Conterrâneo e fã de Nenê, torcedor do Vasco deixa derrota de lado e vive noite inesquecível
A última quarta-feira tinha tudo para ser um dia não tão feliz, mas acabou sendo o melhor dia da vida de Robson Rascassi, que aos 47 anos assistiu pela primeira vez ao ídolo em ação pelo time de coração em um estádio de futebol. Nem mesmo a derrota do Vasco por 2 a 0 para o Novorizontino atrapalhou a alegria do torcedor, que se emocionou nas arquibancadas do Estádio Jorjão (veja um pouco no vídeo acima).
- Só o Vasco e o Nenê para me fazerem sair de São José do Rio Preto e ainda trazer minha família para ver um jogo em Novo Horizonte - disse Robson.
A história do torcedor com o Vasco no interior paulista começou na véspera do jogo. Robson trabalha em uma obra de frente para o hotel onde a delegação ficou hospedada em São José do Rio Preto. Ao saber que o time estaria nas redondezas, colocou uma camisa vascaína no alto da construção e deixou a mágica acontecer.
- Queria chamar a atenção de alguém do Vasco, quem sabe do Nenê, porque lá na obra tem muito flamenguista. Pensei: "posso até perder o emprego, mas vou colocar a camisa". Não imaginei que teria repercussão. Está sendo um sonho, melhor presente da minha vida - disse Robson ao ge.
O uniforme foi rapidamente notado pelo clube, que o presenteou com uma camisa e uma postagem nas redes sociais. Na primeira visita do Vasco a Novo Horizonte na história, o pedreiro viveu uma noite inesquecível, apesar do desempenho abaixo do time. E o ge acompanhou a emoção de Robson.
Nenê futebol clube
O que leva um habitante de uma cidade do interior de São Paulo, distante quase 850 km do Rio de Janeiro, a torcer pelo Vasco? Melhor dizendo, quem leva? O nome da fera é Anderson Luiz de Carvalho. Fã de Nenê, Robson o acompanha desde os tempos em que o meia-atacante jogava futsal no Floresta, em Jundiaí-SP. Passou a colecionar camisas do veterano por onde ele passava e, na última quarta, reencontrou o jogador antes do jogo contra o Novorizontino para uma selfie.
- Conheci o Nenê criança em Jundiaí jogando futsal no Floresta, onde meu irmão Alberto também jogava. Ele garotinho já dava uns cortes nos meninos, me marcou muito isso. Já via qualidade nele, depois ele foi para o Paulista de Jundiaí e eu ia direto no campo para torcer por ele. Ele sempre foi boleiro, bom de bola, humilde - lembrou Robson.
O irmão Alberto tentou jogar futebol e passou por vários clubes de base do interior paulista, mas acabou não seguindo os passos de Nenê. Porém, foi quem aproximou Robson do Vasco ainda no início da década de 1990, bem antes do meia-atacante surgir.
- Dener começou na Portuguesa, e meu irmão também jogou lá na base, depois ele foi pro Vasco e comecei a torcer pelo Vasco. São tantos bons jogadores. Edmundo, Romário, Bebeto, Germano, Dedé... Aí quando o Nenê chegou eu virei ainda mais vascaíno. Ele tem bola para jogar mais uns dois anos ou mais - brincou o torcedor.
- Tenho camisas de quase todos os times que o Nenê jogou: Vasco, Fluminense, PSG, Santos, São Paulo. Só não tenho do Palmeiras, esse não (risos). Sei até a data que o Nenê nasceu, 19 de julho de 1981 - acrescentou orgulhoso do conterrâneo.
Na publicação sobre Robson feita pelo Vasco nas redes sociais, o meia-atacante comentou: "Meu conterrâneo". Mas Nenê, assim como o time praticamente inteiro, não fez um bom jogo no Jorjão. Ele deixou o campo aos 16 minutos do segundo tempo e, depois da partida, o técnico Maurício Souza revelou que o veterano havia atuado com dor na panturrilha. De qualquer forma, o jogador de 40 anos foi o mais assediado desde a chegada do elenco ao interior paulista, e atendeu muitos pedidos de fotos e autógrafos.
Noite para nunca se esquecer
Após uma derrota com desempenho ruim seria normal dizer que a noite em Novo Horizonte seria uma noite para se esquecer. Longe disso. Pelo menos não para Robson. Horas antes da partida, o torcedor ainda não havia decidido se iria ao Estádio Jorjão, que fica a cerca de uma hora de São José do Rio Preto. Optou pela viagem e não se arrependeu. Ainda arrastou junto a mãe, o irmão e a cunhada.
Em conversas com a reportagem durante os 90 minutos, ele opinou sobre o jogo, ensaiou conselhos ao técnico Maurício Souza e evitou distração com fotos enquanto a bola rolava. "Na vida é assim, nem sempre se ganha", foi a forma que Robson encontrou para lidar com a frustração.
Se chegou ao estádio como o maior fã de Nenê, Robson saiu do Jorjão admirando outro jogador do Vasco, o goleiro Thiago Rodrigues, que fez algumas defesas difíceis e impediu uma derrota mais amarga para o Novorizontino.
- Pode dar o bicho pro goleiro, se não teria sido pior - comentou algumas vezes.
O que começou com a promessa de ser um dia feliz para o torcedor acabou sendo mais que isso, o dia mais feliz de seus 47 anos, como o próprio fez questão de destacar. Nesta quinta, o Vasco deixa São José do Rio Preto, mas a semente foi plantada em uma obra que vai durar a vida toda.
- Oportunidade de retomar a amizade com Nenê não vai faltar - desejou Robson na despedida.
Fonte: ge