Salgado fala sobre dívidas, empréstimos, investidores e momento do time do Vasco
Quinta-feira, 01/07/2021 - 16:28
Em entrevista ao quadro "Dividida" do Uol Esporte, do jornalista Mauro Cezar Pereira, Jorge Salgado, do Vasco, falou das dificuldades de administrar um endividamento de R$ 830 milhões. Afirmou que com estratégia e um pouco de sorte, pretende entregar o clube no final de 2023 com esse débito reduzido pela metade.

Ao mesmo tempo, afirmou que tem encontrado dificuldades para captar recursos a fim de equacionar dívidas trabalhistas, por exemplo. Conta que interessados em emprestar dinheiro ao Vasco cobram taxas inimagináveis.

- A gente, num primeiro momento, deve reduzir a dívida do ponto de vista fiscal. A gente tem um estudo em que a gente conseguir reduzir em 50% ou 60%. Aí teríamos um ganho tributário de R$ 150 milhões. Aí ela viria para R$ 700 milhões.

- A dívida trabalhista estamos trabalhando para tentar acordos. Mas para fazer acordo trabalhistas, você precisa ter dinheiro em caixa para oferecer de 40% a 60% para o credor. A gente está buscando o dinheiro, não está fácil. Tem dinheiro na mesa. Mas é um dinheiro a um custo muito elevado. Por se tratar de Vasco, todo mundo quer emprestar dinheiro como se fosse agiota. Quer me cobrar juros de 11 a 15% ao ano. Eu não vou tomar esse dinheiro em hipótese alguma.

- Se a gente conseguir êxito na redução das dívidas trabalhista e fiscal, a gente traz a dívida para os R$ 500 milhões. Se consegue aumentar nossa receita, a gente pode trazer essa dívida para uns R$ 400 milhões no final do mandato. Existem algumas possibilidades em andamento que talvez a gente consiga atingir esse objetivo contando com um pouco de sorte. Tem que trabalhar muito.

A fim de evitar empréstimos a juros altos, o próprio Jorge Salgado tirou do bolso para ajudar a pagar dívidas mais urgentes. Em maio, o portal Esporte News Mundo noticiou que o presidente já havia emprestado R$ 23 milhões ao clube após tomar posse. Vale lembrar que Salgado já era credor do clube antes mesmo de assumir a cadeira presidencial.

- De fato aconteceu. Eu não tenho como esconder isso. Inclusive isso foi mostrado em uma reunião de Conselho Deliberativo, fui aconselhado pela minha área de finanças, para que esses valores que coloquei fossem de domínio do Conselho. Havia muita conversa. Como falo em transparência, também tenho o dever de ter transparência. Para mim é desconfortável falar sobre isso. Mas coloquei recursos sim. Foi uma forma de regularizar uma série de débitos, salários, dívidas com fornecedores, para dar uma arrumada.

- Qual era a alternativa? Se o Vasco fosse um clube bem organizado e tivesse crédito, eu bateria no banco e pediria para eles. Não colocaria meu recurso. Nunca tive o menor interesse nisso. Mas faço por circunstância. O Vasco não tem crédito. Foi a maneira que encontrei de ajudar o Vasco para o clube dar uma respirada. Conseguimos colocar a casa mais ou menos em ordem.

Ainda sobre o objetivo de reduzir a dívida do Vasco para uma ordem de R$ 400 milhões, Salgado lembra que já tinha traçado durante a corrida presidencial. Mas, segundo ele, o desafio tornou-se maior ao se depararem com um aumento exponencial do débito trabalhista, algo que foi exposto pelo vice de finanças, Adriano Mendes, em coletiva de apresentação do balanço patrimonial.

- Durante a campanha, a gente tinha essa meta porque naquela altura o endividamento do Vasco era de R$ 620 milhões. Então, através de uma renegociação fiscal e trabalhista, você reduzia isso em R$ 200 milhões e chegaria a R$ 400 milhões de endividamento.

- Depois da eleição, tivemos a pandemia e uma queda de receita por conta de bilheteria e outras coisas como sócio-torcedor. E também no final do mandato (de Alexandre Campello) apareceu uma dívida trabalhista de R$ 92 milhões que não era contabilizada há cinco anos. Foi uma surpresa muito desagradável. Então, para chegar aos R$ 400 milhões, eu vou ter que contar com uma receita extraordinária de uns R$ 200 milhões ou R$ 150 milhões. Existem algumas possibilidades em andamento que talvez a gente consiga atingir esse objetivo contando com um pouco de sorte. Tem que trabalhar muito.

