Professor fala sobre aposta que resultou em turma inteira ir fazer prova com camisa do Vasco
A reta final da temporada foi recheada de tensão para os vascaínos, que tiveram a calculadora a tiracolo na corrida pelo acesso ao Brasileirão. Em meio à aflição, alguns fizeram promessas e apostas. No caso do professor Rafael Viola, o resultado foi toda uma turma de alunos vestida com a camisa do Vasco.
Torcedor inveterado do clube de São Januário, ele, que leciona em uma faculdade de Direito que fica no Centro do Rio de Janeiro, fez uma brincadeira com os alunos.
"Temos uma relação muito boa, que ultrapassa o fato de apenas transmitir o conteúdo. É uma turma muito querida. Como sou muito vascaíno, sempre tocávamos, de alguma forma, no assunto futebol. Uma parcela da turma dizia que não ia subir, ficava aquela zoação. Falei para eles: se subir, todos vão ter de vir com a camisa do Vasco para a segunda prova, sem exceção.", contou o professor ao UOL Esporte.
A equipe então comandada por Jorginho venceu o Ituano na última rodada da Série B e carimbou o passaporte para a primeira divisão. Aí foi a vez de os alunos fazerem a parte deles.
"Subiu, eles se organizaram e fizeram essa surpresa. Não acreditei quando vi todo mundo com a camisa do Vasco. E quem chegava sem, estava vestindo. Apareceu uma mala cheia de camisas. Foi algo muito espontâneo e uma prova que o laço entre a gente é bem bacana", afirma Rafael Viola.
Maria Rafaela Toledo, que se tornaria uma das protagonistas desta história, ressalta que até mesmo os torcedores dos clubes rivais abraçaram a ideia e levaram a surpresa no bom humor.
"O professor já está com a gente há um ano. Entramos cedo com ele, no pós-pandemia, e estabelecemos uma relação de muito carinho e brincadeira. Ele apostou que se o Vasco subisse todo mundo teria de estar de Vasco na prova! É claro que eu torci muito. Os flamenguistas foram os que mais resistiram, mas aposta é aposta, e todo mundo entrou. Foi pela brincadeira mesmo", explicou Maria Rafaela.
A partir daí, começou o burburinho entre os colegas de classe para ver quem tinha camisa do clube da Colina para usar e quem poderia emprestar. Durante o papo, Maria Rafaela, integrante de uma família vascaína de várias gerações, lembrou da coleção dos irmãos Pedro Gabriel e João Renato.
"Meu irmão e eu sempre fomos apaixonados por camisa de futebol e até ganhávamos dos nossos pais e familiares quando eles viajavam. Temos algumas como de um clube da Zâmbia e uma da segunda divisão do Uruguai. Gostando de camisa e sendo vascaínos fanáticos, a gente tem muitas do Vasco, e eu dou sorte porque o Vasco sempre lança a terceira camisa no mês do meu aniversário", indica Pedro.
"Ela, nos conhecendo, falou: acho que tenho camisa para todo mundo. Ela colocou 28 camisas em uma mala e foi para a faculdade como se fosse viajar", brinca o irmão.
Algumas camisas da coleção, porém, têm valores sentimentais e não foram emprestadas. "Temos algumas camisas comemorativas que não deixamos sair de casa. Por exemplo, a do jogo dos Amigos do Roberto Dinamite, com autógrafo do Dinamite para o meu pai. Ou a dos 100 jogos do [ex-goleiro] Fernando Prass no Vasco".
A ação foi tão inusitada que chamou a atenção de vários setores da faculdade, que foram à porta da sala e filmaram a turma.
"Vários alunos levaram camisas também. Todo mundo entrou no espírito e quis fazer a surpresa para o professor. A galera morreu de rir. O vídeo que mais rodou foi de uma pessoa de fora da nossa turma, que gravou de tão engraçado que foi para o pessoal. Todo mundo veio perguntar o que era, e acabou espalhando. Nem pensei que poderia ter essa repercussão, o grupo da sala ficou em choque se mandando as publicações a tarde toda!", conta Maria Rafaela.
Logo que as publicações começaram a viralizar, as notificações nas redes sociais de Rafael Viola bombaram.
"Nunca imaginei que isso poderia acontecer. Saí da faculdade e começou a pipocar marcações nas minhas redes sociais, amigos mandando mensagens. Todo mundo sabe que sou vascaíno fanático e logo reconheceram. E eu estava desesperado dizendo que não tinha dado ponto a ninguém", recorda ele, aos risos.
Relação de família
Donos das camisas que vestiram a classe, Pedro e João vêm de uma família toda vascaína. Na infância, inclusive, os irmãos participaram de vários eventos relacionados ao clube.
"Meus pais e avós são vascaínos. Contam até hoje dos jogos que foram, do Ademir, do Roberto... Eles têm 90 anos e estamos programando para levá-los a um jogo no Carioca. Meu irmão e eu frequentamos VascoCamp, participamos de tudo relacionado ao Vasco. Somos cinco irmãos, e todos somos Vasco", completa Pedro.
Fonte: UOL