A maior contratação do Vasco nos últimos anos teve um roteiro original. O acerto com Alex Teixeira foi rápido, não teve novela e foi conduzido até certo ponto de maneira informal. A vontade do jogador teve um peso enorme, facilitou e acelerou a negociação, que teve trâmites incomuns no meio do futebol. O que de certa forma surpreendeu até o Vasco, que acenava com a possibilidade de uma proposta mais robusta, com envolvimento da área de marketing.

Não foi necessário. Acompanhado apenas do irmão e sem a presença de seu staff, Alex Teixeira foi ao CT Moacyr Barbosa, na manhã da última terça, para ouvir o que o gerente de futebol Carlos Brazil tinha a oferecer. O encontro não teve a participação de seu empresário e de seus advogados. Alex estava decidido a voltar para o Vasco e topar a proposta do clube. Em poucas horas o acordo foi selado.

Desde o início esse foi o tom da negociação. Quando rescindiu com o Besiktas, ainda na Turquia, Alex manifestou para amigos e familiares o interesse de retornar ao Vasco após 12 anos . Não escondeu seu desejo, e a notícia chegou ao clube.

Na semana passada, Carlos Brazil entrou em contato diretamente com o jogador, que curtia férias na Turquia. O dirigente disse que estaria no Rio de Janeiro até quinta desta semana, quando embarca com a delegação para São Luís, e Alex poderia ir ao CT a qualquer momento. O jogador foi na terça com a certeza que deixaria o local com um acordo.

No local, deixou alinhado o acerto até o fim da Série B, com opção de renovação para 2023. Em seguida, sem ter nada programado, pediu para ser avaliado pelo departamento médico do clube. Ele ainda passará por novos exames antes da assinatura de contrato.

- Praticamente não houve negociação - disse uma pessoa do Vasco ao ge, sobre a velocidade e facilidade que o atacante aceitou a proposta do clube.

Acerto sem aporte da 777 ou projeto de marketing

Foi uma contratação do Vasco, sem aporte da 777 Partners, que viu o acerto com bons olhos após o clube lhe mostrar a identificação do torcedor com Alex Teixeira. A empresa deu aval, mas não teve participação. Sem recursos do grupo americano, o Vasco apresentou uma proposta salarial dentro de seu orçamento, aliviado com a saída de alguns jogadores, como Bruno Nazario, Isaque e Jhon Sanchez (em fim de contrato).

Para convencer Alex, cogitou-se oferecer uma remuneração variável, de acordo com o eventual crescimento do plano de sócio-torcedor. O departamento de marketing chegou a esboçar um projeto, mas o atleta recusou a ideia e aceitou o que o clube tinha a oferecer. Alex deixou claro que dinheiro não seria um fator determinante na negociação. Sua vontade era retornar ao Vasco para ser um dos líderes na reconstrução do clube e se tornar ídolo, algo que não teve tempo em sua primeira passagem.

Além de preencher o lado pessoal e emocional do jogador, também foi uma decisão familiar. Thaís Cristina, esposa do atacante, está grávida do terceiro filho do casal. Ela é vascaína, assim como toda família de Alex, e conheceu o atleta em São Januário, quando ele ainda era garoto.

Por mais que o Vasco ainda trate o acerto com cautela, por conta da assinatura de contrato, foi uma vitória de Carlos Brazil, um dos idealizadores da contratação e responsável por conduzir a negociação. A poucas semanas da AGE que provavelmente definirá a venda de 70% do futebol do Vasco para a 777 Partners, o dirigente ganhou prestígio interno e pontos com o torcedor.



Fonte: ge