Conheça a trajetória de Paulo Bracks, contratado pela 777 para ser diretor do Vasco
Contratado recentemente pela 777 Partners para ser o homem forte do futebol do Vasco, Paulo Bracks trabalhará, a princípio, como uma espécie de consultor do grupo americano no Brasil. O futuro diretor executivo da SAF chega ao Rio de Janeiro com a missão de reestruturar o clube cruzmaltino a partir da experiência de 15 anos trabalhando no meio do futebol.
Antes de fechar com a 777, Bracks foi submetido a um processo de seleção que durou algumas semanas até ser contratado nos últimos dias. Ele conheceu as instalações do Vasco nesta semana, mas tem participado também de algumas pautas estrangeiras, já que a empresa é dona de outros clubes mundo afora, casos do Genoa (Itália), Standard Liege (Bélgica) e Red Star FC (França), além de possuir uma porcentagem do Sevilla (Espanha).
Um dos primeiros movimentos do dirigente foi uma reunião com o volante Andrey Santos e seu estafe, ainda durante a visita da comitiva da 777 ao Rio nesta semana. Como noticiou o ge, a empresa reforçou o interesse na renovação com o cria da base e informou que tem um projeto a ser desenvolvido com a joia vascaína.
Do direito desportivo à gestão de clube
Advogado e pós-graduado em direito desportivo, Bracks tem formação em gestão do futebol e análise de desempenho pela CBF e gestão técnica pela Universidade do Futebol. Além disso, fez cursos na Premier League (Inglaterra) e La Liga (Espanha) e é professor da CBF Academy.
O executivo iniciou, em 2007, o trabalho no meio esportivo com foco na legislação. Foi auditor do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por quatro anos e, depois, presidente da comissão disciplinar do tribunal. Interrompeu o mandato em 2014 ao aceitar o convite da Federação Mineira de Futebol para ser diretor de competições num processo de reestruturação vivido pela entidade.
Mais de 10 anos depois do início como advogado desportista, Bracks iniciou sua primeira experiência no dia a dia de um clube. Em 2018, o dirigente assumiu a missão de gerir a base do América-MG, clube com tradição na formação de atletas. A seu favor, usou o aprendizado prévio sobre organização de competições e legislação, além do relacionamento com a CBF. Teve bons resultados administrativos, que o levaram ao futebol profissional do Coelho em 2019.
Foi no América-MG que Bracks conseguiu melhor refletir o trabalho de organização da gestão em resultados esportivos. Ele subiu ao cargo de diretor executivo do futebol profissional com o time em uma situação delicada, no Z-4 da Série B, e o conduziu ao quase acesso - a equipe dependia de uma vitória na rodada final, mas não conseguiu e terminou na quinta colocação.
A semente plantada em 2019 levou o América a um dos anos de maior êxito de sua história em 2020, quando o time deixou para trás adversários tradicionais, como Corinthians e Internacional, e chegou à semifinal da Copa do Brasil, caindo para o Palmeiras de Abel Ferreira. Terminou a temporada na vice-liderança da Série B, com o mesmo número de pontos da campeã Chapecoense e com o acesso para a Série A garantido.
Um dos méritos de Bracks no América foi reduzir a média de idade do elenco, com aposta nos jogadores da base, a qual ele havia gerido no ano anterior. A mudança aumentou a eficiência e produção do time, e o conhecimento do executivo no trabalho de formação é um trunfo para a 777, que tem como grande foco o investimento nas categorias de base do Vasco. Parte do trabalho foi a reestruturação dos contratos de atletas. Além disso, a gestão de pessoas é uma característica bastante elogiada pelos profissionais que conviveram com o dirigente em Minas.
No América, Bracks trabalhou com três técnico diferentes: Maurício Barbieri, Felipe Conceição e Lisca.
Contratações de Paulo Bracks no América-MG:
Goleiros: Léo Lang, Matheus Cavichioli, Victor Hugo
Zagueiros: Joseph, Eduardo Bauermann, Anderson, Arthur
Lateral: Daniel Borges
Meio-campistas: Willian Maranhão, Lucas Kal, Geovane, Rickson, Léo Gomes, Alê
Atacantes: Juan Boselli, Elias, Felipe Augusto, Rodolfo, Léo Passos, Guilherme, Calyson
Sem resultado esportivo no Inter
O bom trabalho no América-MG despertou o interesse do Internacional, que contratou Paulo Bracks no fim de 2020. O executivo chefiou o futebol colorado por 14 meses, mas não conseguiu repetir o sucesso em questão de resultados esportivos. Ele foi demitido em março deste ano após a eliminação na Copa do Brasil para o Globo-RN. Deixou o clube sem conquistar títulos.
