Vascaíno Edu, atacante do Brusque, relembra sua trajetória desde a base do Vasco
Sábado, 03/07/2021 - 15:29
O futebol deu uma segunda chance a Edu. Há sete anos, o centroavante estava desempregado e quase largou o futebol após sair do Flamengo. Passou pela várzea, recomeçou na última divisão do Carioca e hoje lidera a artilharia da Série B do Brasileiro, com seis gols marcados pelo Brusque-SC.

Cria das categorias de base do Vasco, clube do coração de sua família, o jovem atuou - entre 2009 e 2014 - com Luan, Marlone, Muralha e Romarinho, filho do craque Romário.

"Foi muito gratificante meu pai me ver jogando no time que a gente sempre gostou. Tenho grandes lembranças das viagens com a molecada para disputar campeonatos. Fomos campeões de vários torneios", disse ao ESPN.com.br.

Edu deixou o Vasco após a mudança de diretoria dentro da base. Alguns meses depois, foi para o Botafogo em uma geração que tinha Sassá e Dória.

Ele ainda jogou a Copa São Paulo de Futebol Júnior pela Portuguesa - marcou dois gols - ao lado do meia Jean Mota, hoje no Santos, mas a equipe paulista caiu na primeira fase.

"Fui em seguida jogar a Série C do Carioca profissional pelo São Gonçalo Esporte Clube. Depois do Estadual, como eu ainda tinha idade de juniores, fiz um teste no sub-20 do Flamengo que durou uns 40 dias. Fui aprovado e permaneci o resto de 2013 depois do Estadual", recordou.

Edu treinou algumas vezes contra o time profissional do Fla, que venceu a Copa do Brasil naquele ano, mas não chegou a ser integrado ao elenco principal. No fim de 2013, ele estourou a idade de juniores e não teve o contrato renovado.

"Fiz um ano bom, marquei uns 16 ou 17 gols pelo time no último ano de base. Joguei Copa do Brasil, Taça BH e fui artilheiro da Taça OPG. Mas você sabe como é time grande, tem muita coisa que foge da nossa visão. Até hoje não sei qual foi o motivo pelo qual não fiquei, mas faz parte", lamentou.

Recomeço

Assim que deixou a Gávea, o atacante ficou três meses desempregado e quase desistiu do futebol. Ele passou a treinar por conta própria e jogar 'peladas' com os amigos. Para garantir um complemento de renda foi jogar o Campeonato Regional de Ubá, no futebol de várzea em Minas Gerais. Durante cinco anos ele disputou essa competição - realizada em dezembro - para não ficar parado.

"Viajava na sexta para receber um dinheirinho no domingo. Foi um baque estar no Flamengo e acordar, do nada, sem clube ou contrato. Não podia fazer o que mais gostava. Fiquei um mês e pouco largado. Só não parei de jogar por causa do meu pai, que é o meu maior incentivador. Foi bem complicado porque a tecnologia era bem diferente, você não tinha acesso a um treino pela internet", contou.

O jogador precisou recomeçar na terceira divisão carioca pelo Grêmio São Gonçalo, pelo qual foi artilheiro do campeonato e conquistou o acesso. Depois, passou apenas cinco jogos pelo Boavista e passou pelo Itaboraí, na terceira divisão.

"Fiz sete gols em sete jogos e conquistamos o acesso para a Segundona do Rio. Depois, joguei o Carioca pela Portuguesa-RJ e voltei ao Itaboraí-RJ antes de chegar ao Brusque, em 2017. Fui artilheiro da Copa Santa Catarina, que fomos vice-campeões. No Estadual do ano seguinte eu rompi o ligamento do tornozelo na segunda rodada", afirmou.

Imperador do Vale e lesão

Edu ainda passou por Nova Iguaçu e Tubarão-SC antes de retornar ao Brusque. Em 2020, o atacante fã de Adriano Imperador, ganhou o apelido de "Imperador do Vale", quando era o vice-artilheiro do Brasil com 12 gols marcados em 15 partidas.

"É um cara que dentro do campo sempre foi extraordinário e sou fã da pessoa dele. Venho também da favela e gosto da forma como ele trata as pessoas da comunidade que nasceu. Dizem que tenho o mesmo biotipo dele, forte, trombador, chuto forte e finalizo bem com os pés e a cabeça. Mas não sou canhoto (risos)" afirmou.

Depois de brilhar no Estadual e na Copa do Brasil, ele rompeu todos os ligamentos do joelho e ficou sem jogar por nove meses e meio.

"Passei por um período de incertezas e dores grande. Precisei abrir os dois joelhos e tirar um enxerto de um joelho para refazer o outro. Fico muito feliz por estar colhendo isso tudo", comemorou.

Em nome do pai

Desde que voltou da lesão, ele marcou seis gols em apenas sete jogos na Série B. Um deles justamente contra o Vasco, em São Januário, na derrota por 2 a 1. Eduardo, pai do jogador e grande incentivador, viu das arquibancadas o filho fazer um gol e se emocionou.

"Passei quase um ano sem ver minha família por causa da pandemia. Um dia antes do jogo, eles passaram comigo no hotel e foram ver a partida. Fiquei muito triste pela derrota, mas aquele momento de poder fazer o gol e ver o meu pai emocionado vou levar para o resto da vida. Se hoje estou aqui é por tudo que ele fez por mim. Eu o admiro demais. Se a minha carreira acabasse depois desse jogo, eu estava 100% realizado pelo que passei", recordou Edu.

Agora, o atacante espera continuar brilhando para recuperar o tempo perdido.

"Eu não era tão profissional quando era jovem, me deslumbrei e achei que era dono do mundo. Aprendi com meus erros do passado. Por isso, as coisas têm dado certo. Perdi muitas oportunidades quando era mais novo porque tinha a cabeça fraca. Hoje dou muito valor e acredito em tudo que posso conquistar no futuro."



Fonte: ESPN.com.br