Ninguém esperava a saída de Zé Ricardo do Vasco neste momento. Nem diretoria, nem jogadores, nem o técnico. Mas o treinador tinha uma perspectiva preocupante na cabeça. Não deixaria o time de São Januário agora, mas nada poderia mantê-lo no cargo em julho, depois que a 777 Partners finalizasse a compra da sociedade anônima e assumisse o controle do futebol vascaíno.
Nenhum dos nomes que bancaram sua sequência à frente do Vasco na temporada turbulenta, especialmente o diretor de futebol Carlos Brazil e o presidente Jorge Salgado, poderiam mudar uma decisão de troca do grupo americano, uma vez que ele tomasse conta do departamento.
Zé Ricardo não esperava deixar o Vasco neste momento, mas quando a proposta do Shimizu Pulse, 16º no Campeonato Japonês e com conversas antigas com o técnico, efetivamente chegou, ele acabou optando pela mudança.
No Vasco, o sentimento inicial é de mágoa. Jorge Salgado saiu de casa na manhã de domingo, avisado que Zé Ricardo havia chegado ao CT Moacyr Barbosa informando a decisão. Conversou com o treinador, mas logo percebeu que não adiantaria. Zé estava lá, mas já tinha ido embora.
Os jogadores também foram pegos de surpresa. Quando o Vasco teve começo ruim na Série B, os nomes mais experientes do grupo saíram várias vezes em defesa do treinador. O meia Nenê, o zagueiro Anderson Conceição. O goleiro Thiago Rodrigues, atualmente nas graças da torcida, prestigiou o treinador publicamente, emprestou muito de seu prestígio ao técnico.
Zé Ricardo tem história longa em São Januário, que remete ao tempo em que ainda era treinador de futsal. Sua passagem à frente do time em 2017 foi positiva, tanto que o nome do técnico foi o favorito de Jorge Salgado quando ele demitiu Ricardo Sá Pinto e tentou um novo treinador para evitar o rebaixamento em 2020.
As conversas não avançaram na ocasião. O técnico já estava de olho na oportunidade de trabalhar no exterior, conversou com o mesmo Shimizu Pulse de agora, e foi orientado a não aceitar o convite. Dessa vez, Zé topou o desafio de comandar o Vasco na segunda divisão. Mas no caminho veio a possibilidade de ser demitido pela 777 Partners. Isso e mais a proposta japonesa foram suficientes para o técnico encerrar sua nova passagem por São Januário.
Fonte: O Globo