Edital da nova concessão do Maracanã está previsto para janeiro de 2022; Osório comenta
Quarta-feira, 27/10/2021 - 19:46
A primeira audiência pública visando consulta popular e sugestões sobre a nova concessão do Maracanã foi realizada na tarde desta quarta-feira, no Palácio Laranjeiras. O secretário da Casa Civil do Estado do Rio de Janeiro, Nicola Miccione, explicou que o estádio continuará sendo gerido conjuntamente por Flamengo e Fluminense, por meio do Termo de Permissão de Uso (TPU), até o lançamento do novo edital em definitivo. A previsão é de que uma primeira versão saia em janeiro de 2022:

– Temos hoje a primeira audiência publica. Seguiremos conversando com os principais clubes do Rio. A previsão é que lancemos o edital com os ajustes, sugestões, críticas incorporadas e aperfeiçoadas, no começo de 2022, expectativa de janeiro ainda – disse.

– Se dará um tempo necessário para que os eventuais competidores possam avaliar as condições técnicas dos equipamentos, possam formular sua proposta técnica, muito provavelmente em abril, maio, teremos o edital definitivo, ate lá o estádio continuará sendo gerido por meio de TPU, que deverá ser renovada até a efetiva conclusão do processo, que se inicia agora – acrescentou.

A audiência pública desta quarta foi realizada para debater os termos para a criação do edital. Novas regras podem ser recluídas e até retiradas do que já foi proposto. Flamengo, Fluminense e Vasco mandaram dirigentes. A ideia é outras audiências aconteçam na sequência.

– Temos hoje a primeira audiência pública, onde discutimos com a sociedade, com os clubes, empresas, a sugestão de modelagem do governo. A premissa básica é o Maracanã com protagonismo dos clubes de futebol do estado do Rio, com número mínimo de partidas a serem realizadas no ano. (O Maracanã) é um equipamento que traz fluxo para o turismo, para a economia, por isso a importância de ter os clubes realizando suas partidas no Maracanã.

Veja mais tópicos abordados pelo secretário da Casa Civil, Nicola Miccione:

Mínimo de jogos por ano

– 70 jogos são o número necessário que garante viabilidade econômica para a manutenção do estádio. O Maracanã demanda um valor expressivo de manutenção anual, os estudos apontaram que o valor de 70 jogos como parâmetro, conjugado com a obtenção de outras receitas, garante a manutenção para o prazo de 20 anos da concessão. Isso não significa que, na prática, havendo necessidade de um número menor, o gestor busque receitas complementares à realização de jogos.

"Número de 70 é um ponto a ser discutido, outras concessões falam em 60, 66, e a gente ouvindo a sociedade pode fazer ajustes, mas dentro de uma lógica financeira, que haja garantia de equilíbrio econômico para a manutenção do estádio".

Preocupação com o gramado em meio ao número de jogos

– Será necessário ajuste no gramado, aperfeiçoamento e qualificação maior para a manutenção do gramado, mas comparando com outros estádios do mundo, não vemos nisso um problema, desde que aperfeiçoamentos ocorram.

Divisão da gestão

– Poderão participar tantos clubes quanto necessário para a habilitação mínima de 54 jogos em competições apontadas no edital, de nível nacional e internacional. É uma questão que não compete ao Estado definir. O Estado define o número de jogos mínimo. Se o gestor irá discutir a realização de jogos entre dois, três clubes, não cabe ao Estado definir.

– É muito importante evitarmos os problemas da concessão anterior, e de outras no Brasil que não deram certo: um gestor que vai conversar depois com os clubes. Se a gente olhar o histórico, verifica que a relação é sempre ruim. Nesse modelo, a gente traz os clubes como protagonistas para que as regras estejam previamente discutidas com o gestor ou com o consórcio vencedor, de modo que tenhamos um ano de atividades sem discussão jogo a jogo do gestor com os clubes. Você força que a gestão do estádio previamente converse com os clubes.

Ingressos

– A gestão da utilização dos ingressos é da empresa ou do consórcio vencedor. O Estado não incluiu nenhuma exigência de volta da geral ou de preço popular. É uma dinâmica de mercado, o estado não pode interferir numa questão como essa.

