se deveria ter sido esse ou aquele, porque avaliaria pelo que aconteceu.

- O Pedro é um camisa 9, acostumado a fazer gol. Fizemos um levantamento do aproveitamento não só de pênaltis, mas de quem bateu em decisões e acertou. O Pedro é um desses. Assim como o Miranda, que é um bom batedor, como Nenê, Puma. Infelizmente ele perdeu. É um momento difícil para nós e para ele. Ele é um jogador muito importante para gente. É o momento de nos fortalecermos e dar força para ele. Mesmo não fazendo um bom jogo, buscamos o resultado. Isso traz um elemento de injustiça, porque procuramos atacar, mesmo que não seja da melhor maneira. A vida é assim. As injustiças vão acontecer e os sentimentos vão aparecer. O mais importante é como vamos reagir a isso. Temos dois dias para se recuperar, levantar a cabeça e dar a volta por cima em outro jogo importante para a gente - disse o treinador.

O treinador também ressaltou que o time ainda está em formação e citou jogadores que entraram no time há poucos jogos. - Continuamos nesse processo de construção. O Andrey estreou há uma semana, o Capasso também, o Marlon Gomes voltou de lesão, o Luca Orellano está voltando. São situações que não são ideais, mas temos que usar esse jogadores. Mas nossa expectativa como grupo era maior e saímos decepcionados - concluiu.

O Vasco volta a campo contra o Flamengo no domingo (19), às 18h, em São Januário, pelo segundo jogo da semifinal do Campeonato Carioca. O Rubro-Negro venceu a última partida por 3 a 2. Para avançar à final, o Vasco precisa de uma vitória simples, por ter feito a melhor campanha na Taça Guanabara.

Outros trechos

Decisão contra o Flamengo

- A gente chega precisando do mesmo resultado. Ele traz um preso, mas envolve a maturidade como equipe para virar a chave. Não podemos fazer mais nada sobre o que aconteceu aqui. Acho que no último jogo fizemos um jogo equilibrado, a ideia é equilibrar novamente, dar menos oportunidades para eles. Agora é virar a chave, a temporada é assim. Infelizmente a gente não controla. Temos que nos preparar.

Dificuldade para criar e finalizar

- A gente vinha se caracterizando por ser uma equipe intensa e agressiva, mas é difícil ser assim quando temos pouco espaço, como foi o caso do ABC. A gente finalizou dentro da área, falei que era importante fazer isso de fora, acho que o Erick Marcus fez isso. Faltou a gente conseguir chegar com mais gente. Não estávamos conseguindo chegar nas bolas cruzadas. Em alguns momentos, a área ficou vazia. A gente não conseguiu imprimir essa dinâmica de rebotes. A ideia do Marlon era utilizar algum corredor que tem o drible, essa dinâmica, que sabe flutuar por dentro se for necessário, mas era o primeiro jogo dele. Tentamos utilizar Erick e Orellano. O drible era uma arma importante, mas a gente não conseguiu fazer isso da melhor maneira

Clima em São Januário

- O que eu posso te dizer é que tudo aquilo que enfatizamos é o que a gente sente: quando o estádio está cheio e a torcida está do nosso lado, somos muito mais fortes. Quando isso não acontece, falta alguma coisa, mas não atribuo o resultado a isso. É um grupo que se doa bastante, sei que, nesse momento, as pessoas não querem ouvir isso. Poderia ser um contexto diferente, mas não podemos depender disso. Hoje não conseguimos imprimir o melhor jogo. É um objetivo que cai, não é o fim da temporada. Não tem outro caminho, agora é rever, fazer os ajustes e melhorar. Não tem outro caminho.

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O quanto interfere a eliminação?