Por outro lado, o diretor teve sucesso internamente, deixando como legado a base de uma reestruturação administrativa e financeira. Ele foi responsável, por exemplo, pela maior negociação da história do clube gaúcho, com a venda do atacante Yuri Alberto para o Zenit, da Rússia, por mais de 25 milhões de euros. Criou ainda a ferramenta de ciência de dados dentro do departamento de análise de mercado e desempenho, um processo usado na contratação e saída de jogadores, além de dar informações para a comissão técnica rever conceitos e padronizar métodos de treinamento.
Ele chegou ao Inter no meio de uma crise financeira acentuada ainda mais pela pandemia do coronavírus, que deixou o clube com um prejuízo de mais de R$ 60 milhões em 2020. Dentre as medidas adotadas para superar a crise, reduziu a folha salarial em cerca de 30%, o que gerou um superávit depois de cinco anos de déficit. Conseguiu ainda quitar dívidas antigas.
Assim como em Minas, Bracks valorizou a utilização da base no Rio Grande do Sul, aumentando a quantidade de ativos no elenco e elevando o Inter ao posto de clube que mais utilizou atletas da base no Campeonato Brasileiro de 2021. Foi ainda responsável pelo contratação de Gustavo Grossi para o cargo de gerente executivo das categorias inferiores. O argentino ajudou na reforma do CT da base e foi campeão gaúcho no sub-17 e no sub-20, além de conquistar o Brasileiro e a Supercopa Sub-20.
Contratado para o cargo de coordenador de preparação física em janeiro de 2021, Paulo Paixão é um dos profissionais que acompanhou Bracks no Inter. Ele deixou o clube em novembro do ano passado após uma polêmica, porém teceu elogios ao trabalho do futuro executivo de futebol do Vasco.
- É um profissional de nível alto, finíssimo trato e com altíssima qualidade na organização do trabalho. Deixou muitos frutos no América e também um legado de administração no Inter. Ele tem uma forma muito discreta de conduzir o dia a dia, o que dá segurança para quem está em volta. Acho que foi uma escolha muito boa para o Vasco - disse Paulo Paixão ao ge, e completou:
- Um cara tranquilo, mas com capacidade tamanha de desenvolver um clube, ainda mais agora nesse momento do Vasco. Tenho certeza que ele vai dar conta pelas qualidades que conheci dele. Trabalhei com muita gente e sei quando a pessoa tem conhecimento técnico da profissão, e ele tem, mas mostra isso de forma discreta, sabendo conduzir.
No Inter, Bracks trabalhou com três técnico diferentes, todos estrangeiros: o espanhol Miguel Ángel Ramírez e os uruguaios Diego Aguirre e Alexander "Cacique" Medina.
Contratações de Paulo Bracks no Inter:
Zagueiros: Gabriel Mercado, Bruno Méndez, Kaique Rocha
Laterais: Fabricio Bustos, Paulo Victor, Moisés (estava emprestado e foi comprado em definitivo)
Meio-campistas: Carlos Palacios, Bruno Gomes, Gabriel, Andrés D'Alessandro, Liziero
Atacantes: David, Wesley Moraes, Gustavo Maia, Taison, Juan Cuesta
Entre os reforços contratados por Bracks está Carlos Palacios, que esse ano foi vendido pelo Inter para o Vasco. Ele chegou ao Colorado com status de joia do futebol chileno em março de 2021 por US$ 3 milhões (R$ 16,5 milhões na cotação da época). O meia-atacante não conseguiu corresponder em campo, acabou perdendo espaço e foi negociado em abril passado com o Vasco, que pagou US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 8 milhões) por 70% dos direitos do atleta.
Amigo de ídolo do Vasco
Entre os amigos que Paulo Bracks fez em 15 anos atuando no futebol está um dos maiores ídolos do Vasco. Na opinião do próprio dirigente, o segundo maior jogador da história do clube. Trata-se de Juninho Pernambucano, que já foi defendido pelo advogado, com quem também trabalhou na Rádio Globo. Os dois mantêm contato frequente e se falaram antes de o executivo fechar com a 777 para assumir o futebol do ex-clube do ex-meio-campista, que recentemente foi diretor do Lyon, na França.
O nome de Juninho Pernambucano, inclusive, chegou a ser cotado pela 777 para o cargo de diretor da SAF. Porém, com a contratação de Bracks, o ex-jogador não está nos planos da empresa no momento.
Bracks será o cara da 777 no Vasco. Com os executivos da empresa fora do Brasil, ele está encarregado de apresentar um diagnóstico do elenco vascaíno para o grupo americano enquanto a SAF não sai do papel.
A 777 enxergava a necessidade de contratar alguém com conhecimento do mercado brasileiro. Como diretor, Bracks se reportará diretamente ao alemão Johannes Spors, que esta semana foi promovido ao cargo de diretor esportivo da 777 Football Group depois de deixar a direção de scout do Genoa, clube italiano que também pertence aos americanos.
Fonte: ge