Pássaro tem trabalho contestado no Vasco e sua permanência pode 'rachar' base política de Salgado
Contratos por produtividade, jogadores "rodados" e a maior folha salarial da Série B do Campeonato Brasileiro. O Vasco entrou como um dos favoritos, mas o projeto de voltar à Série A fracassou, e o departamento de futebol se tornou motivo de impasse na gestão do presidente Jorge Salgado.
Do organograma da pasta apresentado durante a eleição presidencial, pouco — ou quase nada — foi visto na prática. O diretor-executivo Alexandre Pássaro se tornou o homem de confiança do mandatário e tem sido o principal alvo de questionamentos, com a continuidade em xeque para a próxima temporada.
Sem um vice de futebol desde que assumiu a presidência, Salgado apostou todas as fichas no profissional ex-São Paulo, visto pelo dirigente como um profissional capacitado na gestão de contratos, negociações e montagem de elenco.
O último ponto, porém, é o principal tópico das críticas, pois muitos avaliam que a maioria das contratações não vingou. Há quem acredite, inclusive, que a manutenção do dirigente poderá "rachar" o grupo que serviu de base política do presidente. A ausência de Salgado, Osório (vice geral) e outros integrantes da cúpula na entrevista coletiva após a goleada sofrida pelo Botafogo também foi quesito de muitas críticas dos cruz-maltinos.
Com vínculo contratual até dezembro de 2022, Pássaro, nesta mesma entrevista, admitiu que houve erros no projeto, mas consegue enxergar alguns pontos positivos.
"Houve muitos erros, assim como acertos também. Isso é uma coisa clara e que, naturalmente quando se analisa a montagem do elenco, tem que falar nomes. Mas aqui eu não vou expor absolutamente ninguém. O trabalho que eu fiz aqui esse ano é o mesmo de um ano atrás quando o São Paulo, onde eu estava, liderava o campeonato com dez pontos à frente e estava na semifinal da Copa do Brasil. É o mesmo trabalho que liderou o Brasileiro em 2018. Esse trabalho é o que eu sei fazer, é o que me trouxe até aqui", declarou Pássaro após a goleada sofrida para o Botafogo, complementando:
"Caso eu entenda, daqui até o dia 31 de dezembro, que essa minha forma de trabalhar é uma parte do problema do Vasco e não da solução, o problema está solucionado. Eu sei errar e aprender. Hoje com esse fracasso do Vasco de não conseguir subir para a Primeira Divisão, eu sou um profissional muito melhor do que era um ano atrás. Tenho a tranquilidade e a certeza de que a gente vai andar para a frente".
Apesar dos questionamentos e de estar sofrendo uma forte pressão, Jorge Salgado ainda não tem uma definição sobre o futuro do departamento de futebol. Enquanto isso, Pássaro já começa a planejar a próxima temporada, a começar com conversas sobre a continuidade, ou não, do atacante Germán Cano, que terá seu atual contrato encerrado ao fim do ano.
"O empresário do Germán Cano chegou ao Brasil no dia 5, na sexta-feira. E fica, se não me engano, até o dia 16. Eu já estava combinado de me encontrar com ele para falar do ano que vem e assim farei, porque acho que é uma coisa importante para o Vasco. Levarei esse assunto ao presidente. Gostaria eu de sempre trabalhar com jogadores como Germán Cano", declarou Pássaro.
Clima político pesa
Segunda colocada na eleição presidencial, a chapa "Sempre Vasco", encabeçada por Julio Brant, tem, atualmente, 10% do Conselho Deliberativo. No decorrer do pleito, "Mais Vasco" e "Sempre Vasco" tiveram bom diálogo e chegaram a ser aliadas em algumas questões judiciais — vale lembrar que a eleição foi parar até mesmo no Supremo Tribunal Federal (STF). Na última sexta-feira, porém o grupo político pediu em nota oficial a renúncia de Jorge Salgado e a demissão de Pássaro.
"O vascaíno foi vítima de um estelionato eleitoral em que as promessas não foram cumpridas por falta de projeto e liderança (...). Jorge Salgado e Alexandre Pássaro são responsáveis por imensos prejuízos ao clube que vão desde de imagem até financeiros. Todos graves", diz trecho do documento.
Fonte: UOL