Yuri, sobre torcedores: 'Não era racismo, não tem nada a ver. Realmente estavam latindo, como latem. Não tem nada a ver com macaco'
O Vasco divulgou um comunicado na manhã desta quinta-feira lamentando a acusação de Hélio dos Anjos, técnico da Ponte Preta, durante a partida entre as duas equipes na noite de quarta, em jogo válido pela quarta rodada da Série B do Brasileirão. Hélio disse ao árbitro que ouviu ofensas raciais por parte da torcida vascaína em São Januário.
O episódio ocorreu logo depois de um desarme de Yuri Lara próximo à linha lateral. Imediatamente os torcedores passaram a fazer barulhos de latido em apoio ao volante, que é considerado o cão de guarda da defesa - esse tipo de manifestação já aconteceu em outras partidas do Vasco.
- Fomos surpreendidos na noite da última quarta-feira (27/04) em São Januário com uma absurda acusação de racismo direcionada a torcida do Vasco vinda de alguns profissionais da A. A. Ponte Preta. Algo sem fundamento algum e que se baseou equivocadamente num canto criado pela torcida do Vasco utilizado para homenagear o volante Yuri Lara, algo já feito, por exemplo, por outras torcidas e em outras praças esportivas - disse o Vasco em nota (veja a íntegra no fim da matéria).
Depois da partida, o próprio Yuri Lara falou comentou o lance na zona mista e disse que explicou o que houve ao volante Ramon Carvalho, da Ponte.
"O Ramon falou comigo sobre isso, falei que não era racismo, não tem nada a ver. Realmente estavam latindo, como latem. Não tem nada a ver com macaco. É inadmissível o racismo, ainda mais com a torcida do Vasco, por tudo que o Vasco representa para a história. Expliquei para ele que não tinha nada a ver com racismo. É o latido", disse.
Confira o comunicado do Vasco:
"Fomos surpreendidos na noite da última quarta-feira (27/04) em São Januário com uma absurda acusação de racismo direcionada a torcida do Vasco vinda de alguns profissionais da A. A. Ponte Preta. Algo sem fundamento algum e que se baseou equivocadamente num canto criado pela torcida do Vasco utilizado para homenagear o volante Yuri Lara, algo já feito, por exemplo, por outras torcidas e em outras praças esportivas.
Ao se fazer uma acusação de racismo, crime gravíssimo, além de se ter certeza do que está sendo dito, é imprescindível se conhecer o histórico dessa luta no país. E não há como falar do combate ao racismo no futebol brasileiro sem que o Vasco da Gama seja o principal protagonista.
Nossa luta não começou agora, mas sim em 07 de abril de 1924, quando escrevemos a "Resposta Histórica", o maior símbolo da luta contra o racismo no futebol brasileiro. O Vasco da Gama se orgulha de ser um pioneiro nesta luta e um ativo defensor de seus ideais, que não esmoreceram com o passar dos anos. E o estádio de São Januário sintetiza a maior da luta do Vasco da Gama contra a chaga do racismo. Foi construído pelos vascaínos como resposta às elites da época que resistiam a inclusão de pretos, operários e imigrantes pobres no futebol.
Portanto, como não poderia ser diferente, condenamos a atitude e lamentamos que uma pauta tão séria seja utilizada da forma que foi.
São Januário é a casa do legítimo clube do povo e fazemos questão de que continue sendo assim."
Fonte: ge