Seleção Olímpica de Lucão e Ricardo Graça enfrenta a Arábia Saudita nesta 4ª-feira às 5h
A seleção masculina olímpica volta a campo nesta madrugada brasileira de quarta-feira – 5h de Brasília, 17h no Japão – para a última partida da primeira fase. O técnico André Jardine tem uma alteração na equipe para enfrentar a Arábia Saudita, no estádio de Saitama. Matheus Henrique substitui Douglas Luiz, suspenso pelo cartão vermelho.
Líder do grupo D com quatro pontos e melhor saldo de gols, o Brasil depende de um empate para avançar às quartas de final. O jogo contra a Arábia Saudita será às 5h, em Saitama, na próxima quarta-feira.
O técnico participou de coletiva de imprensa nesta manhã de terça-feira - noite japonesa - e confirmou a equipe para a partida de quarta-feira com Matheus Henrique. O time vai a campo com Santos, Daniel Alves, Nino, Diego Carlos, Arana; Bruno Guimarães, Matheus Henrique, Claudinho e Antony; Matheus Cunha e Richarlison.
Com a possibilidade de empatar para avançar, Jardine lembrou o equilíbrio da competição e elogiou os sauditas, que estão eliminados, perderam as duas partidas, mas fizeram jogos duros - 2 a 1 para a Costa do Marfim e 3 a 2 para a Alemanha pelo grupo D.
– A Arábia é uma ótima equipe, uma seleção que se classificou com muitos méritos e aqui fez jogos muito equilibrados com Costa do Marfim e Alemanha, jogo decidido no detalhe, poderia ter vencido, acabou perdendo com gol de bola parada no fim. É um jogo dificílimo, não temos expectativa de ter facilidade. Mesmo fora, acreditamos que a Arábia vai fazer uma final de Olimpíada, vai fazer seu último jogo, o jogo de despedida, sabemos o peso que tem ganhar da seleção brasileira. Não tem almoço de graça, vai ser um jogo duro, vale a nossa ambição de sair em primeiro, que é um objetivo nosso. E sabemos que a Arábia vai jogar para vencer a seleção brasileira. Eles têm uma equipe organizada, com jogadores de ataque perigosos, tem tudo para ser um grande jogo, um jogo mais franco, as defesas vão trabalhar mais, os atacantes com mais espaço, com capacidade de drible dos dois lados, vai ser um jogo bacana de se assistir - disse o treinador.
Sobre a mudança na escalação, o treinador projetou pequenas diferenças na arrumação do time. Bruno Guimarães faz função diferente, protegendo mais a zaga e deixando a saída de bola mais a cargo de Matheus Henrique.
– Matheus é um jogador muito importante no processo olímpico, um dos atletas com mais convocações, mais minutos, foi titular em quase todas as convocações em que esteve com a gente, já foi capitão da equipe, tem entrosamento ótimo com o Bruno Guimarães, e eles vão reeditar a dupla que praticamente jogou todos os jogos do Pré-Olímpico – disse o treinador.
Jardine lembrou que Douglas tem característica de marcação mais forte do que Matheus, mas o jogador gremista chega mais no ataque e pode contribuir mais na armação de jogadas.
– Normalmente, quando joga o Matheus com o Guimarães, invertemos e damos a função mais de marcação ao Guimarães, que joga mais centralizado, por trás, perto dos zagueiros, para fazer a saída de bola acontecer e proteger mais a defesa. O Matheus vai ser mais um segundo volante, com liberdade para chegar à frente, fazendo também a proteção dos laterais, principalmente o Arana, que tem se lançado à frente. Ele traz uma característica própria dele, o controle, essa capacidade de ler o jogo, errar pouco passe, ter boas decisões no jogo. Ele sempre jogou em altíssimo nível com a gente e amanhã vai poder reeditar, esperamos que seja uma atuação no nível das outras – apostou Jardine.
Clima olímpico
No mesmo hotel que a seleção feminina, Jardine começou a entrevista minutos depois da partida das mulheres contra Zâmbia - 1 a 0, com vaga garantida nas quartas de final. Ele comentou a torcida dos jogadores pelos demais atletas brasileiros.