- Como clube, nunca escondemos que a prioridade é o Brasileiro. Procuramos chegar da melhor fora. A Copa do Brasil, justamente por ser eliminatória e ter menos jogos, precisávamos estar bem nesses momentos. Hoje não estivemos. Não acho que impacta no Brasileiro, mas é uma frustração que a gente fica e temos que usar como aprendizado. Utilizar o jogo para desenvolver questões que precisamos, imprimir dinâmicas diferentes, achar mais espaços. Faz parte de um processo de evolução do time.

Desempenho do Andrey

- Estou satisfeito, sim. Tem sido levantada uma polêmica sobre isso e eu não entendo. Não entendo como ele pode ser convocado para a Seleção Brasileira principal e não pode jogar no Vasco. Ele é um menino de 19 anos, mesmo fazendo tudo o que ele fez. Mesmo sendo vendido pelo Chelsea por esse valor. Ele é um menino que precisa jogar, desenvolver e em alguns momentos vai oscilar. Não acho que ele fez um jogo ruim hoje ou no jogo anterior. É um jogador que tem jogos, que acha passes. Não entendo o questionamento em relação ao Andrey, sinceramente. O Rodrigo vinha bem, mas para eu botar os dois alguém tem que sair. É um menino fantástico, vai melhorar, crescer e espero que ajude a gente nessa sequência.

Inatividade em caso de derrota para o Flamengo

- Acho que tem duas situações: a primeira envolve a possibilidade de disputar uma final. Essa experiência ajuda a fortalecer uma equipe em desenvolvimento. Para o Vasco ganhar com consistência, precisa chegar às decisões com consistência. Tivemos uma dificuldade natural da primeira fase, viajamos com boa parte de um grupo que nem está mais aqui. Se considerarmos essa circunstância, talvez a gente tivesse sido campeão da Taça Guanabara. Em um momento, a classificação estava em risco, mas a gente classificou.

- A partir do momento que a gente está aqui, o desejo é chegar na final, porque isso fortalece o desenvolvimento. Ficar um mês sem jogar é ruim por essas questões. Agora a gente tem que jogar, não posso falar sobre isso antes. A ideia é virar a chave, se preparar da melhor maneira e, se chegarmos à final ganhamos experiência, mais dois jogos e a possibilidade de crescer como equipe. Se não acontecer, não é o que queremos, mas teremos que trabalhar da melhor maneira e se fortalecer como equipe para o Brasileiro.

Pênalti perdido por Orellano

- O Orellano bateu bem no treinamento. É difícil responder esse questionamento. O Pedro se mostrou apto a bater o quinto. Infelizmente ele errou e não tenho como voltar atrás sobre isso.


Relação com a torcida

- O torcedor tem essa dinâmica, em um dia te leva no céu e no outro dia... porque a relação dele é emoção, ele externaliza o que está sentido. Isso é natural do ser humano. Você tenta achar um culpado. Não me sinto bem com isso, mas isso faz parte da profissão. É algo pouco discutido, isso é algo que temos que ter cuidado com os jogadores jovens, algumas pessoas acabam entrando em uma roda negativa. Não tenho expectativa de que isso poderia ser diferente, infelizmente. A gente entende a chateação do torcedor, porque ele está trazendo um histórico de muitos anos de dificuldade do Vasco. Essa eliminação pertence à nós, não tenho como fugir dela, mas essa indignação vem de um histórico. Hoje a gente foi ansioso demais, mas nem eu nem ninguém conseguimos dar experiência, só informação. Precisamos passar pelo momento para nos desenvolvermos.

Mais sobre Pedro Raul

Não posso desvincular o rendimento do Pedro Raul do rendimento da equipe. Não seria justo da minha parte. O time todo oscilou, e é natural que o Pedro Oscile. às vezes fica complicado para um centroavante jogar contra três adversários dentro da área. E eu pedir para ele sair da área não vai adiantar muito, não é da característica dele. Por isso que pedi para que nós chegássemos mais como equipe. Acho que hoje ele, assim como a equipe, não teve um bom desempenho. Mas tem todo um contexto.



Fonte: ge