Comemorações e provocações marcaram a carreira de Lisca 'Doido'; conheça algumas histórias
Você pode não saber detalhes da carreira ou como os times dele jogam. Agora, certamente já ouviu o apelido do apelido de Luiz Carlos Cirne Lima de Lorenzi. O "Doido "acompanha Lisca desde 2013, ano em que com o Juventude eliminou o Grêmio de Vanderlei Luxemburgo na semifinal do Gauchão e teve uma discussão com D'Alessandro, ídolo do Internacional.
Na comemoração pela vaga à final, o novo técnico do Vasco fez algo que repetiu em outros clubes e virou uma espécie de marca registrada: subiu o alambrado do estádio Alfredo Jaconi para vibrar com a torcida após superar o Grêmio nos pênaltis. Nascia ali, no grito popular, o "Lisca Doido", algo que remetia ao mascote do clube da serra gaúcha - o "Papo" ou "Papo Doido".
A brincadeira deixou de ser pontual e virou quase sobrenome deste porto-alegrense de 48 anos na decisão daquele estadual. Incomodado com as gozações coloradas dos 8 a 0 de 2008, Lisca turbinou os seus jogadores no vestiário. E, já na partida, em Caxias, discutiu com o 10 argentino para delírio dos seus torcedores.
- O que a torcida do Inter gritava no aquecimento? Um, dois, três até oito. Aquilo... quando entramos no vestiário, falei: 'oito é o caramba'. Fomos para o jogo e fomos bem. Nos 'botamo' no Inter e tivemos um gol anulado. Bem, tive uma discussão com o D´Alessandro e, ao sair de perto quando ele veio falar comigo, fiz assim (levanta o braço). A torcida adorou. O grito era 'Papo, Papo Doido'. Eles transformaram para 'Lisca, Lisca Doido'. E aí pegou - contou Lisca ao participar do "Boleiragem", do SporTV, em novembro de 2019 (veja no vídeo acima).
Naquela entrevista, o técnico contou ter iniciado uma tentativa de diminuir a fama de maluco, história que teve o primeiro capítulo naquele jogo contra o Grêmio (veja no vídeo abaixo). Não queria que aquela marca pudesse deixar em segundo plano o trabalho. Por muito tempo, é verdade, Lisca incentivou o uso do "Doido". Foi assim no Náutico, no Ceará e, em menor grau, no América-MG.
O temperamento alegre e explosivo é uma das características dos seus trabalhos. Faz parte da gestão do grupo e da maneira pela qual ele cativa o torcedor. E, certamente, estará presente no Vasco.
Ah, e o apelido Lisca? A origem desse é mais simples.
- Quando a minha mãe e o pai namoravam, um amigo em comum que ajudou a formar o casal tinha esse apelido de 'Lisca'. E meus pais se casaram e tal... E quando a minha mãe ficou grávida, disse que daria o nome a mim de Luiz Carlos, em homenagem ao meu tio-avô e o apelido de 'Lisca' por causa do cupido deles lá - relembrou o treinador em uma das suas tantas entrevistas.
Espumante e quebra da bancada de coletiva no Juventude
Lisca começou a trabalhar no Juventude em 2012. Na época, após 10 anos de Série A, período no qual ainda ganhou a Copa do Brasil de 1999, o time sequer estava classificado para qualquer divisão nacional. Ganhou a Copa da Federação Gaúcha e, com isso, garantiu vaga na Série D do ano seguinte.
Além do vice estadual, após derrota nos pênaltis para o Inter, Lisca comandou uma campanha que culminou no acesso. O empate sem gols com o Metropolitano, no Alfredo Jaconi, garantiu a Série C no ano seguinte (veja no vídeo acima). Comemorou no alambrado com a torcida e, ao dar entrevista coletiva, foi surpreendido pelos seus jogadores gritando "Lisca Doido". A festa com espumante foi tanta que muitos subiram na bancada e a quebraram. No grupo, estava o ex-vascaíno Fernando Miguel.
Dancinha no Náutico
A vida seguiu, e Lisca foi treinar o Náutico. Na primeira grande chance fora do Rio Grande do Sul, o ainda desconhecido passou a ter a vida investigada. Apareceram a origem como técnico na base do Inter, um trabalho que por momentos teve Muricy Ramalho no profissional, Lisca na categoria júnior e Mano Menezes na juvenil, e o apelido Doido no Juventude.
- Lembro que um jornal no Recife estampou na capa uma foto minha e a frase: 'Quem é doido siga ele' - contou Lisca no Boleiragem.
Em 2014, após o Náutico encerrar um jejum de quase 10 anos sem vitórias contra o Sport na Ilha do Retiro, o treinador levou o torcedor ao delírio ao escalar o alambrado. A partir daí, a torcida começou a entoar "Ah, é Lisca Doido. Na época, Neto Baiano era atacante do Sport e criou uma rivalidade com o treinador. No ano seguinte, na Série B, o jogador estava no Criciúma. Os dois se encontraram na Arena Pernambuco: Náutico 2x0, e Lisca foi dançar com a torcida (veja no vídeo acima).
Comemoração com a cabeça do mascote Vovô
"Saiu do hospício;
Tem que respeitar;
Lisca Doido é Ceará"
O grito da torcida do Ceará entrou para a história em 2015. Ao assumir o time faltando oito rodadas para o término da Série B, Lisca se deparou com 98% de chances de rebaixamento - estava 12 pontos atrás do primeiro time fora da zona.
Mas salvou o time com uma vitória por 1 a 0 sobre o Macaé. Na última rodada. Na comemoração, colocou a cabeça do Vovô, mascote do clube. E aumentou a lista de "loucuras".
Provocações no América-MG
No América, último clube antes de acertar com o Vasco, Lisca viveu uma fase de carreira madura e ótimos resultados. Deixou para trás a fama de recuperar times e fez um trabalho consistente, encerrado em 14 de junho após uma série de sete jogos sem vencer. Os melhores resultados foram: melhor campanha da história na Copa do Brasil (semifinalista em 2020), acesso à Série A de 2021 e vice-campeão do Mineiro neste ano.
Mas... o estilo único apareceu ao eliminar o Corinthians e levar o time mineiro às quartas de final da Copa do Brasil de 2020. Logo após o apito final, olhou para a câmera da TV Globo e disse (veja no vídeo acima):
- Quarta seguida em cima deles (Corinthians).
Na coletiva, explicou:
- Quarta vez é porque nos últimos quatro encontros com o Corinthians, eu ganhei dois com o Ceará, um com o América e esse foi empate com sabor de vitória. É para as pessoas se atentarem, falam que o cara é doido, e acabam não vendo o trabalho que a gente faz. E vamos tendo um sucesso bem legal contra times grandes. Foi isso, de valorizar o trabalho.
Ao levar o América-MG para a final do Mineiro deste ano, Lisca provocou Felipe Conceição, do Cruzeiro. Disse no vestiário (veja no vídeo acima):
- Um, dois, três, o Conceição é meu freguês.
O América venceu os três jogos que fez contra o Cruzeiro nesta temporada: 1 a 0, na primeira fase, e 2 a 1 e 3 a 1 nas semifinais. No segundo turno da Série B passada, Lisca também venceu Conceição, que estava no Guarani-SP.
Fonte: ge