– A gente tenta ao máximo viver esse clima de Olimpíada. É uma pena não poder desfrutar um pouco mais, sair do hotel, ver outros esportes, ir na vila olímpica, é uma coisa que deve ser muito boa de vivenciar. Não estamos tendo esse privilégio, mas a gente percebe todo o grupo engajado ao máximo, a gente almoça e janta assistindo às outras modalidades, torcendo para o Brasil, e vivendo de corpo e alma porque todo mundo sonhou estar aqui. É um momento especial – disse Jardine.
Mais cedo, as duas seleções confraternizaram no saguão do hotel, tiraram fotos e conversaram antes da partida da seleção feminina. Jardine definiu o momento como especial.
– Ainda não tínhamos cruzado com nenhum brasileiro no Japão. Em Yokohama cruzamos com outras seleções, principalmente as da nossa chave, mas foi bom ver mais gente que está sonhando com as mesmas coisas que a gente, poder passar uma energia positiva, foi muito legal, ainda mais em dia de jogo. Os atletas interagiram bem, tocaram samba depois do almoço, pudemos tirar uma foto juntos. Foi um momento ímpar, não sei se em algum momento as seleções já tinham se encontrado nos Jogos Olímpicos. Foi muito legal e a gente espera viver mais momentos como esse, os dois grupos sonham em conquistar a medalha de ouro e ir até o fim juntos - comentou o treinador.
Confira outros trechos da coletiva de Jardine
"Garoto" Daniel Alves
– A gente já sabia, mas está podendo ver de perto por que ele ainda joga em altíssimo nível mesmo aos 38 anos. É um atleta na concepção da palavra, se cuida muito, cuida do corpo, da alimentação, tem uma vida regrada, e tem contribuído muito aqui, trocando experiência, está muito feliz de estar aqui, ele joga o astral realmente para cima. Nos impressiona, porque se cuida e tem capacidade física igual ou melhor do que muito atleta. Ele entende o que o corpo precisa, sabe se dosar dentro do jogo, já atingiu um nível de maturidade tática que não se desgasta à toa dentro do jogo. Ultrapassa quando precisa, está sempre bem posicionado para não ficar correndo errado ou para trás desnecessariamente. Vejo ele talvez no auge da sua forma mental, não da física, mas a mental com certeza. É um atleta de altíssimo nível que tem nos brindado com verdadeiras aulas de lateral-direito com o que a posição exige, com a frieza que ele tem, está num nível realmente impressionante.
Ansiedade da classificação
– A cada jogo a gente percebe a ansiedade indo para o estágio normal. Na estreia estávamos todos ansioso. No segundo jogo, ainda com o frio na barriga. Acho que a coisa vai se normalizando, a gente vai se acostumando com a competição e a importância dela, agora temos mais um jogo decisivo para a classificação. Começamos a nos acostumar com a competição e trabalhar dentro de uma normalidade. Com os atletas é a mesma coisa, conforme vão ganhando seus minutos, esse nível de ansiedade vai baixando.
Nova idade olímpica
– A gente ficou muito feliz com esse ajuste que o Comitê Olímpico Internacional deu (de aumentar a idade para 24), os jogadores que conquistaram a vaga muitos deles eram de 23 anos. Se não mudasse a regra, eles não poderiam vivenciar os Jogos, como o Bruno Guimarães, Douglas Luiz, Claudinho... não lembro de todos, mas são muitos atletas que não poderiam disputar as Olimpíadas. Nivelou para cima, são jogadores que estão vivendo o auge da carreira, uma grande forma, quem ganhou foi a gente que tem um número grande de atletas de qualidade.
