A eliminação precoce na Copa do Brasil não estava nos planos do departamento de futebol do Vasco, mas o cenário também não é de terra arrasada. As circunstâncias do jogo, em um estádio difícil, e do time, que ainda está em formação após ter sido montado praticamente do zero há 60 dias, estão na mesa nesse momento de avaliação. O planejamento sofre mudança na rota, mas a convicção no trabalho liderado por Zé Ricardo segue intacta.

É o que garantiu o gerente de futebol Carlos Brazil ao ge. O executivo vê o técnico alinhado com as diretrizes do Vasco e reforçou a confiança no trabalho de Zé após a derrota para o Juazeirense nos pênaltis, na última quarta-feira.

- A troca de treinadores no futebol brasileiro é uma cultura que precisa acabar. Zé Ricardo tem minha total confiança, tem ideia de jogo interessante, é um profissional dedicado, chega ao CT 8 da manhã e sai 10 da noite. A comissão técnica é muito séria e competente. Tirar o treinador só faz atrasar o avanço. O grupo todo respeita muito o Zé, não tem motivo para cogitarmos a saída dele - disse Brazil, e destacou:

"Nosso maior objetivo é a Série B. São dois meses de trabalho, é muito pouco para a formação de um elenco. Julgar hoje o trabalho do Zé é até injusto, não se faz um time em tão pouco tempo".

Sob o comando de Zé Ricardo, o Vasco tem 12 jogos, com sete vitórias, dois empates e três derrotas - 63,8% de aproveitamento. Dentro do contexto que o time iniciou a temporada, os números são considerados bons e com o acréscimo de que o primeiro objetivo, que era a classificação para as semifinais do Campeonato Carioca, foi alcançado com antecedência.

A oscilação do time nesse início de temporada está dentro do que o clube esperava, apesar de a eliminação na segunda fase não ter sido cogitada. A leitura é que Zé Ricardo precisa de melhores condições para fazer o trabalho render, e isso depende de contratações.

- Contra o Fluminense (9ª rodada da Taça Guanabara) não jogamos bem, mas acredito que jogamos bem contra o Flamengo (10ª rodada). São times de outra prateleira, gostaríamos muito de jogar contra eles de igual para igual, só que hoje não tem como estar na mesma prateleira. É difícil para o torcedor entender isso, e me coloco no lugar deles o tempo todo, o Vasco tem que estar em cima. Já na Copa do Brasil a gente saiu de forma prematura, mas temos que entender que o objetivo do ano é o acesso. Tudo está servindo como preparação.

Então, o momento é de reflexão no departamento de futebol. De volta ao Rio de Janeiro nesta quinta-feira, Brazil e Zé Ricardo vão avaliar juntos o que deu errado em Juazeiro e começam a olhar pra frente, pensando no que deve ser melhorado dentro do próximo mês. Pelo menos mais quatro atletas devem ser contratados até o início da Série B, mas com os pés no chão. Ainda sem a realidade financeira da SAF, que passará por aprovação de conselheiros e sócios nos próximos meses, o gerente de futebol não quer iludir o torcedor com promessa de reforços de peso.

- O empréstimo de R$ 70 milhões foi para cobrir o orçamento do ano, e esse dinheiro não poderá ser usado para contratações, como me disseram. Estamos seguindo a mesma linha, procurando reforçar o elenco dentro da realidade do Vasco. A gente conversa com muitos jogadores em busca de oportunidades possíveis para o momento do clube. Temos um norte, mas análise de mercado trabalha com todo tipo de jogador. Não deixamos também de olhar para jogadores mais renomados e caros, porque no momento que a SAF entrar, se for aprovada, a gente vai estar preparado para isso - afirmou Brazil, e completou:

"A gente pensa em contratar mais quatro ou cinco jogadores até a Série B. Temos algumas prioridades: lateral, zagueiro, pontas e talvez um meia. Tudo depende das oportunidades no mercado".

A necessidade de atacantes de lado, pro exemplo, foi detectada no início da temporada, mas o clube não conseguiu trazer ninguém para a posição. A previsão é que as dificuldades no mercado sejam amenizadas com o dinheiro que entrou em caixa na última semana. Não pela possibilidade de melhorar as propostas, mas porque o Vasco conseguiu colocar os salários dos jogadores em dia, e isso dá credibilidade para as negociações. Com o fim dos estaduais, o gerente de futebol deve formalizar as contratações.

Sobre a eliminação para o Juazeirense, Carlos Brazil reiterou que as condições do jogo dificultam uma análise do aspecto técnico e fez críticas ao regulamento da Copa do Brasil.

- Eu considero ruim o regulamento, não tem vantagem ser melhor ranqueado. Fomos obrigados a jogar num campo com condições muito ruins, sem querer justificar a eliminação. Mas não é adequado para o que consideramos um futebol evoluído, é um modelo que tem que ser repensado. Acho que tem que jogar na casa daquele que está melhor no ranking - concluiu.

A delegação já retornou ao Rio de Janeiro, onde volta o foco para o Campeonato Carioca. No próximo domingo, às 16h, o Vasco enfrenta o Resende, em São Januário, pela última rodada da Taça Guanabara. A equipe já está classificada para as semifinais do Estadual.



Fonte: ge