Cano recebeu cartão amarelo por ter tirado bandeirinha de escanteio do lugar e a jogado no chão, explica árbitro
Autor do gol que abriu o placar na vitória do Vasco por 2 a 1 diante do Brusque, no último domingo (27), Germán Cano aproveitou a bola na rede para homenagear uma causa que foi lembrada pelo clube na partida: o movimento LGBTQIA+.
Ao marcar, o argentino correu em direção à marca do escanteio e ergueu a bandeira com as cores do arco-íris, alusiva ao movimento LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexual e +), sendo punido com o cartão amarelo logo em seguida.
Na súmula da partida, o árbitro Salim Fende Chavez apontou que o jogador foi advertido por 'tirar a bandeira de escanteio e jogá-la ao chão na comemoração do gol'.
A homenagem ao movimento LGBTQIA+ contou ainda com as cores do arco-íris no lugar do preto da faixa que cruza a camisa branca. Nesta segunda-feira (28) é celebrado o Dia do Orgulho Gay. Além da camisa, o Vasco divulgou ainda um forte manifesto, que convoca a comunidade do futebol a combater a homofobia e a transfobia.
Leia abaixo a carta divulgada na íntegra pelo Vasco da Gama:
"Movimento contra a homofobia e transfobia no esporte brasileiro
O mundo dos esportes não é um espaço que aceite as mudanças com facilidade e leveza. Pudera: o esporte é um reflexo da sociedade que o rodeia e, portanto, reproduz seus estereótipos e práticas, seus valores e preconceitos. Reproduz, enfim, sua inércia.
Mesmo assim, a sociedade muda. E, como reflexo da sociedade em transformação, o futebol também não se mantem imune às suas mudanças. Mas o esporte tem o dever de ir além: o futebol, particularmente, é uma inspiração comum a diversas gerações e deve fazer parte das transformações sociais, rumo a uma sociedade melhor e mais justa.
A homofobia e a transfobia são alguns dos mais graves problemas do nosso tempo e o esporte ainda é, infelizmente, um de seus espaços de mais forte reprodução. O Vasco da Gama assume para si a responsabilidade de se posicionar diante do tema, sem defender aquilo que é cômodo, mas sim aquilo que é correto. O clube será um parceiro daqueles que lutam contra o preconceito relacionado à orientação sexual ou à identidade de gênero de quem quer que seja.
Estamos conscientes de que uma parte das mudanças acontece dentro de nossos próprios muros. Mas estamos dispostos a nos engajar na construção de um Vasco melhor, que reflita o mundo que queremos ver para o futuro próximo: com respeito e dignidade, independentemente de orientação sexual ou identidade de gênero.
Ser parte da mudança - e não do problema - não é simples, já que exige uma mudança de nós mesmos. O Vasco convida clubes, atletas, torcedores, dirigentes, federações e sociedade para um compromisso conjunto de debate acerca da homofobia e da transfobia.
O Vasco de 1923 não aceitou o racismo, naturalizado no século anterior. O Vasco do século XXI se nega a aceitar a homofobia e a transfobia que marcaram o século XX".
Fonte: ESPN.com.br