Conheça as diferenças entre os projetos de SAF de Cruzeiro, Botafogo e Vasco
Quinta-feira, 24/03/2022 - 08:41
Nos últimos dias, uma polêmica envolvendo o contrato da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Cruzeiro junto de Ronaldo, que assinou, ainda em dezembro, um pré-acordo para comprar 90% da SAF, movimentou o noticiário.
Os termos, considerados por especialistas como mais benéficos para Ronaldo do que para o clube, surpreenderam por serem diferentes dos outros dois grandes exemplos de SAF vistos no Brasil, de Botafogo e Vasco, principalmente em relação aos investimentos.
— Quando entramos numa negociação desse porte, ela implica contrapartidas. O Cruzeiro devia entender o que teria que entregar, e também tomar os cuidados para não falhar quando chega nesse ponto do negócio. Tudo teria que ser muito bem consultado. Não poderia ser amador — disse Juliana Biolchi, especializada em revitalização de empresas, negociações complexas e recuperação extrajudicial.
Experiência carioca
Por parte do alvinegro, a venda de 90% da Sociedade Anônima de Futebol não só foi concluída — com a promessa de que, pelo menos R$ 400 milhões seriam investidos ao longo de três anos —, como R$ 150 milhões já foram pagos por John Textor. Primeiro, R$ 50 milhões foram utilizados pelo clube social para colocar algumas contas de curto prazo do clube em dia e para pagar dívidas com funcionários e atletas que vinham da última temporada. Já os outros R$ 100 milhões estão sendo usados para contratações. Para ter Philipe Sampaio, Victor Sá, Patrick de Paula e Oyama, o alvinegro gastou cerca de R$ 50 milhões.
Para o CEO do Botafogo, Jorge Braga, que chegou ao clube um ano antes da conclusão da venda da SAF, três pontos foram fundamentais para o alvinegro chegar nesse ponto:
— Credibilidade, ter um plano de ação muito claro e o apoio político. (Quando cheguei) Dizia que tinha que parar o sangramento, reestruturar receitas e despesas, negociar dívidas e conseguir investimentos. Cumprimos rigorosamente. E a autonomia que teve do Durcesio (Mello, presidente), para ser a ponte do passado, a gestão política, com o futuro, da profissionalização, fez diferença.
Além dos reforços, o Botafogo conseguiu renegociar dívidas tributárias e entrou no Regime Centralizado de Execuções (RCE), o que evitará que o clube tenha receitas penhoradas.
Já no Vasco, a ideia é que clube e a 777 Partners assinem um contrato que obrigue a empresa investidora a aportar no mínimo R$ 700 milhões, também ao longo de três anos, para ter 70% da Sociedade Anônima de Futebol cruz-maltina. Para isso, primeiro precisa haver a transição do clube social para uma SAF.
Enquanto isso não acontece, o Vasco já recebeu R$ 70 milhões em forma de empréstimo aprovado pelo Conselho Deliberativo, que serviram para o pagamento de dívidas e salários atrasados.
Para a Série B, o cruz-maltino só contratará a partir de oportunidades de mercado, mas sem contar com o dinheiro da 777 Partners.
Fonte: Extra