Em manifesta dificuldade financeira, o Vasco caminha para o sexto ano com uma parcela milionária de patrocínio retida pela Caixa Econômica Federal pelo fato de o clube não ter a Certidão Negativa de Débitos (CND).
De acordo com o balanço financeiro de 2020, o mais recente divulgado pelo clube, são cerca de R$ 6 milhões (valor bruto) que o Vasco tem para receber desde 2017. A tentativa de desbloquear esse dinheiro, portanto, já foi responsabilidade de três gestões diferentes: de Eurico Miranda, de Alexandre Campello e agora de Jorge Salgado.
Em números reais, o Vasco calcula que deve receber o valor compatível a R$ 4 milhões (líquido), como disse o VP de Finanças Adriano Mendes na proposta de orçamento para 2022 apresentada na reunião do Conselho Deliberativo na última terça-feira.
Ao ge, o VP explicou que está conversando com a Caixa, que deve "glosar alguns dos documentos" apresentados pelo clube até então. O que, atrelado aos juros e correção da inflação, esclarecem a redução no valor. No entanto, ainda não se sabe quando esse pagamento vai cair na conta.
A parcela retida pela Caixa faz parte do que a pasta de Mendes chama de "atrasos operacionais" - na prática, o dinheiro que o Vasco planejou receber, mas que acabou não chegando. Até outubro, os atrasos foram de cerca de R$ 20 milhões. Também fazem parte desse grupo valores não recebidos pelas negociações de Talles Magno (New York City), Arthur Sales (Lommel) e Nathan (Boa Vista), por exemplo.
O Vasco vai encerrar o ano de 2021 devendo os salários referentes ao mês de novembro e o 13º a funcionários e jogadores.
CND é promessa de Salgado
Os R$ 6 milhões dizem respeito à última parcela do patrocínio da Caixa, que até 2017 estampava a marca no uniforme do Vasco. Enquanto o clube não recuperar sua CND, que é o atestado da Receita Federal de que a agremiação está em dia com suas obrigações tributárias e fiscais, esse valor não será liberado. A última certidão vascaína venceu em 20 de setembro de 2017.
Dos 40 clubes das Séries A e B, 18 não tem CND, a metade quase - conforme dados da Receita Federal de 2021. O Vasco é um dos que está há mais tempo sem o documento, afinal, a maioria expirou a partir de 2019.
A obtenção da CND foi uma das promessas que pavimentou a campanha de Jorge Salgado. No documento de Declaração de Compromissos, ao comentar sobre as propostas para os esportes olímpicos, o atual presidente afirmou: "Devolveremos ao clube sua Certidão Negativa de Débito".
Sem a CND, os clubes não podem receber dinheiro de empresas estatais e nem captar recursos por meio de leis de incentivos fiscais. Alexandre Campello, que assumiu a presidência após Eurico Miranda, disse em entrevista ao ge no ano passado que só não conseguiu a certidão porque foram descobertas outras dívidas em cima da hora.
- Em determinando momento, ficamos próximos de conseguir. Eu paguei tudo que tinha ficado para trás. Quando fomos na Receita para dar entrada no pedido, ao fazer o cruzamento dos dados, eles levantaram uma série de débitos que não eram conhecidos pois foram pagamentos feitos a menor. Ou seja, pagou-se guias com valor menor do que se deveria. O que se imaginava estar em dia, na realidade, não estava - alegou ele.
No começo de 2020, o Sindicato dos Empregados em Clubes, Federações e Confederações Esportivas e Atletas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro (Sindeclubes) entrou na Justiça para pedir que a verba fosse liberara para o pagamento de salários atrasados. Porém, a Caixa recorreu da primeira decisão que determinava o repasse do dinheiro e obteve autorização judicial para não liberá-lo.
Fonte: ge