Fã da Fadinha do skate
– Nos sobra pouco tempo para acompanhar, estamos sempre trabalhando, revendo jogos, vendo jogos dos adversários, editando preleções e vídeos, é bem cansativa a rotina. Mas acabamos vendo no refeitório, nos lanches, e a conquista da menina skatista foi o momento mais emocionante para todos. Hoje estávamos indo para o treinamento e todo mundo acompanhando a final do surf. No momento em que deu a medalha de ouro, deu uma explosão dentro do ônibus, os atletas torcendo muito. Está sendo bem legal, mesmo não podendo estar presente estamos vivendo todos os dias como torcedores, esse tem que ser o espírito das Olimpíadas e quero acreditar que o povo brasileiro está vivendo dessa forma e torcendo para a gente também.
Busca por entrosamento
– A gente tinha a vontade de chegar neste jogo já classificado. Com certeza, daríamos minutos para outros jogadores para ganhar um pouquinho mais de atletas com minutagem dentro da competição. Não conseguimos a vitória num jogo em que trabalhamos com um a menos praticamente o jogo inteiro e lutamos para buscar a vitória, que nos daria a classificação. Ficou para essa última rodada e, então, seguimos para um outro caminho de repetir a equipe, ganhar ritmo e entrosamento. Não é 100% da equipe, porque terá a troca do Matheus, e faremos nas substituições ao longo do jogo, com experiências, dando minutos para outros jogadores, talvez apareça algum tipo de variação tática dentro do jogo, existe essa possibilidade, a gente pensa com carinho. Acabamos indo por esse caminho de dar mais um jogo, já que é uma competição curta e essa é uma equipe nova, com jogadores que estão vindo pela primeira vez. É um caminho que pode nos trazer outro tipo de benefício, que é o de entrosamento maior, já visando as quartas de final. Temos esse objetivo na cabeça e estaremos lá.
Função tática de Claudinho
– Na expulsão do Douglas, a gente optou por não colocar um novo volante, no momento mandamos o Gabriel Menino aquecer, mas pedi durante o jogo para o Claudinho e o Antony trabalharem fechados numa linha de três, não de quatro. Gostei do trabalho dos dois, que nos ajudaram na parte defensiva, o que nos possibilitou dentro do jogo de não precisar substituir e, com isso, ganhar um poder de ataque. Mesmo com um a menos, apresentamos uma força ofensiva, porque além da dupla de ataque tinha o Cluadinho e o Antony para contribuir. O Claudinho nos deixou uma boa impressão, fez um grande jogo, mas é claro que acaba tirando muito da energia dele, onde ele mais tem para dar é na fase ofensiva, perto do gol. Ele tem jogado com a gente, na fase defensiva, por fora, pelo lado esquerdo, mas na fase ofensiva tem liberdade para vir por dentro, se aproximar dos atacantes e centralizar. Jogar onde se sente à vontade, onde joga no Bragantino, tendo não um ponta lá, mas o Arana, preenchendo espaço. Assim, colocando-o onde ele mais rende, na faixa do meio, caindo para o lado esquerdo.
Equilíbrio
– As chaves têm sido equilibradas como a gente imaginava. Hoje não tem ninguém classificado, o que nos chama atenção. O Japão tem 100% de aproveitamento mas, se perder para a França por 2 a 0, tem bastante chance de ser eliminado. Argentina e Espanha provavelmente brigando por uma vaga só, uma das duas deve ficar pelo caminho. Na chave da Coréia está todo mundo empatado, a França com dificuldade, México com alguma dificuldade... e na nossa chave a Alemanha, com a tradição que tem, indo para a última rodada precisando vencer, o empate é da Costa do Marfim. A nossa própria situação, que depende de pontos para classificar. É sempre assim, não há facilidade, as seleções se nivelam. As seleções africanas conseguem sempre nessas seleções menores ter muita força, isso nos impressiona, são seleções fortes fisicamente. Japão e Coreia vêm crescendo, tendo resultados nas Olimpíadas que remetem a pensar que no futuro próximo vão começar a incomodar na Copa do Mundo, fora as seleções tradicionais, que vão crescer ao longo da competição. É um torneio super equilibrado, não consigo apontar favoritos ou times que despontem para a medalha. É um equilíbrio muito grande, precisamos respeitar todo mundo, se preparar para cada jogo.
Fonte: ge