Na prateleira dos maiores atacantes da história do futebol mundial, Romário sempre se destacou pela personalidade forte. O 'Baixinho' nunca teve papas na língua e, fora das quatro linhas, ficou marcado por algumas declarações diretas e retas. Porém, para quem já conviveu com ele, dentro de campo o ex-jogador tinha comportamento diferente.
Em entrevista ao ESPN.com.br, o ex-árbitro Leonardo Gaciba, novo analista de arbitragem da ESPN, contou um bastidor para lá de surpreendente sobre o 'Baixinho'. Segundo ele, que pertenceu ao quadro da Fifa de 2005 e 2009 e apitou algumas de suas partidas, Romário era um exemplo a ser seguido dentro de campo.
De acordo com Gaciba, diferentemente do comportamento que o atacante tinha fora dos gramados, muitas vezes com declarações contundentes, dentro das quatro linhas o ex-atleta era completamente diferente, inclusive colaborando com a arbitragem. E, por conta disso, o elegeu como o jogador que lhe deu 'menos trabalho'.
"Romário (foi o que deu menos trabalho). Um cara muito tranquilo dentro do campo. Quando (ainda) não me conhecia, me chamava de 'senhor árbitro', depois que veio a me conhecer me chamava pelo nome. Não me lembro de o Romário simular uma falta dentro do campo de jogo, não me lembro de o Romário ter atrito com qualquer tipo de jogador, sempre respeitava muito os seus adversários", começou por dizer.
"É um cara que sempre colaborou com a arbitragem, o Romário estava ali para fazer gol, não para brigar com adversários, não para discutir com a arbitragem. Ele queria se divertir, fazer gol. Romário foi um cara que surpreende pelo fato de, as entrevistas dele eram picantes, polêmicas, falava muita coisa, mas dentro do campo o cara era um exemplo de educação. E muito importante para a geração de novos jogadores. Isso passava aos outros atletas, que acabavam ajudando muito a questão da arbitragem", complementou.
Gaciba ainda lembrou da época em que atuou como árbitro no futebol brasileiro e teve a oportunidade de apitar jogos envolvendo outros astros, entre eles Ronaldinho Gaúcho.
"Eu tive muita sorte, eu peguei uma fase de grandes atletas, e atletas que incomodavam pouco na questão de arbitragem. Você vê tantos nomes famosos, os caras te tratavam por 'senhor' dentro do campo ou te chamavam pelo nome. Não sei se pelo fato de eu também respeitar muito eles, eu sempre acreditei muito nisso, respeitar para ser respeitado. A minha autoridade dentro de campo nunca foi imposta com autoritarismo. Eu tive grandes atletas que não me incomodavam em nada, e mais do que isso, jogadores que a gente sabia que, quando caíam na área, era porque foram derrubados, não eram jogadores que simulavam. Talvez por isso tenham sido grandes ídolos, grandes ícones, que deixam saudade para todo mundo. Eu tive sorte, eu acho que eu peguei a última 'era de ouro' de jogadores dentro do futebol brasileiro", finalizou.
Fonte: ESPN.com.br