A definição do vencedor da disputa pela gestão do Maracanã gira em torno de um ponto específico do edital de licitação que o governo do estado do Rio publicará, de acordo com o secretário da Casa Civil, Nicola Miccione, até junho. Existe uma queda de braço a respeito do peso que o cumprimento da quantidade mínima de jogos no Maracanã por ano terá na pontuação geral da candidatura.

De um lado, o governo estadual, que acredita que o critério será importante para garantir que a proposta vencedora mantenha o Maracanã voltado primordialmente para o recebimento de partidas de futebol. Do outro, o Tribunal de Contas do Estado, que indicou que, entre as mudanças a serem feitas no edital, está a diminuição do peso da quantidade mínima de jogos.

Em entrevista ao GLOBO, Miccione afirmou que o Executivo deve ceder e baixar o peso do critério, mas que isso será negociado porque uma redução grande não vai de encontro com o que o governo vislumbra para o estádio.

- O TCE solicitou que a pontuação diminua, mas não baixaremos muito, se não abre brecha para o Maracanã virar casa de shows - explicou.

O que interessa aos concorrentes

Para o Vasco, a mudança sugerida pelo tribunal estimula a concorrência dentro da licitação. As primeiras conversas a respeito do novo edital de licitação do Maracanã, ainda em 2021, traziam o número mínimo de partidas no estádio como um critério condicionante para alguém se candidatar.

Posteriormente, ficou acertado de que seria um dos pontos a serem avaliados nas propostas apresentadas, mas não excludente. O cruz-maltino sabe que não é capaz de atingir o número mínimo de jogos exigido no edital e já não conta com essa pontuação.

A esperança do consórcio "Maracanã para Todos", formado pelo Vasco e pelas empresas WTorre e Legends, de vencer a disputa reside nos outros quesitos que vão gerar pontuação, como a experiência na gestão de estádios e arenas multiuso, e no valor da outorga a ser paga ao governo estadual. Se o peso do número de jogos mínimo diminuir, melhor.

Já o consórcio formado por Flamengo e Fluminense aposta no fato de os dois times juntos serem capazes de cumprir o quesito e garantir um mínimo de 70 partidas no estádio, 54 de competições de primeira divisão e internacionais. Os clubes mantêm discurso semelhante ao do governo estadual, enfatizando que o Maracanã deve estar voltado para o futebol.

Pesos da parte técnica e da oferta de outorga

Outro dado que torna a pontuação para o número de jogos mínimo no Maracanã importante para o resultado da licitação é o cálculo definido no edital para a nota final das propostas. Ela é resultado da soma da nota da proposta técnica multiplicado por 0,6 com a nota da proposta de preço multiplicado por 0,4. Em outras palavras, a nota da proposta técnica tem peso maior.

Isso significa que, quanto mais pontos forem atribuídos à quantidade mínima de jogos por ano, maior será a sua importância não apenas na nota da proposta técnica, como também na nota final.



Fonte: O Globo