Diretoria Administrativa do Vasco diz a conselheiros que modelo mais viável de SAF é com o clube como sócio minoritário
Após quase dois meses de estudo e elaboração do projeto, o Vasco apresentou a seus conselheiros, nesta segunda-feira, os modelos possíveis a serem trilhados para o clube virar uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Em carta aos Conselhos Deliberativo e de Beneméritos, em que o ge teve acesso, a diretoria administrativa apontou três possíveis formatos de negócio a serem adotados, mas indicou sua preferência. O documento ressalta que, o mais factível, em seu entendimento, é o modelo que eventualmente teria o Vasco como sócio minoritário.
O ge apurou que, após conversas com o mercado, o Vasco entendeu que investidores mais qualificados optam por ter o controle do futebol. Por isso o clube avalia que ser sócio minoritário geraria um impacto maior e imediato. Todas as possibilidades, no entanto, estão na mesa, e o clube vai avaliar as melhores propostas que tragam um maior impacto financeiro para o pagamento das dívidas, além de um maior investimento para que o futebol volte a ser competitivo. A decisão final caberá aos sócios.
É uma mudança radical no conceito, uma vez que, no início do processo, em dezembro, o Vasco disse que a ideia era que o clube mantivesse 100% do controle da SAF. Esse modelo, segundo a carta enviada aos conselheiros, é o mais praticado no futebol mundial e traria um aporte mais significativo de investidores, que passariam a ter o controle da SAF.
- Em razão das peculiaridades de mercado apontadas, a Diretoria Administrativa entende que o modelo de negócio mais factível é aquele em que o investidor realiza um aporte significativo e adquire o controle da SAF, pois, além de ser o modelo mais praticado no futebol mundial, oferece investimentos no futebol – diz trecho do documento.
O clube frisa, no entanto, que seria necessário criar regras para preservar a identidade do Vasco. Caberá aos conselheiros e sócios definir qual o melhor caminho e plano de negócio a seguir.
- Nesse caso, é essencial que sejam ajustadas regras que assegurem a preservação das tradições e da identidade e a realização de investimentos na SAF que a coloque em condições de disputar títulos e ser protagonista no futebol brasileiro e sul-americano - aponta outro trecho do documento.
No documento enviado ao Conselho, o Vasco apresenta uma análise sobre três formatos possíveis da SAF. Os três modelos são:
• SAF 100% de titularidade do Vasco
• SAF com participação majoritária do Vasco
• SAF com participação minoritária do Vasco
O ge teve acesso ao documento de 20 páginas entregue ao Conselho e detalha abaixo as opções de modelos apresentadas e as explicações do clube para cada um deles.
SAF 100% de titularidade do Vasco
Nesse modelo, o Vasco seria dono de todas as ações da SAF e não às venderia para investidores. Mas como conseguir investimentos se abrir mão do controle?
Segundo o clube, seria possível usar fontes de capital de terceiros para financiar o futebol, como a contratação de empréstimos bancários, que teriam como garantias parte das ações. Outra possibilidade seria a emissão de debêntures em ações da SAF para captação do mercado.
SAF com participação majoritária do Vasco
Nesse caso, o Vasco disponibilizaria até 49,99% das ações para investidores, mas manteria o controle sobre a SAF. Apesar de se tratarem de modelos de negócios diferentes, no documento enviado ao Conselho o clube cita a parceria com o Nations Bank, em 1998, que injetou 30 milhões de dólares no futebol e possibilitou ao Vasco contratar craques e conquistar títulos importantes, como a Libertadores, a Mercosul e o Campeonato Brasileiro.
O Vasco ressalta, no entanto, que esse é um modelo incomum nos dias atuais, uma vez que os investidores, ao longo do tempo, passaram a demandar um maior controle sobre o futebol para a injetar dinheiro no clube.
SAF com participação minoritária do Vasco
Esse é o formato que a diretoria acredita ser o mais factível. É o mesmo modelo adotado, por exemplo, por Botafogo e Cruzeiro, grandes clubes brasileiros em processo mais avançados da SAF.
Nesse caso, o clube manteria uma pequena porcentagem da SAF, mas o controle e poder para dirigir o futebol seriam do investidor. E é de imaginar que o aporte financeiro, nesse modelo, seria bem maior e imediato.
Próximos passos
A carta enviada aos conselhos foi considerado um passo importante, mas o Vasco vive a expectativa de concluir, até o final desta semana, o estatuto da SAF, projeto que vem sendo elaborado há mais de dois meses com consultoria jurídica externa.
Desde a semana passada, o Grupo de Acompanhamento dos Estudos Técnicos da SAF vem acompanhando os trabalhos. Ele é constituído 15 membros: o 2º vice-geral Roberto Duque Estrada (coordenador), o VP Jurídico Zeca Bulhões (assessor jurídico), o vice-geral Carlos Osório (representante da diretoria), além de conselheiros da situação (Mais Vasco), conselheiros da oposição (Sempre Vasco) e Beneméritos.
Os vices-gerais Carlos Osório (esq.), Robero Duque Estrada (dir), além do VP jurídico e membros do conselho, fazem parte do Conselho Consultivo da SAF, que teve seu primeiro encontro na semana passada — Foto: Hector Werlang
Com a conclusão do estatuto, o Vasco planeja conduzir a constituição da SAF em duas etapas.
1. Aprovação da constituição da SAF com uma empresa subsidiária integral do Vasco sem a transferência de ativos. Será a concretude do projeto SAF no clube, mas ainda sem a definição do modelo que será adotado. O Vasco acredita que essa fase será relativamente rápida, em um prazo mais curto, por não haver a transferência de ativos.
2. Com a SAF instituída, o Vasco iniciará a fase 2, com estudos, debates, levantamentos e, principalmente, propostas concretas na mesa. O clube vem recebendo sondagens de investidores internacionais. Será o momento de definir quais ativos entrarão na SAF, qual modelo será adotado, valores, entre outras coisas. Caso aprovada no conselho, a SAF será levada para votação em Assembleia Geral. Esse é um processo mais complexo e demorado, e o clube entende que levará mais tempo, por se tratar de uma forma definitiva.
Há propostas de investidores?
Desde que anunciou a intenção de se tornar clube-empresa, no fim de novembro, o Vasco vem recebendo consultas de investidores nacionais e internacionais, que buscam informações. Alguns considerados interessantes e muito qualificados. As conversas continuam, mas a diretoria está focada, no momento, em seu rito interno. Após a conclusão da fase 1, com a instituição da SAF, as negociações devem avançar até que seja definido o modelo ideal a ser adotado.
Fonte: ge