Vasco entra na semana final de preparação para a Série B com 9 reforços, 13 saídas e base em alta
Três meses após o rebaixamento, o Vasco inicia nesta semana sua caminhada na Série B com um elenco bem diferente. Desde a última rodada do Brasileiro, em 25 de fevereiro, nove jogadores chegaram e outros 13 saíram.
Uma reformulação rápida, mas que foi feita de forma gradual ao longo dos últimos meses e contou com apoio de jovens talentos que subiram da base. Apesar de ser um processo em andamento, é inegável que o clube começa a Segunda Divisão com uma nova cara. A estreia será contra o Operário-PR, no próximo sábado, às 11h, em São Januário.
Desde a contratação do técnico Marcelo Cabo, o Vasco ressaltou que a ideia era projetar o elenco até o início da Série B, quando acabaria a primeira etapa da reformulação. Do time hoje considerado titular, apenas cinco jogadores participaram do rebaixamento. Do elenco que caiu, saíram 13 jogadores, entre acordos, contratos encerrados, negociações e pedidos de rescisão na Justiça. Fora dos planos, Lucas Santos deve ser emprestado e caminha para ser o 14º.
No mercado, o Vasco buscou jogadores com perfis semelhantes. Quase todos tiveram destaque em grandes clubes em um passado recente, mas não fizeram uma temporada de destaque no ano passado. A exceção é Daniel Amorim. Último reforço, anunciado nesta segunda-feira, o centroavante estava no Tombense e foi uma aposta do departamento de futebol para suprir a carência no jogo aéreo.
Saídas
Talvez até mais difícil do que contratar fosse a missão se desfazer de atletas. Mas como fazer isso levando-se em conta que a maioria tinha contratos longos? O diretor Alexandre Pássaro precisou de jogo de cintura para contornar caso a caso.
Com vínculos no fim, Marcelo Alves e Ygor Catatau foram os primeiros a sair. Em seguida, oito jogadores que não estavam nos planos de Marcelo Cabo tiveram as férias estendidas e não se reapresentaram com o restante do elenco. Desses, cinco entraram em acordo, dois buscaram a Justiça e apenas Lucas Santos segue no clube. O Vasco avalia propostas de empréstimo, entre elas uma do Brasil de Pelotas.
Eles, no entanto, não foram os únicos a deixar São Januário. O Vasco fez um esforço enorme no início do ano para manter Benítez, mas, com o rebaixamento, entendeu que não fazia sentido seguir com camisa 10. Valorizado, com mercado e com contrato até junho, o argentino não ficaria para a Série B, e o clube achou melhor liberá-lo para São Paulo, que arcou com a dívida com o Independiente e ainda compensou o Vasco financeiramente. Fernando Miguel foi emprestado ao Atlético-GO, Carlinhos entrou em acordo e acertou a rescisão, e Talles foi vendido na semana passada ao NY City.
Chegadas
As saídas abriram brecha para o clube ir ao mercado. Até o momento, nove jogadores foram contratados, mas novos nomes devem chegar com a Série B em andamento.
Todas as posições foram reforçadas: um goleiro (Vanderlei), um zagueiro (Ernando), um lateral (Zeca), um volante (Romulo), dois meias (Marquinhos Gabriel e Sarrafiore) e três atacantes (Morato, Léo Jabá e Daniel Amorim). Cinco deles hoje são considerados titulares. O argentino, emprestado pelo Inter, e Daniel Amorim foram os últimos a chegar e ainda não estrearam.
Renovações
O Vasco teve que tentar equilibrar as questões técnicas e financeiras. A avaliação interna é que Talles e Benítez, por exemplo, trariam retorno em campo, mas os benefícios financeiros de suas saídas, nesse momento, seriam maiores.
Houve casos, no entanto, que o clube conseguiu contornar. Castan e Léo Matos entenderam o momento do clube e, de formas diferentes, abriram mão de alguma coisa para seguir. O zagueiro, por exemplo, topou reduzir seu salário, enquanto o lateral renovou por mais um ano, até o fim de 2022, para receber, no total, praticamente o mesmo valor que receberia neste ano em seu antigo contrato. Ambos agora têm vínculo até o fim de 2022.
Base em alta
Com mais saídas do que chegadas, o Vasco aposta nas categorias de base para encorpar o elenco. Campeão carioca, da Copa do Brasil e da Supercopa do Brasil no ano passado, o time sub-20 serviu como fonte.
Alguns subiram e já fincaram raízes. Matias Galarza é o caso mais emblemático. O paraguaio, que estreou como profissional no Carioca, encantou nos primeiros jogos, virou titular e foi comprado (US$ 500 mil por 60%) com ajuda da grana da venda de Talles. O dinheiro também serviu para o clube adquirir definitivamente MT, outro que subiu e deixou boa impressão no início do estadual. No seu caso, no entanto, um edema na vértebra atrapalhou sua sequência.
Do time sub-20 multicampeão, outro que vem ganhando espaço é Figueiredo, atacante que vem entrando em quase todos os jogos. João Pedro e Riquleme são outras caras novas que vão aparecendo aos poucos.
Outras crias do clube com mais tempo de casa ganharam espaço. Casos de Gabriel Pec, Miranda e Andrey, principalmente.
Cortes
Durante a campanha o presidente Jorge Salgado calculou que aumentaria em cerca de R$ 2 milhões mensais a folha salarial, mas o rebaixamento para a Série B mudou os planos. Com queda drástica de receitas – o clube estima deixar de arrecadar cerca de R$ 100 milhões no ano -, a ordem foi cortar gastos.
Segundo o diretor de futebol Alexandre Pássaro, o custo mensal do elenco hoje é cerca de R$ 50% menor do que era quando ele chegou, no início de janeiro. Na época, a folha do futebol beirava R$ 5 milhões por mês. Hoje é de aproximadamente R$ 2,5 milhões, sem incluir acordos antigos de salários atrasados.
Com a redução de gastos e a venda de Talles para o NY City por R$ 42 milhões, o Vasco conseguiu colocar os salários do elenco e de funcionários em dia após muito tempo.
Fonte: ge