Donos das SAFs de Vasco e Botafogo têm estilos diferentes
Quinta-feira, 16/02/2023 - 08:36
O primeiro clássico entre Botafogo e Vasco na era das SAFs terá pelo menos dois espectadores importantes em Miami, nos Estados Unidos: John Textor e Josh Wander. Os dois são os donos das empresas que jogarão no Maracanã.

O sol da Flórida tem efeitos diferentes sobre eles. Textor passa uma certa latinidade, é extravagante, gostar de estar sob os holofotes. Às vésperas de completar um ano de Botafogo, já foi visto em festas no Rio, distribui entrevistas para influencers e rebate críticas nas redes sociais no melhor estilo de quem não foge de uma discussão em público.

Já Wander é mais silencioso. São poucas entrevistas concedidas, praticamente nenhuma interação no Twitter ou no Instagram. Remete ao ensolarado estado americano por não abrir mão de um acessório necessário para os dias mais quentes: o boné. Nem mesmo quando veste terno e gravata, ou quando visita a mais nova aquisição da empresa em que é sócio-fundador, a 777 Partners. Foi assim pelo menos com o Vasco.

Os dois desembarcaram no Rio com promessas iguais: trazer dinheiro para duas camisas pesadas, mas em baixa, e fazer com que Botafogo e Vasco voltem aos dias de glória esportivas.

Cerca de R$ 73 milhões já foram investidos na contratação de reforços para o alvinegro. Na equipe da Colina, esse valor é de R$ 108 milhões. Isso sem contar nos investimentos em infraestrutura nas duas equipes.

Mas as formas como conduzem o negócio reforçam as diferenças entre eles.

Textor é mais centralizador. O americano participa mais diretamente de uma série de decisões referentes ao futebol. Um exemplo disso foi o fato dele próprio ter conduzido a ida de Jeffinho para o Lyon, da França.

organograma

Outro caso foi a vinda dele ao Rio na tentativa de convencer o volante João Gomes a se transferir para o time francês, que também faz parte de sua rede de clubes, e não para o Wolverhampton. Ele esteve no CT do Ninho do Urubu para conversar com o então jogador do Flamengo.

Algo semelhante é impossível de acontecer com Josh Wander. O cabeça da 777 Partners criou um braço da empresa, o 777 Football Group, para gerir as equipes. O organograma é complexo, com diferentes diretores responsáveis por decisões de rotina, como a venda e compra de um jogador. Questões como essa não passam por Wander.

O americano prefere tratar de assuntos mais globais referentes ao Vasco, como a formação de uma liga de clubes brasileiros, possível de acontecer nos próximos anos. Neste caso, já esteve em contato com Textor. Ambos são defensores da ideia.

Outra pauta abordada foi a questão da gestão do Maracanã. Textor não tem interesse de entrar nessa briga, que já conta com Flamengo e Fluminense, e resta a 777, na pessoa do diretor Juan Arciniegas, conversar com o governo do Rio sobre o processo de licitação.

Em comum entre eles, o interesse recente no "soccer". E o crescimento de suas redes de clubes para além das aquisições de Botafogo e Vasco. Desde que assumiu o futebol do alvinegro, Textor comprou também o Molenbeek, da Bélgica, e o Lyon. Já tentou adquirir, sem sucesso, o Benfica, de Portugal.

Wander também lida com uma aquisição frustrada, a do Sevilla-ESP. A 777 Partners comprou parte minoritária das ações e quando avançou para ter a maioria, foi freado pelos acionistas espanhóis. Antes do Vasco, comprou o Genoa-ITA. Depois, acelerou as aquisições, assumindo o Standard Liége-BEL, o Red Star-FRA e o Melbourne Victory-AUS. Atualmente, está em processo de compra do Hertha Berlin-ALE.



Fonte: Extra