Campeão pelo Vasco nos anos 90, Yan volta à Colina como auxiliar de Fernando Diniz
Domingo, 12/09/2021 - 18:31
No anúncio de Fernando Diniz como novo técnico do Vasco, feito na última terça-feira, o torcedor mais desavisado pode ter passado batido pelo nome de Yan Razera, um dos auxiliares que chegam com o treinador. Porém, quem acompanhou o início dos anos 90 no futebol carioca, período marcado pelo tricampeonato estadual vascaíno, logo associou ao "Yan do Vasco".

Meia canhoto que se profissionalizou em 1993 (mesmo ano em que foi campeão mundial pela Seleção sub-20, com direito a um gol na final - veja abaixo) e figura fundamental no tri, sacramentado no ano seguinte, Yan vestiu outras camisas importantes do futebol brasileiro, como as de Internacional, Fluminense, Grêmio e Flamengo. Mas nunca escondeu que São Januário, onde chegou aos 13 anos, em 1988, é a sua casa. Ou seja, falou em Yan, falou em Vasco.





Esta reportagem traz dois personagens que não viram o talentoso canhoto infernizar defesas adversárias com qualidade técnica e ótima finalização, mas acabaram herdando dele o nome. Tão logo que Diniz foi anunciado, os jovens Yan Silva e Yan Tavares reagiram via Twitter afirmando que, por razões diferentes, foram batizados em homenagem ao ex-jogador.

Yan Silva, paraibano pé-quente

Vascaíno apaixonado, o paraibano José Mendes, natural de Bananeiras, que fica a mais de 2 mil quilômetros do Rio de Janeiro, não teve muitas dúvidas para escolher o nome do filho que nasceria no mês de maio de 1994, justamente ano do tricampeonato estadual do Vasco.

Yan vinha arrebentando naquele Carioca, inclusive havia marcado em 3 de abril belo gol na goleada por 4 a 1 sobre o Fluminense, que rendeu ao Vasco o bicampeonato da Taça Guanabara (veja no vídeo abaixo).

- Era um craque do Vasco da Gama, meu filho ia nascer em 1994. Quando nasceu, o nome dele ia ser Yan porque eu sabia que íamos ser tricampeões cariocas. Fomos campeões em cima do Fluminense, e eu não podia mudar mais. O futebol dele era bonito pela canhota, um jogador bom de bola, que jogou com muitos craques e era um craque. Meu filho é Yan para sempre. Que Deus abençoe o Yan do Vasco da Gama - afirmou José, que hoje mora em João Pessoa.



Mal sabia Seu José que o primogênito viria ao mundo em 14 de maio, véspera da conquista do tricampeonato carioca, confirmada com vitória por 2 a 0 sobre o Fluminense - Jardel fez os gols. Yan Silva se provava pé-quente, só não dá para dizer que "tirou 10" porque o Yan mais famoso perdeu um pênalti.



Entretanto o camisa 11 do Vasco naquela decisão, à época com 19 anos recém-completos, jogou muito na sequência do clássico e foi quem iniciou a jogada do primeiro gol (veja os melhores momentos abaixo).

- A gente estava tão preparado para aquela final que eu nem tinha encostado o pé na bola quando deu o pênalti (marcado aos 53 segundos). Acho que era o quarto ou quinto pênalti do campeonato, e eu tinha feito todos. Mesmo perdendo o pênalti, eu considero aquela uma das melhores partidas que fiz pelo Vasco. E um garoto que perdesse um pênalti poderia sentir demais, mas comigo foi o contrário - disse Yan em entrevista ao Detetive Vascaíno quando ainda auxiliava Fernando Diniz no Santos.



Hoje aos 27 anos, o atendente Yan Silva aprovou a homenagem feita pelo pai e viu seu amor pela Cruz de Malta crescer a partir da inesquecível virada por 4 a 3 sobre o Palmeiras, na final da Mercosul de 2000. Por dentro da história do Yan original após muita pesquisa, o paraibano tem saudades do que não viveu.

- Gosto muito do meu nome, lembro muito da virada histórica do Vasco em 2000, quando eu tinha 6 anos, e a partir daí fui pesquisar sobre Yan. Até passei a segui-lo no Instagram e gosto muito do meu nome. Gostaria de saber do Yan como ele se sente sabendo que tem uma pessoa que tem o nome em homenagem ao que ele fez pelo Vasco. Naquele tempo, o Vasco botava medo em todo mundo. Agora ele, como auxiliar, pode tentar fazer o Vasco voltar a ser temido como sempre foi.

Ouvido da vovó decisivo na escolha

Como um lançamento longo de Yan, saímos de João Pessoa e partimos para Campos dos Goytacazes, no Norte do Rio de Janeiro. Yan Tavares, um ano mais novo que o xará paraibano, não ganhou o nome do ex-jogador do Vasco pelo futebol vistoso. Prevaleceu a sonoridade.

O ano era 1995, e um jogo do Vasco passava na TV de Dona Maria Irani, avó paterna do garoto que estava para chegar. Quando ouviu o narrador citar o nome do meio-campista vascaíno, gostou e propôs ao filho, Magno, e à nora, Neia, como opção para batizar o neto. Golaço! O casal aprovou, e Yan reforçou a família Tavares em 11 de setembro de 1995 - parabéns atrasado!

- Eu vi anunciando o nome dele num jogo do Vasco que estava passando. Aí eu gostei do nome, minha nora estava grávida e, quando ela ganhou neném, eu pedi que botasse o nome de Yan. Eu gostei muito - afirmou Maria Irani, hoje aos 82 anos.

Jornalista, o aniversariante deste sábado atualmente escreve sobre futebol local e clubes de menor investimento no site "Nosso Esporte RJ", de Campos. Por conta da função, admite ter freado um pouco o fanatismo pelo Vasco, mas, obviamente, a Cruz de Malta ainda está presente no coração de Yan.

- Para mim, sempre foi uma escolha que gostei muito. Desde criança acho meu nome muito bonito, meu pai fala muito bem do futebol dele. Tem tudo a ver, acho que foi o que me fez Vasco. Fui muito mais fanático na infância e na adolescência. Hoje pelo trabalho sou menos, mas acho que não tinha como ser diferente. Acabei Vasco com o nome do Yan, que era ídolo do Vasco. Sou Vasco e fanático por futebol - encerrou Yan, cuja família paterna é quase que 100% vascaína.



Fonte: ge