Após a reunião de segunda-feira (20), em que a proposta inicial da Globo para o pay-per-view do Campeonato Carioca foi apresentada, o próximo movimento nas negociações deve ser da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj). A entidade rejeitou um pedido inicial da emissora para acabar com a disputa jurídica que começou no ano passado, mas informou que fará uma contraproposta.
A Globo colocou como pré-requisito para levar a discussão à frente um acordo com a entidade o fim do litígio iniciado em 2020, quando a emissora rescindiu unilateralmente o acordo pelo estadual que iria até 2024. Na ocasião, o Flamengo usou a MP do Mandante como argumento para transmitir seus jogos em uma plataforma própria.
A proposta rejeitada da Globo propunha um pagamento de R$ 7,8 milhões para que a Ferj aceitasse encerrar a discussão. A favor da entidade, uma decisão em primeira instância condena a Globo ao pagamento de R$ 156 milhões. O processo corre em segredo de Justiça.
Além do novo contrato, uma nova contraproposta poderia ser benéfica para cinco dos clubes pequenos: Portuguesa, Madureira, Volta Redonda, Bangu e Nova Iguaçu, que ainda não fizeram acordo na disputa. Em nota, a Ferj disse ser representante dos clubes e que "está aberta para conversas no rumo de um acordo, desde que justo, que contemple os anseios dos credores, que foram muito afetados pelo não cumprimento do vínculo anterior".
"Foi a primeira conversa. O importante é a gente pensar em receber o passado", disse Marcelo Barros, presidente da Portuguesa, ao UOL.
Entre os que participaram da reunião de segunda, há quem veja a Ferj endurecendo a conversa para barganhar uma proposta de acordo mais alta. Entre os grandes, Vasco, Fluminense e Botafogo costuraram com a emissora o pagamento de aproximadamente R$ 30 milhões para cada um pela quebra de acordo de 2020. O Flamengo não tinha contrato em vigor com a Globo quando houve a rescisão. O vínculo anterior fazia com que a Globo repassasse cerca de R$ 18 milhões a cada um dos grandes por temporada.
Na proposta que a Globo fez para o PPV nos próximos três anos (2022, 2023 e 2024), a emissora passou uma estimativa de valores que pretende pagar: entre R$ 45 milhões e R$ 55 milhões por temporada, segundo o UOL apurou.
A Ferj admite que "o tema é complexo, mas não impossível" de solucionar. A entidade explicou que "vai tratar do tema e a possibilidade de um acordo nunca deixou de ser considerada".
Independentemente da posição da Ferj, os dirigentes acham que o valor proposto pelos três campeonatos é baixo, considerando a fatia que a Globo tem do mercado de assinantes e da abrangência do Premiere no Rio. Apesar da visão de que podem ganhar mais, Fluminense, Vasco e Botafogo querem avançar na negociação com a Globo pelo PPV. A participação do Fla ainda é uma incógnita
Na reunião, a Ferj tentou que fosse votada a deliberação de que os clubes só analisariam contratos que tivessem duração até 2022. Na leitura de alguns dirigentes, isso derrubaria da pauta a discussão da proposta da Globo, já que o contrato em questão pode ser fechado até 2024. O Fluminense, por exemplo, disse durante o encontro que algo de interesse dos clubes deveria, sim, ser analisado, ainda que fosse além de 2022. A Ferj negou ao UOL que tivesse a intenção de derrubar a discussão sobre o PPV do arbitral e explicou que a ideia de estabelecer um limite de tempo era para contratos de patrocínios. O item "Globo" foi o último da pauta do arbitral.
Na TV aberta, o contrato segue com a Record para 2022, e os clubes dividirão R$ 15 milhões brutos. Na edição passada, a Record pagou R$ 11 milhões. Como os pequenos sofreram mais em 2021, acabaram conseguindo uma redivisão para que parte dessa receita da aberta tenha um "mínimo garantido".
O rearranjo considera os R$ 4 milhões a mais de 2022, além de uma promessa de redução dos custos de produção, que cairiam de R$ 6 milhões para R$ 3 milhões. Os pequenos dividirão entre si R$ 7,5 milhões. Os cerca de R$ 4,5 milhões líquidos restantes serão fatiados entre os grandes.
Quem faz a intermediação das tratativas é a Sportsview, responsável por negociar os direitos comerciais do Campeonato Carioca e que tem como sócio Marcelo Campos Pinto. O UOL tentou contato com ele nove vezes entre a noite de segunda-feira e a noite de ontem (21), mas não obteve resposta.
Fonte: UOL