Léo Jabá só não foi o dono do sábado vascaíno porque era dia de estreia em São Januário. Mas justamente o centro das atenções que possibilitou ao 7 do Vasco uma noite inesquecível na goleada por 4 a 1 sobre o Guarani. Na véspera do jogo, Lisca, em dinâmica de grupo, pediu aos seus comandados que contassem suas histórias de vida. E o paulista de 22 anos roubou a cena e foi quem mais impressionou o novo comandante.
Narrou ao elenco vascaíno drama sofrido no PAOK-GRE, clube detentor de seus direitos econômicos e que o emprestou ao Vasco (leia no link acima). Ao escutar médicos gregos, temeu pelo fim da carreira, mas aos poucos voltou a ganhar espaço no futebol brasileiro com a Cruz de Malta. E, no sábado, além de marcar um e participar dos outros três gols, Jabá cumpriu algo que não conseguia há muito tempo: terminar uma partida sem ser substituído.
A última vez que havia participado integralmente de um jogo foi na derrota do PAOK por 1 a 0 para o Slovan Bratislava, da Eslováquia, pela Liga Europa, em 22 de agosto de 2019.
- Individualmente, para mim foi muito bom. Depois de dois anos, eu faço uma partida de 90 minutos. Já vinha jogando 80, já tinha feito gol, mas hoje foi especial pela partida, pela vitória, pelo gol e pela assistência. Por tudo. Teve sabor especial porque minha esposa estava cobrando. Eu brincava que ia dar um coração para ela e beijar a aliança. Foi um gol especial.
Questão individual à parte, Jabá destacou que o Vasco precisava dar uma resposta coletiva. Embora o time ostentasse invencibilidade de cinco jogos, o nível das atuações não empolgava a torcida e se mostrava sofrível ao olhar dos críticos.
- Foi uma partida importante não só para mim, mas para todos nós jogadores. Pela mudança de comando, a gente tinha que dar uma resposta imediata porque veste uma camisa que tem um peso muito grande e vinha devendo. A gente vinha conseguindo os pontos, mas não conseguia fazer excelentes partidas. Creio que não faltou vontade com todo mundo correndo e ajudando.
Estava acertado no contrato de empréstimo do PAOK ao Vasco que o clube grego não poderia chamá-lo de volta a qualquer momento. A direção vascaína se protegeu contra a possibilidade de perder um jogador no qual apostava como um dos possíveis protagonistas na luta pelo acesso.
Porém, com a rápida evolução, às vésperas do jogo com o Sampaio Corrêa, Jabá teve de ir a São Paulo encontrar seu empresário, Fransérgio Bastos, para comunicar aos europeus que desejava seguir em São Januário. Os gregos queriam seu retorno, mas o atacante bateu o pé. Pelo apoio do comando do futebol, da comissão técnica (à época liderada por Marcelo Cabo) e do departamento médico, que apostaram em sua recuperação.
Embora tenha sido bancado por Marcelo Cabo, Jabá impressionou Lisca com sua história de vida. O atleta fez questão de valorizar o papo coletivo comandado pelo novo treinador do Vasco na concentração, na última sexta-feira.
- Tivemos uma conversa muito boa dos jogadores falando por que jogamos e por quem jogamos. Hoje foi isso: colocamos tudo dentro de campo, e esse é o parâmetro. Não podemos nos acomodar, temos que continuar fazendo isso a cada jogo. É uma maratona, e temos que continuar nessa pegada para voltar ao pelotão da frente e voltar para a Série A.
Apesar de empolgado com a grande atuação individual e coletiva diante do Bugre, Jabá pregou concentração total no primeiro jogo das oitavas de final da Copa do Brasil, contra o São Paulo, na próxima quarta-feira, às 21h30, no Morumbi.
- Foi tudo novo, a gente não teve muito tempo, mas o Lisca nos recebeu muito bem. Em um dia ele já foi muito participativo, nos fez lembrar de onde começamos e por quem jogamos. Começamos bem, com o pé direito. Claro que já já ele coloca a cara dele, agora é passo a passo e temos que mudar a chavinha porque são dois jogos de 180 minutos.
Leonardo Rodrigues Lima, o Léo Jabá, soma 21 jogos e dois gols com a Cruz de Malta. No início da "Era Lisca Doido", arrancou na frente. Foi figura central na goleada sobre o Guarani e jogador com quem mais o treinador dialogou durante os 90 minutos. É bem verdade que a conexão começara um dia antes, na concentração, mas a química entre comandante e comandado teve como ápice a comemoração do quarto gol sobre o Bugre.
Diretor do DM detalha trabalho para recuperar Jabá
Apesar de Léo ter ouvido dos médicos gregos a possibilidade de se aposentar aos 22 anos, algo que saltou aos olhos de Lisca e seus companheiros de time, o diretor médico do Vasco, Gustavo Caldeira, encarou a chegada do ex-corintiano como um desafio para o clube. Com o objetivo conquistado de colocar o atleta para atuar em alto rendimento, Caldeira tratou de dividir os méritos pela recuperação do jovem com médicos, fisioterapeutas, fisiologistas, nutricionistas, preparadores físicos, psicólogos e os demais funcionários que estão no entorno do futebol. Confira o depoimento abaixo:
"A vinda do Léo foi um desafio grande pra todo o DESP (Departamento de Saúde e Performance) do Vasco, pois ele vinha de um longo período de inatividade, cirurgias no joelho e uma indicação de cirurgia no mesmo joelho, de um médico de fora. Fizemos a avaliação médica para contratação de atletas e tivemos o nosso diagnóstico. Contraindicamos procedimento cirúrgico e iniciamos uma abordagem multidisciplinar.
Durante os primeiros dias, ficou com a fisioterapia para melhorar o arco de movimento do joelho direito e o gestual esportivo. Concomitantemente já iniciou trabalho na sala de força para diminuir assimetrias e movimentos compensatórios. Uma vez alcançado o objetivo inicial, foi ganhando força em um trabalho individualizado e específico para o Léo a partir dos déficits encontrados nas avaliações prévias.
Vale também ressaltar o planejamento nutricional do Léo, uma vez que chegou com o percentual de gordura um pouco acima do desejado. E, logo que alcançado o percentual alvo, o Paulo (Cavalcanti, nutricionista do Vasco) deu condições para ganho de massa magra nos trabalhos de força. O final desse processo no DESP foi o controle de carga para a evolução dele desde o momento que em que foi entregue à preparação física até liberá-lo para jogar".
Fonte: ge