Ex-jogador da base do Vasco, Dhouglas 'Puma' Ribeiro vira lutador e quer chegar ao UFC
A luta sempre fez parte da vida de Dhouglas "Puma" Ribeiro, mesmo quando os chutes que ele dava era na bola. Cria das categorias de base de Vasco e Grêmio, o curitibano deixou a família e foi morar sozinho no Rio de Janeiro aos 13 anos. Hoje é lutador de MMA e precisou superar a fome ao fazer a transição para as artes marciais. Há três meses vive no Cazaquistão e sonha com um contrato com o UFC. Após o último triunfo recebeu um plano de carreira na Naiza FC e aguarda para receber o visto de cidadão cazaque na próxima semana.
Em entrevista exclusiva ao Combate, ele comentou da mudança para o país do leste europeu e como conseguiu buscar o seu espaço na companhia. Chegaria no país para ficar dois meses e ser sparring de um dos seus treinadores e agora é contratado e busca o seu primeiro cinturão no país. Além disso, é parceiro de treino do meio-médio do UFC Shakvat Rakhmonov.
- O Sergio Kreator me trouxe para o Cazaquistão para a DarTeam. Ele falou com o Gustavo Wurlitzer no Brasil e eu fui escolhido para vir pra cá. Quem pagou minha passagem foi uma aluna minha na época. No dia que cheguei apareceu uma vaga para uma luta pelo cinturão na companhia daqui. Nos treinamentos me destaquei e agora tenho contrato tanto com a DarTeam quanto com a Naiza FC.
- Tive só duas semanas de preparação para a luta do cinturão contra um striker. Até fiz uma boa luta, meus golpes entraram e ele levou sempre pro chão e eu acabei perdendo. Ficaria 3 meses a princípio e agora vou ficar até o final do ano. Fiz mais uma luta agora e já estava mais adaptado ao país e consegui um nocaute no primeiro round. Em um mês no Cazaquistão meu wrestling evoluiu mais do que em oito anos no Brasil. Tenho um treinador do Daguestão que tem sido fundamental. Depois da vitória firmei meu contrato, já tenho reunião com a diretoria do Naiza e vou ganhar meu visto de cidadão do Cazaquistão. Terei um contrato de longa data com a DarTeam. Sempre quis vir pros lados da Rússia, porque eu sou da escola da luta em pé e todas as derrotas que tenho foram por causa da luta agarrada e aqui conseguirei aprender o wrestling. Hoje tenho tudo que preciso. Eu treino com o Shavkat Rakhmonov que é top 15 do meio-médio do UFC. A equipe me oferece tudo. Moro no CT com salário, restaurante, treinos, tudo.
O atleta começou nos esportes aos seis anos, mas longe do cage. Aos 13 anos precisou mudar de Curitiba para o Rio de Janeiro, onde chegou na base do Vasco. Deixou a família e ficava no alojamento em São Januário junto com os outros jogadores. Era atacante na equipe e ganhou campeonatos cariocas. Agora não assiste mais futebol, mas relembra as dificuldades da sua passagem pelo clube.
- Eu não vejo futebol mais. Quando passei pelo Vasco era difícil. Era por volta de 2011 e ainda não tinha o alojamento reformado. A gente tomava banho de garrafa de litro às vezes. Não tinha chuveiro. A comida era meio complicada. Era muito calor no verão e não tinha ventilador. Foi uma aventura, mas que me ensinou muito. E as pessoas ali eram tão perfeitas que eu nem pensava em reclamar disso. Viveria tudo novamente no Vasco. É um clube que eu aprendi a amar. Fiz amizades, treinadores e ainda tenho contato.
Mesmo sem acompanhar o futebol brasileiro vê com bons olhos a chegada de investidores no Brasil. A SAF que é a sociedade anônima do futebol que permite os clubes serem transformados em empresa, ainda está em processo de transição no clube carioca. A 777 Partners investirá R$ 700 milhões para comprar 70% da SAF vascaína. Dhouglas acredita ser a melhor forma de melhorar o Vasco.
- Hoje a estrutura no clube é outra. Com a SAF a tendência é que não tenham mais salários atrasados. Quando eu saí do clube já estava tudo mudando. Reforma nos alojamentos e as coisas melhorando. Acredito que, com os empresários, uma estrutura que já é excelente vai melhorar mais ainda. Desejo a esse clube, por tudo que fez por mim, tudo de melhor e muitos títulos. As dificuldades foram muitas, mas sempre vai estar no meu coração.
O agora lutador atuou ao lado de atletas conhecidos do torcedor. O mais famoso de todos é o atacante Thalles Penha que faleceu precocemente em um acidente de moto em 2019. Ele diz que se sentiu muito triste com a fatalidade e relembrou histórias que viveu junto em São Januário
- Era muito próximo do Thalles que faleceu alguns anos atrás. Andávamos juntos sempre. Ele era meu reserva, hein. Ele, Daniel Pessoa, Henrique, Guilherme Costa, Jhon Cley e Marlone. Fiquei bem abalado quando soube do que aconteceu com o Thalles. Quero deixar meus sentimentos à família. Foi um grande amigo e a gente era da revoada. A gente ía para barreira nas festas.
Após as aventuras no mundo do futebol, Puma espera seguir o planejamento que a equipe cazaque estipulou para ele e melhorar o seu wrestling. O lutador nunca foi nocauteado e tem um cartel de 11 vitórias e seis derrotas. Ele com o seu treinador, Eduard Bazrov estipularam treinamentos em dois períodos para aprimorar a luta no chão, enquanto é a época do Ramadã no país.
- Eu ainda não sei o meu próximo adversário, mas estou treinando. Folguei três dias só e já estou focado. Eu pretendo seguir esse plano de carreira nos próximos anos. Fazer mais três vitórias e disputar o cinturão. Aqui é o período do ramadã e só fazem um treino por dia. Pra mim está sendo bom. São quatro semanas que eu estou treinando forte e cuidando da preparação para tirar o atraso. Eu faço dois treinos por dia e focado no wrestling ao máximo para melhorar. Os adversários que viram a primeira luta aqui vão tentar levar pro chão e eu quero surpreender. Sou um striker, mas quero ter essa arma. Meu treinador é da mesma cidade do Khabib no Daguestão e o negócio é pesado. Meu jogo vai ser esse. Jogar em pé e na hora que eu quiser levar para o chão, fazer eles passarem mal.
- Os lutadores até brincam comigo para que eu participe do ramadã, mas eu sempre falo que não. Eles no treino bolados que não podem tomar água e eu lá bebendo. É f***!
Dhouglas Ribeiro ainda espera uma oportunidade no UFC. Com 27 anos acredita que conseguirá chegar no Ultimate no auge da sua carreira. Os treinamentos com o peso-meio-médio, Shavkat tem sido determinante na preparação para que ele alcance o seu maior objetivo.
- Eu tenho totais chances e o plano deles é que eu consiga chegar ao UFC. A equipe já tem o Shavkat na categoria e ele é meu parceiro de treinos e um top do Ultimate. Eles vão me preparar. Esse ano é ganhar o cinturão do Naiza e evoluir meu wrestling. Tem vários eventos mundo afora, mas meu grande objetivo é chegar lá. Em dois anos me vejo preparado para chegar no UFC.
Fonte: Combate