Vasco 'amarra' acordo com a 777 para ficar com um dos 5 maiores orçamentos do futebol brasileiro
A venda da SAF do Vasco para a 777 Partners está com seus termos fechados, pendente de aprovação de sócios e de imbróglio judicial. O contrato negociado tem previsão de que o time tenha um dos cinco maiores orçamentos do futebol brasileiro. Para isso, o clube e a empresa amarraram o acordo de forma a garantir que essa premissa que envolve valor em torno de R$ 250 milhões anuais para o futebol.
Há cerca de uma semana, o Vasco divulgou perguntas e respostas sobre a parceria com a 777. Entre outros pontos, esclareceu que o acordo prevê: "orçamento do futebol compatível com os cinco maiores do Brasil (para compra de direitos federativos e a folha salarial do departamento de futebol, masculino e feminino, categorias adultas e de base), com foco na alta performance esportiva, sob pena de restrições na distribuição de dividendos. Com isso, cria-se um mecanismo para alinhar os interesses entre lucro e performance esportiva, com a necessidade de reinvestimentos contínuos para manter a roda girando."
O mecanismo funciona da seguinte forma. Quem negociou a parceria levantou os valores de investimento dos times mais ricos do Brasil como referência, entre eles Flamengo, Palmeiras e Atlético-MG. As contas não estão todas discriminadas, mas deu para ter parâmetro do investimento médio da elite.
Pela avaliação da Vasco SAF, foi estabelecido que a 777 Partners fará investimento de R$ 700 milhões nos três anos de parceria. Esse valor será usado justamente para complementar a receita do clube para atingir um dos cinco maiores investimentos do país, considerando compras de direitos federativos e salários. O valor estabelecido é fixo e não divulgado. O blog apurou que gira em torno de R$ 250 milhões por ano.
Já haverá investimento inicial de R$ 120 milhões previsto para esse meio do ano. Esse dinheiro, no entanto, pode só chegar na janela de transferência de final de ano. Isso porque a parceria está paralisada por uma liminar judicial obtida pelo deputado estadual Fábio Silva (União Brasil), que exige que o contrato entre clube e 777 Partners seja tornado público.
Fato é que, no meio de 2022, a previsão é de se iniciar o primeiro ciclo da parceria. É o período em que os R$ 700 milhões serão usados para cobrir as deficiências de receita do clube. Afinal, o Vasco arrecadou apenas R$ 150 milhões em 2021, na Série B. Para o futuro, a projeção é de crescimento paulatino.
Nos planos da parceria, o Vasco SAF atingiria o seu potencial de receita em quatro ou cinco anos. Essa meta, que gira na casa de pelo menos R$ 500 milhões, permitiria bancar o orçamento top 5 do Brasil com recursos próprios. Além disso, o Vasco SAF terá de destinar 20% das receitas para pagar dívidas da associação.
A partir de 2027, o contrato prevê que continua a existir o investimento mínimo fixo no futebol, corrigido pelo IPCA. Mas, se houver necessidade de aporte externo, isso terá de entrar como um capital extra e será refletido nas ações do clube. A 777 Partners garantiu R$ 700 milhões por 70% da SAF, o clube tem garantido que nunca terá menos de 10% das ações.
Caso o valor mínimo de investimento não seja atingido, o contrato prevê restrição de retirar dividendos, isto é, lucros. Essa restrição só não ocorrerá se o Vasco ganhar títulos, como o Brasileiro e Libertadores, mesmo com investimento menor. Há um meio termo previsto: o clube consegue uma vaga na Libertadores, a restrição de retirar dividendos é menor.
Como repasse, a Vasco SAF paga pelo aluguel de São Januário, a manutenção de todo o complexo e mais de 2 a 4% de royalties pelo uso da marca. O percentual aumenta conforme a arrecadação. A previsão é de destinar até R$ 10 milhões anuais ao clube.
Outra restrição imposta no contrato é o abandono de São Januário pela Vasco SAF. Isso só poderá ocorrer com a anuência do clube. Quando se fala em sair do estádio, é não jogar lá mais em prol de outro estádio. Não está incluído neste caso atuação em partidas pontuais no Maracanã, como dez a 15 partidas, como pretende o clube.
Fonte: Coluna Rodrigo Mattos - UOL