Então diretor do Santa Cruz, Sandro Barbosa fala sobre apoio a Raniel durante momento de dificuldade
As declarações do atacante Raniel, do Vasco, ao "The Players Tribune" - em que contou sua história de vida com incidentes de drogas, bebidas e familiares -, repercutiu bastante no meio do futebol. No texto, escrito em primeira pessoa, o jogador recorda conselho crucial de um diretor de futebol do Santa Cruz em um dos momentos mais turbulentos do início de sua carreira. Raniel o chamou de "anjo da guarda".
O dirigente em questão é o ex-zagueiro Sandro Barbosa, que teve passagens marcantes por Botafogo, Sport e Santos, além de ter defendido o próprio Santa. Em conversa com o ge, o então diretor coral na época lembra a conversa citada por Raniel, que tinha 17 anos e havia sido suspenso após cair no antidoping por uso de cocaína.
- A vida dele é bem parecida com a minha. Não me droguei feito ele, mas em Engenho do Meio (bairro do Recife), vinha de favela, pai criando 14 filhos dirigindo ônibus. Foi difícil também - disse Sandro.
"Por isso que chamei ele nesse dia e falei: 'Do jeito que fui escape pra minha família e abençoei todos, meu pai, minha mãe, meus irmãos, cunhado e sogra, você também pode ser e tem talento pra isso'. Botei pra olhar olho no olho comigo, dei relógio pra animar ele naquela fase", acrescentou.
Raniel recordou do momento como muito especial e de acolhimento. Citou a palavra amor e considerou Sandro Cocão - apelido do ex-jogador entre alguns do clube - um anjo da guarda.
- Um dia, um diretor do Santa, o Sandro Cocão, me chamou e conversou comigo como se eu fosse um filho dele. Eu senti amor em cada palavra, o mesmo tipo de amor que eu sinto até hoje pela Dione (vizinha que cuidou de Raniel quando ele foi abandonado pela mãe biológica), meus irmãos e a vó Marinalva (...) Você vê: ainda tem gente que não acredita em anjo da guarda…
Sandro também citou que fazia de tudo para tirar Raniel do ambiente hostil de drogas que o cercava. Inclusive fazer técnicos levarem o jovem para viagens do clube mesmo a contragosto.
"Fazia os treinadores levarem ele pros jogos mesmo sem querer. Falava: 'Leve que vou falar com o presidente pra pagar a passagem dele, pra tirar desse ambiente aqui. Vocês vão viajar pra São Paulo pra jogar e vou deixar Raniel aqui sozinho? Vocês estão malucos? O cara nesse momento difícil.' Aí levávamos pra viagem, ficava no banco, fora do banco, mas tinha que estar com a gente."
O ex-dirigente coral afirma saber da importância do direcionamento dado a Raniel naquela época. E dos esforços para mantê-lo focado no futebol.
- É um escape (acompanhar o time). Perdeu pai, mãe abandonou, morreu quem cuidava dele... E aí, rapaz, não é fácil não, só quem tá na pele é quem sabe - finalizou Sandro.
Fonte: ge