Em abril deste ano, no Galo Business Day, o Atlético-MG apresentou seu balanço financeiro com dívida superior a R$ 1,2 bilhão. A maior parte com um grupo de empresários torcedores do clube que, só nos últimos dois anos, emprestou quantia superior a R$ 400 milhões, sobretudo para contratações. Um empréstimo sem juros e que, a princípio, seria quitado à medida que o clube conseguisse vender os atletas contratados. A princípio.
- Compramos jogadores bons, com certeza que terão mercado. O Atlético vende os jogadores na hora certa e devolve o dinheiro. Não queremos que o Atlético tire dinheiro de outras receitas. Quando vender os jogadores, paga a gente, sem prazo - explicou Rubens Menin, em abril.
Quatro meses depois, o Atlético oficializou a venda do atacante Marrony ao Midtjylland, da Dinamarca. Contratado do Vasco em 2020 por R$ 21 milhões (com apoio do mecenas), o Galo vendeu o atleta em um negócio de € 4,5 milhões (€ 3 milhões à vista e € 1,5 milhão a ser pago em junho de 2022). O valor ainda pode subir para até € 7,5 milhões (aproximadamente R$ 47,2 milhões, hoje), a depender do cumprimento de metas por Marrony.
Do montante garantido (€ 4,5 milhões), o Atlético repassou € 630 mil (R$3,8 milhões) ao Vasco (detentor de 14%) e € 270 mil (R$1,6 milhão) ao Volta Redonda (6%). Além disso, pela lógica pré-informada por Rubens Menin, teria de devolver outros R$ 21 milhões ao empresário pelo empréstimo, mas não foi o que aconteceu.
É o que garante o filho dele, Rafael Menin, também empresário e CEO da MRV Engenharia. Ao ge, ele afirmou que todo o valor que entrou (e entrará) nos cofres do Atlético pela venda de Marrony seguirá com o clube. E assim deve seguir nas próximas negociações.
- 100% para o Atlético. O Atlético, hoje, ainda não tem capacidade financeira para nos pagar o investimento já feito no clube, neste empréstimo sem juros. E a gente acha que isso vai levar um certo tempo, dado esse desencaixe no fluxo de caixa do clube. Então certamente as próximas vendas também serão destinadas 100% pra poder reduzir o endividamento com outros credores - garantiu.
Também ao ge, em outra oportunidade, Rubens afirmou algo semelhante ao que disse o filho, agora.
- Vai retornar de uma forma discutida, tranquila, sem estresse. Nós não estamos aqui pra apertar o Atlético. Estamos pra tentar fazer um projeto que vai ser exemplo pro futebol brasileiro. Longe disso (cobrança urgente), viu? - disse.
"Não somos investidores"
Rafael e Rubens Menin fazem parte dos 4 Rs, formado também por Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Um grupo que já existe há mais de 10 anos, mas passou a investir e participar mais ativamente do dia a dia do Galo a partir de 2020. Não só com aporte de recursos, mas com experiência administrativa e empresarial.
O grupo já emprestou cerca de R$ 400 milhões no clube, R$ 253 milhões só em contratações. Tudo a juros zero, e sem prazo definido para pagar.
- Não somos investidores, somos apoiadores. E apoio pressupõe que a gente não está com objetivo de tirar nada do clube, muito pelo contrário. Foi alocado um capital novo para o clube, passar por esse momento de dificuldade, e ao longo do tempo esse recurso vai ser pago, sem juros, e o Atlético segue sua vida - destaca Rafael Menin.
Segundo ele, a ideia do grupo é deixar um legado para o futuro do Atlético.
- A gente achou que com a presença desse grupo, poderia acelerar ou catalisar essa mudança pra ter uma gestão de fato de altíssimo nível. Isso foi o que nos motivou. Neste momento de transição, dos clubes bem geridos dominando o cenário esportivo, a gente entendeu que era a hora de participar também, ajudar e fazer com que o Atlético participe desse seleto grupo de times que vão competir bem em todas as competições. Nosso trabalho está lá de forma temporária.
Fonte: ge