Nenê pede para o Vasco recuperar 'DNA de competitividade' na Série B
Quarta-feira, 27/07/2022 - 15:52
Com uma vitória nos últimos seis jogos, o Vasco não vive um bom momento na Série B do Brasileirão. Nenê, um dos mais experientes do elenco, tem a receita para retomar o caminho das vitórias: ele pediu para a equipe recuperar o "DNA de competitividade" que vinha demonstrando no início da competição.

O camisa 10 foi o escolhido para dar entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira, no CT Moacyr Barbosa. Ele explicou que a ideia do ex-técnico Maurício Souza era muito boa, mas acabou não funcionando na prática.

- A culpa não é do Maurício, somos todos nós. Ele tentou complementar o que já estava sendo bom, a gente ia ficar bacana com essa complementação, ele é um cara muito inteligente, com uma ideia de jogo muito boa. Com a nossa identidade de competitividade, com o DNA de não desistir, de dar a vida. Faltou um pouquinho de juntar as duas coisas. Não foi uma coisa consciente, foi inconsciente. Acabou que, nos jogos, a gente focou mais nisso e acabamos, por culpa nossa, esquecendo... Não esquecendo, mas relaxando um pouco com nosso DNA, que era o que estava fazendo a diferença no nosso time - acredita o meia de 41 anos.

"A Série B é difícil, de campo, de não sei o quê. A nossa qualidade ia sobressair depois da competitividade, mas, por vezes, a gente acabou colocando isso à frente. Acho que esse foi o ponto principal, a gente não conseguiu juntar as duas coisas", acrescenta.

- A gente tem um time muito competitivo, que não tomava gol, que acabava fazendo o gol primeiro e deslanchava. Nos últimos jogos tomamos o gol primeiro, os outros times ficaram atrás. Então esse é o ponto principal, na minha humilde opinião. Faltou complementar as duas coisas. Temos que voltar com isso. Não que não estejamos fazendo isso, mas tem que ser 100%. Contra o Ituano mesmo, fomos até o final, poderíamos ter virado. Mas temos que manter isso nos 90 minutos. Com os resultados, o jogador acaba relaxando um pouquinho, então temos que voltar com esse DNA - conclui Nenê.

Como um dos líderes do elenco, Nenê comentou sobre os protestos da torcida no último jogo em São Januário, no empate com o Ituano, e sobre as vaias a jogadores como Edimar e Gabriel Pec.

- Eu entendo a torcida, ainda bem que você tocou nesse assunto, porque eu quero fazer um pedido para eles. O nosso torcedor, principalmente em São Januário, é nossa maior força. Por vezes, não temos noção da força que eles têm e, por vezes, eles também não têm noção da força que têm. Eles são muito fortes e importantes para a gente, são vitais. Às vezes o cara vai errar... vamos falar do Pec. Ele não vai errar se não tentar. Ele tem personalidade, tenta, está ali, continua. Os torcedores sempre nos apoiam do início ao fim, mas acho que tem que voltar essa coisa de: "Erraram e tal, mas vambora, vamos continuar" - acredita o camisa 10.

- Quem sou eu para falar o que a torcida tem que fazer ou não. Eles têm todo direito de não gostar da nossa atuação, do resultado. Mas durante o jogo, principalmente no primeiro tempo... Às vezes acontece de tomar um gol. Eles realmente são vitais para a gente, mas podem dar essa força a mais, essa motivação. Se eles continuarem nos apoiando, vai ser uma motivação ainda maior, principalmente para os nossos jovens, que também amam o Vasco como a gente ama, como eu amo. Acontece de errar, ainda temos bastante coisa para melhorar. Falando do Pec, ele é um menino que ouve muito, que tenta o tempo inteiro que quer fazer as coisas em prol do Vasco, deixar o torcedor feliz. A gente está protegendo a hora que dá, mas se a torcida puder ajudar a gente quando necessitar, para dar essa motivação a mais... - complementa.

