Vascaíno 'dribla' orientação médica para assistir a Vasco x Londrina em São Januário
A torcida do Vasco entoa nas arquibancadas, constantemente, uma música que diz que o Cruz-Maltino é "minha loucura, é minha vida". Talvez, esse trecho da canção "Na Barreira eu vou festejar" possa explicar a presença de André Luiz Cardoso na partida de hoje (29), em São Januário, contra o Londrina, pela Série B do Campeonato Brasileiro. Em jogo com tons de decisão, vale até mesmo driblar a recomendação médica para apoiar o clube do coração, e ir ao estádio em meio a um processo de recuperação de uma cirurgia na cabeça.
A partida ganhou ares mais pesados pela proximidade dos times na tabela, o que coloca em xeque a posição do Vasco no G4 da competição, zona de acesso à Série A, grande objetivo da temporada. A equipe da Colina tem 48 pontos, três a mais que o próprio Londrina, que tem 45.
E na missão desta noite, o Cruz-Maltino terá a energia de André, de 54 anos, que fez a paixão falar mais alto até mesmo que o risco à saúde. O vendedor, que tem laços com o clube de São Januário de berço, como uma herança paterna, se recupera de uma cirurgia no osso do crânio e buscou soluções para ir à partida, como a utilização de um capacete similar aos utilizados por jogadores de rugby.
Em junho do ano passado, o vascaíno teve de passar por uma operação para a retirada de um meningioma — tipo mais comum de tumor cerebral —, que ocasionava algumas dificuldades motoras. Após três meses, o tratamento surtiu efeito e ele pôde retornar à Colina Histórica.
Posteriormente, porém, foi descoberta uma bactéria alojada no osso onde a intervenção médica havia sido realizada. André, então, teve de ser internado por dois meses e ficou à base de antibióticos. Por conta dos danos ocasionados, aguarda o período necessário para colocar uma prótese no lugar.
A volta acontecerá hoje (29), ao lado da filha Juliana Martins, para quem transferiu o amor pelo Cruz-Maltino e é sua velha companheira de arquibancada. Devido ao cenário, eles vão no Setor Premium, em que há menos aglomeração e riscos, e André vai estar com a peça adquirida especialmente para o evento desta noite.
"Poder voltar a São Januário é uma mistura de sentimentos. Primeiramente, tenho de agradecer a Deus por estar recuperado do problema que eu tive. Depois, a felicidade de ver o Vasco jogar novamente ao vivo, e na esperança de que possa fazer um grande jogo, vença o Londrina e fique mais perto de alcançar o acesso à Série A do Brasileiro", disse ele ao UOL Esporte.
André bem que tentou ficar um pouco longe da arquibancada devido ao estado de saúde, mas não resistiu ao jogo que pode ser crucial na caminhada dos comandados de Jorginho na competição.
"Ele estava tentando não ir ao jogo, mas, como esse é importante, ele disse que queria ir, e nós vamos. A recomendação médica não é de um repouso absoluto, mas é para tomar bastante cuidado com a cabeça por estar muito sensível", contou Juliana.
O duelo com o Londrina, inclusive, promete ser mais um capítulo de um livro com histórias emocionantes entre pai e filha que compartilham a paixão pelo Vasco.
"Costumamos ir juntos aos jogos, estamos sempre em São Januário. Só neste último período que acabei indo a alguns sem ele, mas vamos sempre juntos. E eu tenho duas histórias mais emblemáticas: o Vasco x Sport de 2008, pela Copa do Brasil. Eu já tinha ido a São Januário, mas ali foi o jogo que me vi como torcedora mesmo. Foi muito emocionante, apesar de o Vasco ter pedido nos pênaltis. Foi emocionante para mim e acabou se tornando para nós dois", lembrou a jornalista e estudante de marketing.
"E teve o jogo que meu pai pôde ir após tirar o meningioma, contra o CSA, em 2021. Mesmo tendo perdido, foi emblemático por ter sido depois de tudo que ele passou. Estarmos juntos em São Januário naquele jogo foi emocionante", completou.
"Jogo de seis pontos"
Em coletiva na última terça-feira, o volante Yuri Lara ressaltou a importância do jogo contra o Londrina, classificando o duelo como "de seis pontos" e lembrando o bom o desempenho do Vasco em casa nesta Série B.
"É um jogo de seis pontos, se ganharmos a gente abre uma vantagem maior. Em casa a gente é muito forte, se não fosse por eles [torcedores] não estaríamos nessa posição", apontou.
"É um jogo importante, estamos mobilizados. Sabemos que vai ser uma final, assim como as outras seis que faltam depois. Não tem muito o que fazer, vamos contar com a torcida, com o fator casa. Essa combinação vai nos deixar muito fortes", disse.
Fonte: UOL