Está cada vez mais difícil para o Fluminense se manter indiferente às movimentações sobre sociedade anônima de futebol no Brasil. Primeiro foi o Botafogo. Agora é o Vasco, adversário no clássico deste sábado, às 17h, no Nilton Santos, que tenta migrar para o modelo, de olho em uma robusta maleta de dinheiro que tanto cairia bem nas Laranjeiras.
Neste momento, o presidente Mário Bittencourt não tem a intenção de criar a SAF. Ele não é dos maiores adeptos ao formato, mas não se nega a sentar, pensar e debater sobre o assunto. O anúncio da minuta de entendimento entre Vasco e 777 Partners, com valores e condições, à primeira vista, mais vantajosos do que os obtidos por Cruzeiro e Botafogo, fez com que Bittencourt procurasse outros detalhes a respeito do negócio que o cruz-maltino tenta fazer.
O entendimento do presidente é que o Fluminense só fará um movimento em direção favorável quando entender totalmente as mudanças jurídicas, comerciais e, principalmente, as consequências da decisão. Não irá mergulhar em um cenário que ainda é cinzento. Mas caso o clube precise mudar o estatuto para comportar a entrada da SAF, a princípio isso não geraria uma guerra nos bastidores.
O aspecto político da pauta nas Laranjeiras tende a ser outro. É ano eleitoral no Fluminense e há a preocupação de que o tema seja usado como propaganda pelos futuros candidatos. Mário deve tentar a reeleição.
— Não é difícil imaginar alguém fazendo promessas irreais de mundos e fundos de um investidor bilionário desconhecido para ganhar votos. Se quando o clube estava quebrado já existiam histórias assim, imagina com a ilusão de milhões de dólares entrando nos cofres — diz uma fonte ao GLOBO.
Por outro lado, é impossível dizer que o assunto já não é debatido nos corredores das Laranjeiras. No Conselho Deliberativo e em alas políticas, há quem tema ver o Fluminense "ficando para trás" no assunto. Principalmente porque Vasco e Botafogo, em estágios diferentes, já planejam receber injeções de investimento a curto e médio prazo. Ficar para trás dos dois rivais em termos financeiros, além do Flamengo, é algo impensável para os tricolores.
Em São Januário, a aprovação folgada do empréstimo de R$ 70 milhões da 777 Partners, que poderá ser convertido em antecipação dos R$ 700 milhões que o grupo americano promete investir no futebol vascaíno nos próximos três anos, gerou um cenário de confiança para a diretoria seguir com os trâmites para a criação e venda da SAF.
No cronograma formulado, o processo deve estar finalizado em setembro. A curto prazo, a preocupação é receber o quanto antes a quantia da 777 Partners. Por causa do feriado de carnaval, a expectativa do clube é que o valor caia na conta na terça-feira. Com ele, deverá quitar salários atrasados, pendências com fornecedores e parcelas abertas de dívidas.
No aguardo da proposta vinculante do grupo americano, que efetivamente marcará o recebimento de uma oferta pelo futebol, a diretoria agora vai viver uma maratona política para tornar o negócio da transferência de 70% das ações da SAF possível.
Vasco com força máxima
A ideia no Vasco é criar duas rodadas de votações, tanto no Conselho Deliberativo, quanto na Assembleia Geral. A primeira, para deliberar e votar sobre a alteração do estatuto do clube, que permita a criação de uma Sociedade Anônima de Futebol. Depois, o Vasco deve realizar novos pleitos, entre conselheiros e associados, para aprovar ou não a venda dessa SAF para a 777 Partners, especificamente.
Para a partida, o técnico Zé Ricardo terá o retorno de Nenê, que cumpriu suspensão contra o Audax. O time vai com força máxima. Se vencer o clássico, garante classificação antecipada para as semifinal do Campeonato Estadual com duas rodadas de antecedência.
No Fluminense, o foco está no jogo da próxima terça-feira, contra o Millonarios-COL, pela Libertadores. A tendência é que Abel Braga preserve alguns de seus destaques e aposte em um time alternativo.
Fonte: Extra