Em relação à promessa de um aporte financeiro de R$ 70 milhões tão logo que assumisse o clube, justificou-se afirmando que perda de receitas fizeram o Vasco perder credibilidade no mercado junto a potenciais parceiros.

- Temos feito reuniões com possíveis investidores. O que atrasou? Durante a campanha tínhamos um projeto para captar R$ 70 milhões, que seriam alocados para dívidas trabalhistas. Aconteceu que a pandemia se prolongou, nossa receita caiu, nosso endividamento subiu. Hoje temos certa dificuldade de as pessoas acreditarem no projeto e colocarem seu dinheiro no Vasco. Mas temos atuado com transparência. Já fizemos umas cinco reuniões com investidores. Está avançando. Não largamos o projeto. Mas o momento atual não é tão favorável. Meus recursos são finitos. Vai chegar uma hora que... (risos). Mas tudo que prometemos e falamos na campanha, perseguimos. Está pautado. Temos um plano estratégico.

Por fim, Salgado fez uma boa avaliação do elenco do Vasco e colocou o plantel entre os melhores da Série B. O presidente disse acreditar que o clube retornará à Série A em 2022, apesar dos momentos de oscilação.

- Olhando para o elenco do Vasco, eu acho o elenco, sem falsa modéstia, o melhor. Se não for o melhor, está entre os três melhores da Série B. Mas é um campeonato difícil, muito disputado, muitas viagens, altos e baixos, vamos oscilar, mas temos elenco para voltar à primeira divisão. Futebol também tem que ter um pouco de sorte. A bola tem que entrar na hora certa. Mas formamos um bom elenco. Temos mais ou menos 35 jogadores, promovemos muitos da base, mesclamos. O Cabo sabe trabalhar bem isso, e o Pássaro é um profissional excepcional. Estamos na direção certa, e acho que vamos conseguir nos classificar.



Fonte: ge


Presidente do Vasco projeta trabalho de recuperação como foi a do Flamengo

Após o seu quarto rebaixamento para a Série B e com uma dívida alta, o Vasco tenta se reerguer financeiramente e esportivamente sob o comando do presidente Jorge Salgado, que assumiu o clube este ano e tem meta de recuperação seguindo um modelo que já foi visto no rival Flamengo, que passou por dificuldades e hoje vê o reflexo dentro de campo.

Em entrevista a Mauro Cezar Pereira, no programa Dividida, do Canal UOL, Jorge Salgado afirma que seu mandato é para tentar arrumar a casa e criar uma base para que nos próximos anos o Vasco volte a ser um dos clubes mais vencedores do país como foi no final dos anos 90 e início dos anos 2000.

"Eu estou pegando o Vasco em uma situação parecida com o nosso maior rival. Você acompanhou a ascensão do rival, viu como é que ela se deu, os primeiros anos foram muito difíceis, quase caiu para a segunda divisão, e a gente está em uma situação semelhante ao que era o que se passou naquele clube. Então a nossa direção, se a gente tiver seis, nove, os mandatos são de três anos, o primeiro mandato, o meu mandato vai ser um mandato de arrumação e de mostrar o caminho", afirma Salgado.

"Alguém tem que dar esse pontapé inicial e eu fui o escolhido para fazer isso, com responsabilidade, sabendo qual é a direção que eu tenho que ir, não vou me afastar dessa direção, ainda que sofra muita pressão", completa.

O dirigente lembra que esteve na vice-presidência de finanças do clube quando houve a contratação de Bebeto, em 1989, quando o jogador atuava no maior rival, e que gostaria novamente de fazer frente aos principais clubes do país na disputa por reforços, mas que no momento a prioridade de sua gestão é o ajuste das finanças.

"Eu gostaria de contratar jogadores de ponta, eu vivi essa experiência no Vasco muitos anos atrás, quando eu era vice-presidente de finanças aqui, em uma gestão do Calçada e do Eurico a gente contratou o Bebeto, que era o jogador mais caro do futebol brasileiro, tirando ele do nosso maior rival, que era o Flamengo. Eu gostaria de estar fazendo isso novamente, mas não vou fazer, não tenho condições de fazer, não posso colocar a carroça na frente dos bois", declara Salgado.

Ele também revela durante a entrevista que emprestou dinheiro do bolso ao clube para o pagamento de contas, elogia o elenco atual do Vasco, aponta os motivos para que se tenha chegado ao estágio atual financeiro e esportivo, além de comentar como ficou a política interna após a morte de Eurico Miranda.



Fonte: UOL