Confira outros tópicos da entrevista coletiva de Lisca após Vasco 2 x 0 Ponte Preta
Eloquente como de hábito, o técnico do Vasco, Lisca, pontuou série de aspectos depois da vitória do time contra a Ponte Preta, em São Januário: 2 a 0, gols de Andrey e Caio Lopes. Os dois pratas da casa foram muito elogiados pelo treinador. Assim como Leandro Castan, que retornou ao time nesta tarde de domingo. Ele também aprovou as mexidas que conseguiu fazer depois de semana de treinos.
Com a vitória, o Vasco chegou aos 31 pontos, está em 10º lugar, a quatro pontos atrás do Botafogo, quarto colocado. A próxima partida será na sexta-feira, às 19h, novamente em São Januário, desta vez diante do Brasil de Pelotas, penúltimo colocado com 14 pontos.
- Nesta semana pudemos experimentar alguns jogadores, conversar com eles. Sentir quem estava melhor preparado mentalmente, que foi o caso do Caio Lopes. Andrey é outro. Vocês viram a entrevista do Andrey, muita gente achou, "ah, é isso... ele falou um monte de coisa", mas mostrou indignação. Porque nosso clube está bem longe do que a gente quer. Aqui tem homem, pai de família, tem meninada também. Todos têm caráter - disse Lisca.
Cheio de frases de efeito, o treinador vascaíno disse que o time precisa seguir firme para não ficar longe do G4. A meta é perseguir a pontuação dos quatro primeiros, pontuar e entrar para não sair mais do grupo de acesso à Série A.
- Agora é estado de sítio, é estado de emergência, é corda esticada o tempo todo. Mas é tudo para terminar entre os quatro. A competição é muito parelha, muito dura, mas mais importante do que a vitória era uma boa apresentação. Com entrega, com pressão, num modelo diferente, mesmo que os jogadores não estejam tão adaptados a pressionar no campo de ataque. Porque teve um momento que virou muita "trocação" - afirmou o técnico.
Por mais de uma vez, o treinador do Vasco falou de lideranças da equipe, principalmente do capitão Castan. Ele voltou à equipe depois de lesão.
- A volta do Castan é muito importante, é o grande líder da equipe, tem personalidade enorme, tem relação com o clube, tem relação comigo, com meu auxiliar, o Marcio, pois eles jogaram juntos - explicou o técnico do Vasco.
Ele elogiou a forma de liderança de outros atletas, como Rômulo, Morato, Léo Mattos e a garotada. Para Lisca, os garotos vão amadurecer.
- Os meninos vão amadurecer na marra - comentou o treinador.
Com a presença da mulher Dani na sala de coletiva, Lisca agradeceu o carinho e o apoio que recebeu dos torcedores mesmo no momento de muita instabilidade e depois de três derrotas consecutivas.
- Minha mulher veio de Porto Alegre para me dar essa força. Ela sabe que estou muito engajado e não quero perder essa oportunidade de jeito algum. No aniversário do clube a gente perdeu. Mas o segundo tempo contra o Operário foi todo nosso. Ainda estamos bem insatisfeito com a pontuação e precisamos de mais. Essa foi a tônica no vestiário.
Técnico diz que vai receber "dois ou três reforços"
Sem dar muitos detalhes sobre as buscas do clube por reforços, Lisca deixou claro que vão chegar jogadores nos próximos dias. Comentou que serão "dois ou três" novos jogadores - leia a resposta completa mais abaixo. Ressaltou, porém, que existe dificuldade grande do clube.
Mas fez questão de ressaltar todos esforços da diretoria do clube. O treinador revelou que no domingo passado, depois da derrota para o Operário, ele se reuniu com o diretor de futebol Alexandre Pássaro e o presidente Jorge Salgado, na casa do mandatário vascaíno.
Lisca admitiu que se perdesse neste domingo poderia deixar o Vasco. Também contou que recebeu ofertas de dois clubes da Série A, sem revelar os nomes.
- Cheguei em um momento da carreira em que posso escolher onde trabalhar. E eu escolhi o Vasco. Já tive dois convites de série A desde que aqui cheguei. Mas ninguém vai me tirar daqui. Meus netos vão saber que um dia o vô dele foi treinador do Vasco - comentou.
Confira outros trechos da coletiva de Lisca:
"Castan não deixa a desconfiança entrar"
- Depois de três derrotas, claro que você faz uma imersão. Foi muita conversa, conversei com alguns jogadores individualmente, com algumas lideranças. Solicitei a eles que precisavam falar. O Andrey se colocou muito bem, aquela entrevista foi ótima, ele assumiu a vergonha na cara, o sentimento de todo torcedor vascaíno. Ele é torcedor, formado aqui dentro. Vanderlei, Zeca, Cano, Andrey... o Castan, que é o nosso líder máximo. Muda o treino, o ambiente com ele é um e sem ele é outro, tem foco, liderança, coragem, confiança e acredita no time do Vasco. O Castan não deixa a desconfiança entrar. Morato, Rômulo, um pouco mais quieto, mas é uma liderança pelo exemplo, pela postura. Eu fomentei isso essa semana. É importante que essas lideranças apareçam e os jogadores assumam suas responsabilidades. Esses dois (Andrey e Caio Lopes) estão muito acostumados com isso.
