A vacinação contra a Covid-19 avança pelo país, dá uma rasteira nos números da pandemia, mas ainda é driblada por uma minoria de jogadores no futebol brasileiro. Levantamento de O GLOBO com os 20 clubes da Série A, mais os três maiores da Série B (Botafogo, Cruzeiro e Vasco), mostra que ainda há quatro elencos com jogadores que não receberam sequer a primeira dose do imunizante. Cinco equipes não responderam.
Os dois extremos da vacinação no Brasileiro são de Belo Horizonte. Líder da competição, o Atlético é também quem mais imunizou seus jogadores. Em maio, o clube optou por aceitar as doses de Sinovac oferecidas pela Conmebol àqueles que disputam Libertadores e Sul-Americana. Em junho, 75% do elenco estava com as duas doses. De acordo com o Galo, atualmente todo o elenco está com a vacinação completa.
Já o América-MG ainda tem 14% do elenco sem vacinação, e o restante apenas com a primeira dose. São seis jogadores que, de acordo com o clube, não se vacinaram devido ao calendário de jogos do Coelho. Questionado sobre como o clube tratou da necessidade de vacinação com o elenco, o departamento médico respondeu que "o América não exige, mas orienta a vacinação de todos, além de enfatizar que a imunização é o cenário mais seguro para o atleta e seus familiares".
Outros times com jogadores sem vacinação no elenco são Ceará, Fortaleza e Cuiabá. O Vozão alegou que os 5% do grupo ainda carente da primeira dose contra a Covid-19 são jogadores recém-chegados. O Fortaleza tem apenas um jogador sem vacina, segundo o clube, impedido de tomar o imunizante por ter tido a doença recentemente. Já o Cuiabá informou que, do seu elenco, apenas Jonathan Cafu não foi vacinado. O jogador não procurou a vacina e, de acordo com o Cuiabá, deve tomar a primeira dose nos próximos dias.
A falta do imunizante não interfere na participação de Cafu nos jogos da equipe. Diferentemente do que acontece na NBA, onde a vacinação será, dependendo do local da partida, obrigatória na próxima temporada, no Brasileirão os jogadores não necessitam estar obrigatoriamente imunizados. Eles precisam atender a um destes três requisitos: apresentar teste negativo para a Covid-19, ou então positivo para a presença de anticorpos, o que é o caso do atacante do Cuiabá, ou estarem vacinados.
Nos Estados Unidos, Kyrie Irving, jogador do Brooklyn Nets,se recusou a tomar a vacina contra a Covid-19. Como, sem a imunização, não poderá participar de alguns jogos da equipe, os donos da franquia de Nova York optaram por afastá-lo completamente da equipe enquanto ele seguir sem estar protegido.
Exigência da Conmebol
Atualmente, o maior promovedor da vacinação entre os jogadores no Brasil é o Sistema Único de Saúde. Dos 18 clubes que atenderam aos pedidos da reportagem do GLOBO — 16 da Série A e mais Vasco e Botafogo — 13 imunizaram seus elencos seguindo o calendário vacinal de suas cidades. Entre eles, a Chapecoense foi a que informou ter a vacinação mais avançada, com cerca de 85% do grupo com a imunização completa, de duas doses ou dose única.
Depois do SUS, vem a Confederação Sul-Americana de Futebol. Além do Atlético-MG, Atlético-GO, Palmeiras, São Paulo e Internacional aproveitaram a oferta de doses da Sinovac por parte da entidade e anteciparam a vacinação de seus elencos — o que gerou controvérsia na época, uma vez que os atletas se imunizaram antes de pessoas de idades mais avançadas, consequentemente, mais suscetíveis aos males da Covid-19. Não à toa todos os cinco estão com 100% dos jogadores já com ao menos a primeira dose da vacina.
Quem também, indiretamente, promoveu a vacinação dos jogadores brasileiros foi o Uruguai. Sua capital, Montevidéu, receberá as finais da Sul-Americana e da Libertadores, em novembro, e o governo local estabeleceu a obrigatoriedade da vacinação completa para todos os membros das delegações envolvidas nas finais, incluindo jogadores. Athletico e Bragantino entrarão em campo no dia 20. Sete dias depois, será a vez de Flamengo e Palmeiras disputarem o principal título do continente.
Cinco não se manifestam
Parte das milhares de doses de vacina da Conmebol seriam repassadas para a CBF, que ficaria responsável por aplicar o imunizante nos jogadores das equipes dos Campeonatos Brasileiros masculino e feminino. Isso acabou não se confirmando. O Flamengo, que pretendia aproveitar a vacinação promovida pela entidade, acabou organizando com a Secretaria Estadual de Saúde uma vacinação em bloco do elenco no Galeão, dia 19 de agosto. Foi a maneira encontrada para o clube encontrar uma brecha entre as três competições que disputa — Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil.
Foram aplicadas doses da Pfizer. De acordo com o planejamento da diretoria rubro-negra, a segunda dose será entre 28 e 31 deste mês.
Dos clubes que atenderam à reportagem do GLOBO, apenas Sport e Juventude afirmaram que trataram a vacinação como algo obrigatório para seus jogadores. Alguns clubes disseram que orientaram seus atletas da importância da vacinação, mas que a adesão ao imunizante foi espontânea.
Cinco clubes não se manifestaram para a reportagem. O Bahia informou que jogadores tomaram a primeira dose no CT, mas não especificou quantos e nem se há atletas já com duas doses tomadas. O Corinthians soube informar apenas que dez atletas do elenco possuem vacinação completa. O Fluminense disse não ser capaz de informar sobre a vacinação do elenco. Cruzeiro e Athletico não atenderam aos pedidos. O Furacão imunizou jogadores com doses da Conmebol.
Fonte: O Globo Online