Vasco detém 30% dos direitos de Miguel, que está em litígio com o Fluminense; pai do jogador não reconhece percentual
O imbróglio do Fluminense com Miguel, que pede sua rescisão na Justiça, tem também interferência no Vasco. O Cruz-Maltino possui 30% dos direitos econômicos do meia de 18 anos em um acordo feito com o Tricolor em 2016. Na ação que corre na 9ª Vara de Trabalho do Rio de Janeiro, entretanto, o pai do atleta, José Roberto Lopes, ignora a questão.
Em 2015, o jogador, à época com 12 anos, deixou o Flu rumo à Colina após desentendimentos entre José Roberto e o clube, no último ano da gestão Peter Siemsen. Pouco depois, voltaria, mas não sem antes se notabilizar com mais rusgas nos bastidores.
Em São Januário, à época presidido por Eurico Miranda, o pai do jovem jogador teve problemas não só com o mandatário mas com seus filhos Álvaro Miranda, então diretor da base, e Eurico Brandão, o Euriquinho, vice-presidente de futebol da gestão. Meses depois, Miguel acabou voltando a Xerém, já com Pedro Abad como presidente do Fluminense.
Para resolver o litígio com o Cruz-Maltino e retornar ao Tricolor, entretanto, o pai concordou em ceder 30% dos direitos do meia ao Vasco.
O UOL Esporte apurou que, embasado no documento assinado, o acordo segue de pé para tricolores e cruz-maltinos, mas que o pai do jogador não reconhece a validade deste contrato. Assim, em sua ação judicial, José Roberto Lopes deseja os 90% dos direitos econômicos atrelados ao Fluminense. Os outros 10% já pertencem a Miguel.
O Portal da Transparência do Fluminense registra 90% dos direitos econômicos de Miguel. Em contato com a reportagem, entretanto, o Tricolor esclareceu a questão reconhecendo o documento e a fatia de 30% do Vasco. O Cruz-Maltino, por sua vez, também confirmou o acordo e a negociação no passado.
Entenda o acordo feito em 2016
Se Miguel é considerado uma joia, Fluminense e Vasco são unânimes ao dizer que a relação com José Roberto, que é também seu agente, é difícilima. Em São Januário, a diretoria o via como a grande promessa do time campeão sub-13, mas achou as exigências de seu pai exageradas.
Em reuniões para a negociação de retorno ao Tricolor, o pai do jovem por um lado afirmava que a decisão se baseava na capacidade dos treinadores e da história com o clube, mas por outro, condicionava o acerto a uma garantia de que o meia pulasse categorias para se tornar profissional.
Além disso, pedia que o Flu contratasse também Gabriel, seu filho mais velho, que, diferentemente de Miguel, deu poucas contribuições às equipes por que passou.
Enquanto tratava da saída do Vasco e do retorno ao Fluminense, José Roberto também se reuniu com Carlos Noval, à época diretor da base do Flamengo.
No Rubro-Negro, até ouviu uma proposta salarial mais alta do que no Tricolor, mas o clube da Gávea ofereceu apenas um período de testes a Gabriel. O Fla também não estava disposto que Miguel queimasse etapas em sua base. Por isso, o jovem não vestiu vermelho e preto, e voltou mesmo ao Flu.
Como Miguel ainda não tinha 16 anos e só poderia receber bolsas e ajudas de custos de qualquer clube, o acordo entre Fluminense, Vasco e José Roberto foi lavrado em um documento, anexado ao vínculo quando o primeiro contrato profissional do meia foi assinado. A prática não é ilegal.
Pelo Fluminense, Miguel disputou 23 jogos e não marcou gols. O meia deu quatro assistências e chegou a ser destaque no início de 2020, mas nunca teve sequência com Fernando Diniz, Oswaldo de Oliveira, Marcão, Odair Hellmann e Roger Machado, os cinco treinadores que passaram pelo clube desde sua estreia como profissional em 2019.
Fonte: UOL