Nova postura
- É isso que o torcedor do Vasco quer ver. Quando a gente compete forte, a nossa qualidade aflora. Isso que ficou de positivo, mas ainda temos muita coisa para crescer. Hoje era uma vitória para nos colocar um pouquinho mais perto do G-4. Para nós, não tem mais jogo tranquilo, é tudo decisão. Como a gente ficou para trás no fim do primeiro turno, a gente tem que recuperar o mais rápido possível.
Quem vem?
- Vamos melhorar (com reforços), o Pássaro está muito ativo nisso. isso é uma coisa que todos os clubes estão fazendo. É um momento de reavaliação do trabalho, de agregar. Obviamente que eu conto com reforços, e é isso que o Vasco vai fazer. Precisamos de um pouco mais de maturidade, um pouco mais de opções no setor defensivo principalmente, mas sem terra arrasada e sem desvalorizar nossos jogadores. Para o momento do Vasco, quando mais opções melhor para todo mundo, até para os próprios jogadores. São dois ou três que devem chegar em breve. Não é fácil reforçar nesse momento, com notícias de penhora e tal.
Pontuação para subir
- Acho que vai dar uma baixada na pontuação (para o acesso), esse ano está muito parelho. No ano passado alguns dispararam. Estamos pensando, sim, nos 64, mas talvez aconteça com 62. Mas isso é mais para a frente, é uma suposição. O que fica são as lições dentro da própria competição, o altos e baixos, embora ainda não tenhamos vivido o alto, só baixos e médios. Contra o Londrina, a gente entrou no G-4, mas rapidamente a coisa virou. Depois ainda perdemos para o Operário, então essas lições ficam forte para a gente. Não podemos relaxar em nenhum momento. Fui assertivo para essa partida, tínhamos que errar menos individualmente. Temos que melhorar nosso desempenho fora também. Enfim, sabemos onde precisamos melhorar, o que precisamos melhorar.
A dupla da base
- O Andrey é um cara que chega muito, bate de média distância. Ele pode ainda agredir mais o fundo, a linha dos caras. A gente estava tocando demais, mas agredindo pouco a linha. Tem que deixar os caras desconfortáveis. O Cano, hoje, fez um grande pivô no primeiro gol. Nós chegamos muito no primeiro tempo e podíamos ter feito mais gols. O Andrey estava jogando mais atrás, de primeiro volante. E o Caio jogava nessa função já há dois, três anos. Conversei demais com ele, ele tem uma personalidade muito grande. Não sei se vocês sabem, mas a mãe do Caio era atleta de vôlei, jogou muito tempo na Alemanha. O pai dele é alemão. Ele está muito engajado no processo do Vasco da Gama. É um jogador que muitos clubes querem, e nós gostaríamos muito que o clube conseguisse o acesso e ele pudesse jogar uma nova Série A. Gostei demais da postura dos dois, como eles se expressaram para o grupo e para nós da comissão técnica. Queria parabenizar os dois. Um gol de cada um, as coisas não acontecem por acaso. São dois caras que eu tenho a máxima confiança.
Apoio da torcida
- Sem palavras. Foi muito emocionante o que eu vivi nessas três derrotas. Normalmente o treinador vai embora, o torcedor abandona o treinador, mas não foi o que aconteceu. O torcedor continuou apoiando, recebi mensagens de vários torcedores do Vasco espalhados pelo Brasil e pelo mundo. É a confiança que o torcedor tem de que estamos nos dedicando ao máximo, mesmo que o resultado não venha. Meu contrato é curto, mas eu peço cada vez mais o apoio e o pensamento positivo. A gente vive uma dificuldade financeira e política, mas não vou me envolver nisso. Estamos blindados com relação a isso. Estou feliz pelo apoio de todos, do torcedor, da diretoria e dos jogadores também. Tivemos uma série de reuniões essa semana, com Pássaro e Jorge, que foram muito legais. Eles colocaram uma série de colocações. Eu resolvi correr o risco (vindo para o Vasco) e não me arrependo em nenhum momento. Se tivesse perdido hoje e fosse mandado embora, o que poderia acontecer, eu não me arrependeria em nenhum momento, torcedor vascaíno. Em nenhum momento vocês vão me ver arrependidos por ter treinado o Vasco, pelo contrário. Isso está marcado na minha história.
Atuação do treinador
- Eu não me sinto destaque de maneira nenhuma, até porque as decisões são tomadas em conjunto. A gente já trabalhava assim com algumas situações no América-MG, no segundo tempo contra o Operário foi isso que fizemos (Zeca atuando por dentro). O segundo tempo lá foi um massacre, só que a bola não entrou. Eles botaram nove jogadores dentro da área. Então lá nós já usamos essa estratégia e crescemos demais. Hoje decidimos seguir com ela. Pode ver que o Caio chegou forte, o Pec foi muito bem hoje também. Bolamos essa estratégia essa semana, e o Zeca nos dá essa oportunidade, ele gosta de construir por dentro. Quem pode ser considerado destaque é o Zeca, destaque também para o grupo, que foi coletivamente muito forte. Fizemos um belo trabalho durante a semana, conseguimos equacionar bem a carga de trabalho. O destaque, para mim, é o clube todo.
Fonte: ge