Presidente da CBF espera que clubes abram capital na bolsa para que torcedores relizem investimentos
O Presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, participa, dia 11, do XVII Seminário de Gestão de Esporte da FGV, com o apoio do IDP, e que faz parte do Programa FGV/FIFA/CIES em Gestão de Esporte, coordenado pelo advogado Pedro Trengrouse. Na abertura, o presidente falará sobre a inserção de clubes no mercado de capitais: "é a chance para torcedores investirem no futebol".
Sobre o assunto, Ednaldo Rodrigues troca dois dedos de prosa com a coluna.
O senhor acredita que a entrada dos clubes no mercado de capitais pode acelerar esse processo de melhorias nos padrões de gestão e governança de todo ecossistema do futebol brasileiro?
Sem dúvida! A abertura de capital de um clube é um compromisso estratégico que requer visão de longo prazo e traz consigo exigências significativas de transparência e controle, bem como padrões elevados de gestão e governança corporativa, que influenciam positivamente todo o ecossistema. Além disso, o volume de recursos circulando na economia do futebol brasileiro tende a aumentar pois clubes de capital aberto terão acesso a novas fontes de capital para ampliar possibilidades de desenvolvimento e de competição no mercado global. A CBF, as Federações Estaduais e os Clubes têm consciência de que o futebol tem o potencial e a responsabilidade de ser um instrumento para uma cultura de paz na sociedade e, ao mesmo tempo, uma ferramenta de promoção do desenvolvimento humano, econômico e social. Em março de 2022, um Manifesto foi assinado por todos os Clubes e Federações, em conjunto com a CBF, reafirmando o compromisso de trabalho constante, inovação permanente e empreendedorismo incessante em prol do futebol brasileiro, com amplo diálogo, fortalecendo-o cada vez mais diante dos desafios e oportunidades que se apresentam nesse século XXI, construindo a unidade, valorizando e respeitando as diferenças, para que o futebol tenha condições de gerar ainda mais emprego e renda no país e possa ser referência de boas práticas para toda sociedade.
A maioria dos clubes brasileiros que se estruturaram como empresas na Serie A tem investidores estrangeiros (RedBull, da Áustria, no Bragantino; 777, dos Estados Unidos, no Vasco; John Textor, também dos Estados Unidos, no Botafogo e o Grupo City, de Abu Dhabi, no Bahia). A oferta de ações dos clubes brasileiros na bolsa de valores seria uma oportunidade para acelerar a captação também de investimentos nacionais?
Sim. A abertura de capital representa uma mudança cultural importante, trazendo mais credibilidade e segurança para os investidores brasileiros, que nunca tiveram a oportunidade de investir em futebol. Os clubes terão acesso aos investidores que já operam na bolsa de valores brasileira, que superou recentemente a marca de cinco milhões de CPFs cadastrados e pode aumentar muito mais esse número com a mobilização dos torcedores, que terão mais uma oportunidade de engajamento direto com seus clubes, inclusive através de outras formas de investimento, como a criação de fundos, emissão de debêntures etc. Agora, é bom que se diga: investidores estrangeiros dobraram os investimentos no setor produtivo brasileiro em 2022, com o maior valor dos últimos 10 anos, 95% superior ao apurado em 2021. No futebol não poderia ser diferente e o investimento internacional deve continuar sendo muito relevante por pelo menos quatro razões: o Brasil é o maior exportador de jogadores do mundo, referência na matéria prima; a cultura de investimento no futebol ainda é muito mais desenvolvida no exterior; o câmbio está extremamente favorável para investidores estrangeiros; e muitos clubes passam por um momento de transição para reequilibrar suas condições econômicas.
Fonte: Blog do Ancelmo Gois - O Globo