Vasco publica detalhes da campanha do título do Sul-Americano de 1948
Terça-feira, 14/03/2023 - 17:20
C.R. Vasco da Gama @crvasco_br
Hoje, comemoramos 75 anos da conquista invicta do Campeonato Sul-Americano de Campeões. No dia 14 de março de 1948, o Club de Regatas Vasco da Gama se tornou o primeiro clube campeão continental de futebol do mundo.



A competição reuniu clubes de sete diferentes países da América do Sul: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Equador, Peru e Uruguai. As agremiações selecionadas foram legitimadas como os representantes nacionais de cada território.



No pós-Segunda Guerra Mundial, o Chile procurava se inserir melhor no cenário internacional. A cidade-sede da inédita competição sul-americana foi a capital e a maior metrópole chilena, Santiago, situada ao lado das Cordilheiras dos Andes.



Todos os jogos do torneio ocorreram no Estádio Nacional. Inaugurado em 1938, essa arena esportiva é a mais importante do país andino. Para além do esporte, o local serviu de cenário de fatos políticos e sociais que marcaram a história chilena no decorrer do século XX.



O organizador do campeonato foi o Colo-Colo, do Chile, com atuação destacada de seu mandatário, Robinson Alvarez Marín.



A Confederación Sudamericana de Fútbol (CONMEBOL) também se fez presente, atuando como co-organizadora, através do seu presidente, o chileno Luis Valenzuela. Naquela época, a FIFA, a CONMEBOL e a UEFA se dedicavam exclusivamente à organização de jogos e competições de seleções.



O campeonato tinha um modelo prático e bastante objetivo: os sete clubes se enfrentariam entre si em turno único e aquele que somasse mais pontos seria o campeão. O formato de pontos corridos era largamente utilizado em competições de clubes pelo mundo naquele período.
Clubes:



VASCO–Campeão Carioca de 1947
COLO-COLO-Campeão chileno de 1947
RIVER PLATE-Campeão argentino de 1947
NACIONAL-Campeão uruguaio de 1947
EMELEC-Campeão de Guayas de 1946 (EQU)
LITORAL-Campeão de La Paz em 1947 (BOL)
MUNICIPAL - Vice-Campeão peruano de 1947



No dia 14 de fevereiro de 1948 (sábado), o Expresso da Vitória iniciou a sua caminhada rumo ao topo da América. O Gigante venceu por 2 a 1. Lelé anotou os gols vascaínos. A equipe cruzmaltina conquistou o troféu 'Parque Rosedal – Tortillero", como melhor em campo.



O segundo jogo foi contra o Nacional, bicampeão uruguaio (1946/1947). Realizada no dia 18 de fevereiro, a peleja despertou grande interesse do público e da imprensa. Era o primeiro clássico da competição. Os uruguaios sambaram nas mãos do Expresso da Vitória: 4 a 1 para o Vasco



A partir daquele momento, o Vasco passou a ser enxergado como um dos favoritos da competição, ao lado dos já prediletos River Plate e o próprio Nacional. A agremiação vascaína conquistou o troféu "Estabelecimientos Oriente", como melhor equipe da partida.



No 2.º tempo, Ademir foi vítima de uma entrada violenta de Raul Pini. O ídolo vascaíno não seguiria mais atuando na competição. No jogo, o craque foi substituído pelo jovem Ismael, que seria peça importante para o restante do Sul-Americano.



No dia 25 de fevereiro, o Expresso da Vitória não aliviou o representante peruano e atropelou o Municipal por 4 a 0. Destaque para Friaça, Lelé e Ismael. Como melhor em campo, os vascaínos levaram para São Januário o troféu "Malteria Continental".



A campanha vascaína no Sul-Americano trazia dores de cabeça para os organizadores. Os resultados positivos do time poderiam antecipar o desfecho do campeonato e esvaziá-lo. A solução: transferir o jogo do Vasco contra o River Plate, do dia 03 de março para o dia 14.



Isso desagradou a Conf. Bras. de Desportos (CBD), pois vários jogadores iriam para a Seleção Brasileira, que disputaria a Copa Rio Branco. Luis Valenzuela, presidente da CONMEBOL, interveio e conseguiu a autorização para que a equipe vascaína continuasse em Santiago.



No dia 29 de fevereiro, o Vasco venceu o Emelec por 1 a 0. A agremiação vascaína alcançou a quarta vitória, em quatro jogos disputados. O gol de Ismael decretou a derrota dos equatorianos. Os vascaínos levaram para São Januário o troféu "Musalem Hermanos".



No dia 07 de março, o Gigante enfrentou o Colo-Colo. O empate em 1 a 1 contra os 'donos da casa', que atuaram com jogo violento e a arbitragem a favor, foi um bom resultado. Melhor na partida, e a um ponto do título, o Vasco conquistou o troféu "Café Casa do Brasil – La Doma".



Na competição continental, além das partidas difíceis e do desgaste físico, os jogadores e a comissão técnica sofreram com o racismo de parte da imprensa local. Uma charge e os comentários publicados na revista Estadio atacavam o massagista vascaíno Mário Américo.



Contra todas as adversidades, o Vasco seguia imparável. O último desafio não seria fácil. O Expresso da Vitória teria pela frente uma das maiores equipes da história do futebol argentino: a "La Máquina", do River Plate.



No dia 14 de março, o Vasco jogou com toda a sua garra e técnica. O goleiro Barbosa teve grande atuação. O ataque vascaíno amedrontou os rivais. Um gol legítimo de Chico foi mal anulado pelo árbitro uruguaio. No fim, mesmo com o empate em 0 a 0, a América do Sul era vascaína.



O Gigante conquistou o troféu "Presidente Juan Perón", como melhor em campo, e a "Taça América del Sur", por ter sido o "Club Campeón de Sudamérica". Barbosa, como melhor defesa/goleiro, ganhou o troféu "Band & Salas". O Expresso trouxe para o Brasil todos os troféus possíveis.



O público presente no Estádio Nacional saudou os vitoriosos vascaínos. A maior festa ocorreu no Brasil. A recepção da delegação do Vasco no Rio de Janeiro uniu os torcedores cruzmaltinos, a imprensa e os adversários. Todos parabenizavam 'OS CAMPEÕES DO CONTINENTE'!!!



A ideia de se ter um torneio que definisse um campeão continental se materializou com o '1.º Campeonato Sudamericano de Campeones', que serviu como a principal inspiração para o surgimento das atuais Champions League (1955) e da Copa Libertadores (1960).

Em 1996, o Vasco reivindicou a sua participação na Supercopa dos Campeões da Libertadores. Era um torneio somente entre aqueles que já haviam conquistado a Libertadores da América. O Comitê Executivo da CONMEBOL reconheceu a verdade histórica e permitiu que o Vasco participasse.



Assim, ficou reafirmada a verdade histórica de que o Campeonato Sul-Americano de 1948 foi uma competição continental precursora da atual Libertadores, de mesmo patamar e objetivo: definir o Campeão da América do Sul.



Fonte: Twitter oficial do Vasco