Confira também as visões de Fluminense e Vasco sobre a nova concessão:

Matheus Montenegro, VP de Relações Institucionais do Fluminense

Preocupação com o gramado

– É, de fato, um ponto de preocupação. O clube quer que o gramado seja o melhor possível, a gente já vem trabalhando em cima disso e, no momento da concessão, se tudo der certo, a gente vai trabalhar ainda mais para que o gramado fique ainda melhor.

Alguma empresa já mostrou interesse em fazer parte da concessão?

– Tem diversas empresas no Brasil e no mundo que fazem gestão de arena. É natural que haja procuras, mas não houve nenhuma conversa oficial.

Interesse do Vasco

– Ainda é muito prematuro para falar sobre isso. A gente tem que lembrar que o que aconteceu aqui foi a divulgação da primeira minuta do edital. É um processo longo, ainda vai ter outra audiência pública, o edital ainda vai ser divulgado. No momento da procura, a gente vai analisar a possibilidade.

Renovação até nova concessão

– A gente tem um termo temporário que vale a cada seis meses, ele vai expirar agora, então é necessário que haja mais uma prorrogação. O processo de licitação é um processo demorado, então, é bem provável que haja mais uma prorrogação.

Carlos Roberto Osório, VP do Vasco

Já houve conversas com Flamengo e/ou Fluminense?

– O Vasco está concentrado nesse momento da audiência pública, nós analisamos o edital de concessão a fundo, fizemos as nossas observações. Hoje vamos participar trazendo mais contribuições. Nós entendemos o seguinte: o espírito do edital é correto, coloca um protagonismo aos quatro grandes clubes do Rio, como tem que ser. O Maracanã é um equipamento público, construído pelo povo do Estado do Rio de Janeiro como praça de futebol. A gente acha muito positiva a maneira como a licitação foi concebida, e o Vasco imagina o seguinte: esse momento é de compreensão do edital e para aguardar a concretização da regra do jogo.

– A partir do momento que a regra do jogo estiver definida, o clube irá procurar tanto Flamengo, quanto Fluminense, quanto Botafogo. A visão do Vasco é de que os quatro grandes clubes do Rio pudessem estar organizados de modo que o Maracanã pudesse ter a melhor utilização possível, melhor retorno social e esportivo para o Rio de Janeiro. Nós já tivemos algumas conversas informais, enfim, o Vasco já se manifestou oficialmente sobre sua posição. Tenho certeza de que a partir do momento que essas regras forem conhecidas, aí sim essas conversas acontecerão de maneira mais concreta. Como não tem regra, fica tudo ainda muito preliminar.

Como organizar para usar o Maracanã e São Januário?

– O Vasco mudou de enfoque. Há quatro anos, quando se encerrou a licitação da concessão do Maracanã com a Odebrechet, e o Estado procurou os clubes para uma concessão precária, o Vasco não se interessou em participar. Hoje, nós temos num contrato precário o Flamengo e o Fluminense. O Vasco entende que o Maracanã é uma praça estratégica para o nosso clube, é o estádio mais famoso, conhecido, importante do mundo. E o Vasco fez parte da construção da lenda do Maracanã. Fomos os primeiros campeões, os principais títulos do clube foram conquistados no Maracanã, assim como dos outros clubes do Rio de Janeiro. Então, a volta do Maracanã é estratégica para nós.

– E o que nós pretendemos é construir com um portfólio: Maracanã e São Januário. Parte dos nosso jogos mandaremos no Maracanã, parte em São Januário. Com isso, a gente acredita que seja positivo para todo mundo. Positivo para o Estado, para o Maracanã. O Vasco é um clube que tem uma torcida nacional e tem possibilidade de encher o Maracanã, como já fez em inúmeras vezes. Nossa entrada fortalece o projeto, agrega valor, sendo bom para o Vasco, para os outros clubes, para o Estado e também para o próprio Maracanã.

Sócios-torcedores

– O nosso clube tem uma torcida muito grande e uma quantidade de associados muito grande, já tivemos 200 mil sócio-torcedores e temos demanda para uma praça de 78 mil assentos. Estarmos fora do Maracanã significa diminuir o alcance e o potencial de atendimento do nosso programa de sócio-torcedor. Por isso, o Vasco quer estar no Maracanã para os seus grandes jogos, complementando com São Januário. Na nossa visão, a gente vai ter um portfólio muito forte para o clube e para o nosso torcedor.



Fonte: ge