Veja mais da coletiva de Nenê:

Próximos dois jogos em casa

- Com certeza (os próximos dois jogos vão ser importantes). Para a gente, vão ser como uma final. Temos que pensar no jogo a jogo, encarar como uma final, dar a vida para conseguir os seis pontos e retomar a dinâmica de vitórias e bons resultados. Para a gente, isso vai ser primordial.

Como voltou da lesão?

- Estou bem, a gente não vai acertar sempre, não sou perfeito. Depende do campo, às vezes está diferente. Você deve estar falando do (jogo contra o) Sampaio, que já era uma coisa prevista de eu jogar uma parte. Era uma prevenção, tinha algum risco de eu voltar a ter alguma dor. O campo lá é um pouco diferente, a bola acabava subindo muito. São coisas que fazem parte, não vou acertar sempre. Mas não tem nada disso (de lesão), estou me sentindo bem fisicamente. É voltar o ritmo de jogo, continuar treinando e botando a bola na cabeça dos jogadores. Contra o Ituano eu acertei, isso aí você não fala (risos). Mas, contra o Sampaio, foi isso mesmo da bola subindo muito. É um pouco da Série B, tem essa diferença, alguns campos com grama muito grande, outros com curtinha, outros não tem muita grama, é irregular. São coisas que fazem parte.

Alex Teixeira

- Claro, com certeza vai ajudar. Essa coisa de peso eu não tenho, sempre tive tranquilidade quanto a isso, vejo sempre o lado positivo. O Alex é um jogador extremamente técnico, vai nos ajudar muito nessa reta final. Tomara que ele entre em campo o mais rápido possível.

Novo treinador

- É difícil falar, não sou diretoria. Eu os vejo sempre tentando melhorar, mas a gente sabe que o mercado não é fácil, que o tempo é corrido. Nas outras vezes o Emílio deu uma continuidade muito boa ao trabalho. Por enquanto, o trabalho dele vai ser recuperar essa parte, do nosso DNA. Por enquanto, é isso. Vamos pensar no agora, acho que a diretoria vai ver isso, se precisa trazer alguém agora, depois, se vai deixar o Emílio. É difícil falar qual seria o perfil ideal, não seria minha posição falar sobre isso, eu poderia estar sendo injusto com algum treinador que poderia contribuir com o time. Só temos que voltar à rota que estávamos antes.

Clima interno no clube

- Temos que retomar essa coisa de todo mundo se sentir importante, de todo mundo precisar de todo mundo. Acho que é a coisa mais bonita, ninguém tem vaidade de nada, todo mundo que está disponível dá o melhor dentro de campo, nos treinos, nos jogos. Até quem não é convocado está com a gente no estádio. Temos que retomar essa coisa que a gente tinha, de aumentar esse nível, essa força que a gente tem dentro de campo. Ele (Emílio) já sabe como a gente é, isso acelera muito o processo. Ele já conhece, sabe como a gente funciona, a gente já conversou bastante.

Negativa do Maracanã

- É difícil falar. Se fosse dono, poderia negar alguma coisa. Eu realmente não sei de tudo que acontece, não sei o porquê da decisão também. Mas São Januário é nossa casa, é o caldeirão, é uma pressão muito forte, a gente é muito forte lá. O que vem de fora, se não resolver, não cabe à gente falar, é a diretoria que tem que resolver entre eles. Poderia ter tido um bom senso em relação a isso, mas não sou eu que decido, é difícil ficar falando de certas coisas, então não tem muito o que fazer. É focar no que podemos controlar e ir para cima do time adversário dentro da nossa casa, que é São Januário.

Planos para os próximos anos

- Eu continuo. É Série A, esquece (risos). Estou me sentindo bem, claro que tem certos cuidados, vovozito (risos). Mas, para mim, seria muito bom jogar a Série A com o Vasco de novo. Quem sabe a Libertadores do outro ano ainda... Vão querer me parar, mas vão ter que me aguentar mais um pouquinho.



Fonte: ge