Em mais uma tentativa de voltar aos estádios, as principais torcidas organizadas de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco se reuniram nesta sexta-feira com o governo do Rio. Proibidas de irem a jogos (o início do banimento difere entre elas) a estratégia é contar com o poder público no convencimento das autoridades (Ministério Público e Judiciário). A ideia é que as agremiações não devem ser punidas enquanto coletivos, mas, sim, que os integrantes das organizadas que cometam crimes sejam responsabilizados.
No encontro na última sexta, estiveram presentes representantes das torcidas Fúria Jovem, Raça Rubro-Negra, Torcida Jovem, Young Flu e Força Jovem. No entanto, embora os presentes tenham saído da reunião com otimismo, a notícia não é boa para as organizadas. Após a reunião, o blog procurou o MP que afirmou: "não há a menor possibilidade de essas torcidas voltarem aos estádios enquanto não pagarem pelo que fizeram", disse o promotor Rodrigo Terra, responsável pela promotoria do Consumidor, que trata da questão.
Recentemente, quando o estado ainda era governado por Wilson Witzel, as organizadas também receberam a promessa de que as punições seriam revistas. A ação não teve sucesso. Desta vez, afirmam integrantes das torcidas ouvidas pelo blog, houve o comprometimento por parte delas de que seus integrantes não vão tentar burlar o banimento indo a jogos de futebol, enquanto a questão não for revista.
Eles se comprometeram, inclusive, de não se reunirem nas imediações dos estádios em dias de jogo, uma prática que tem sido frequente. Caso isso aconteça, os torcedores serão expulsos, afirmam. As agremiações também prometeram entregar ao governo a lista com o cadastro de todos os seus membros.
- Estamos preocupados em como voltar, não quando. Precisamos separar o joio do trigo. Quem cometer ou cometeu crimes deve ser punido, individualmente. Os CPFs, não as torcidas. Nosso segmento foi durante muitos anos prejudicado por pessoas travestidas de torcedores. Estamos nos comprometendo a firmar uma parceria com a secretaria, com o governador para que as torcidas possam voltar aos estádios. Prova disso é que estivemos todos juntos. Nós, a Torcida Jovem, a Fúria, a Young, a Força Jovem, sem rivalidades como tem de ser - afirmou Anderson Macula, presidente da Raça, que reforçou a intenção de expulsar membros que descumprirem as regras.
- Vamos expulsar quem descumprir o que for combinado.
O promotor Rodrigo Terra disse que as promessas feitas pelas torcidas ao governo do Rio não mudam as punições. Cada torcida está suspensa por um motivo diferente, que vão de brigas até homicídio. O prazo de punição, embora fixado em três anos, pode se estender por novas determinações.
- Não tem qualquer chance de diminuir as punições. Essa tentativa não terá apoio do Ministério Público e acredito que também não terá do Judiciário. O sistema precisa ter credibilidade - disse o promotor.
Desde 2013 sem poder frequentar os estádios por causa da briga generalizada em Joinville na partida entre Vasco e Athletico-PR, a Força Jovem é a que está há mais tempo afastada das arquibancadas. De acordo com o presidente da organizada, Fabiano de Sousa Marques, garantiu que a torcida irá se adequar ao que for combinado.
- Nossa avaliação é que as punições que hoje nos impede de frequentar estádio é arbitrária. Pois nenhuma torcida no mundo fica ou ficou 10 anos consecutivos cumprindo punição. Entendemos que há outros meios de punir o verdadeiro culpado, e com o suporte dos órgãos públicos e trabalhando em sintonia com as autoridades, facilitará a identificação de quem causar tumulto e não preservar a ordem pública. Queremos ressaltar a todos que a Força Jovem vai andar dentro da lei.
O secretário de esportes, Gutemberg Fonseca, anfitrião do encontro desta sexta, acredita que uma mudança de protocolo possa sensibilizar as autoridades.
- Como voltar aos estádios? Essa é a nossa grande preocupação. Não temos pressa para que isso aconteça. Queremos montar um protocolo de segurança para apresentar às autoridades competentes. Debatemos diversos temas, discutimos ações e, para não correr nenhum risco, decidimos que as torcidas organizadas irão, sequer, nas portas dos estádios. As organizadas vão abdicar do amor ao clube neste primeiro momento. Uma das coisas que foi demonstrada aqui na Secretaria de Esporte, por parte da torcida, é a vontade de estar ao lado do poder público, para que, definitivamente, a gente seja parceiros. Ou seja, a torcida quer ajudar o poder público a identificar os autores de qualquer incidente.
Doação de Sangue
Entre as ações que visam mostrar a união e comprometimento com a sociedade por parte das organizadas está a doação de sangue. Neste sábado, integrantes da Raça, da Torcida Jovem e da Young Flu vão se encontrar no Hemorio para coleta de sangue.
Fonte: Blog da Gabriela Moreira - ge