Sérgio Frias relembra a trajetória do grande benemérito Rui Proença, que está completando 100 anos
Terça-feira, 07/06/2022 - 23:56
Centenário Vivo
Rui Soares Proença de Sousa nasceu em Portugal no dia 07/06/1922 e por lá teve gosto por esportes, como o ciclismo, segundo contava. Era um espectador frequente das grandes provas esportivas disputadas naqueles tempos.
Chegando ao Brasil, com 18 anos, em 14/02/1941 teve quase que imediata ligação com o Club de Regatas Vasco da Gama.
Sob a matrícula 11.292 tornou-se sócio do clube em 05/10/1945, depois viria a ser Sócio Proprietário em 06/09/1948, tornando-se sócio Emérito em 11/01/1973, Benemérito em 01/10/1976 e pouco tempo depois Grande Benemérito do clube.
Assumiu a diretoria do Departamento Infanto-Juvenil do clube em 1964 e foi elevado ao posto de Assessor da Presidência para assuntos Luso-Brasileiros no triênio 1971/1973, obtendo muitos anos mais tarde a função de Assesssor Especial da Presidência em 2001.
Em todo o tempo no qual esteve no clube ou fora dele, dedicou-se de corpo e alma à instituição. Doou-se, doou tudo que pode ao Vasco, fazendo do clube quase um filho, que não cansava de presentear.
De minha parte, tinha naquele luso-brasileiro, de sotaque incorrigível e poucas mas contumazes palavras a imagem daquilo que uma criança queria ver ao observá-lo a cada gol do Vasco marcado tomando atitudes que teoricamente os adultos não poderiam se atrever a nos mostrar. Subia e descia escadas, subia nas cadeiras, até mesmo dançava com guarda-chuvas, quando o jogo trazia necessidade de levarmos o utensílio ao estádio. O gol do Vasco era uma verdadeira festa para ele.
Por empatia meu pai foi se aproximando dele nos jogos do Maracanã, depois nos de São Januário e o via inflamar-se quando o assunto era algo feito em prejuízo do Vasco, fosse, em sua visão, vindo da arbitragem, da imprensa, ou de dentro do próprio clube.
Sr. Rui não admitia que se falasse mal de jogador algum do Vasco. Vaiar, então, nem pensar. Para ele se lá estivesse um cabo de vassoura no gramado, com a camisa do Vasco, ele representava o clube e teria que ser apoiado.
Era também um fã de Roberto Dinamite. Certa vez, num jantar ocorrido na Sede Náutica da Lagoa, um vascaíno lá presente disse que jogador para ele não era Roberto e sim o fora Tostão, lembrando o incauto ter visto a estreia do craque contra o Flamengo no Maracanã, contando detalhes. Sr. Rui não teve freio e disse para que não repetisse mais uma bobagem como aquela. Roberto era isso, mais aquilo, mais aquilo outro e muito mais ainda. Não havia comparação e não havia como se fazer tal comparação.
Tantas vezes na social do Vasco calou inconformados com a atuação deste ou daquele jogador. Para ele quem não estava bem tinha que ser mais apoiado ainda para melhorar (embora discordasse que algum jogador do Vasco estivesse mal, por princípio).
Uma figura única, que ao viajar de férias pelo Brasil levava centenas de brindes para dar a vascaínos nos mais variados cantos do país. Não havia limite para ele no enaltecimento ao Vasco.
Quantos sócios do Vasco fez, quantos vascaínos fez, quantos trabalhos fez, quanto contribuiu para o Vasco? Um exemplo a ser seguido.
Nessa data, várias vezes comemorada pela feliz coincidência de também ser o aniversário de seu amigo Eurico Miranda (que hoje completaria 78 anos), há um emblema: o Vasco, de verdade, está vivo, uma vez que o Sr. Rui Proença vive, com a fundamental ajuda e presença de sua esposa Luiza, que o faz assim permanecer, cuidando com o maior carinho do mundo dessa joia verdadeiramente vascaína.
Parabéns, Sr. Rui Proença, saudações vascaínas hoje, amanhã e sempre. Um grande Casaca! para o senhor.
Sérgio Frias
Fonte: Casaca