Beach Soccer: Ajudado por Júnior Negão no passado, Catarino agora apoia jovens jogadores do Vasco
Em 2010, quando tinha 17 anos, Diogo Catarino sofreu grave lesão no tornozelo, algo que o fez perder a oportunidade de defender o America-RJ no campo. Desiludido, achou que havia chegado ao fim da linha no mundo da bola, até que um craque da areia resolveu lhe estender a mão, fez um convite para que ele trocasse as chuteiras pelos pés descalços e, a partir dali, viu sua vida mudar.
Hoje multicampeão pelo Vasco e pela seleção brasileira, Catarino é eternamente grato a Júnior Negão, lenda do beach soccer e responsável por levá-lo para a modalidade. Agora, aos 31 anos e já consagrado no esporte, quis repetir o gesto de ajuda e seguiu os passos de seu mentor, dando chance a outros jovens.
Como faz anualmente, o jogador passa cerca de quatro meses atuando na Europa onde, segundo ele, é o "ganha-pão" dos jogadores de futebol de areia. Desta vez, porém, levou consigo três atletas com idade média de 20 anos para jogar juntos no Buarcos, da Primeira Divisão de Portugal. Os jovens atletas são Iguinho, Ryan e Betinho. O trio defende o Vasco junto com Catarino.
"O que o Negão fez por nós eu quero fazer. Poder aproveitar e ajudar ao máximo essa garotada. Eu me vejo nessa garotada todos os dias. Eu, quando iniciei, treinava e muitas vezes não jogava. Naquela época tinha muitos grandes jogadores e, às vezes, não tínhamos muito espaço, mas os mais experientes sempre diziam: 'tudo tem seu tempo, agora é nossa hora, mas amanhã, quando o tempo passar, vão ser vocês'. Isso ficou bem marcado na minha cabeça e eu sempre falo para os garotos: 'esse agora é meu momento, tem que ter paciência, mas quando isso passar, vocês que vão mandar aqui no Vasco e continuar esse legado desde a época do Júnior Negão, do Jorginho...", destacou Catarino ao UOL Esporte.
O critério para a ajuda, aliás, o jogador não abriu mão: tinham que ser seus companheiros de Vasco:
"Eles [europeus] sempre pedem para indicar jogadores, e uma das coisas que eu sempre aprendi com o Negão é jamais indicar jogadores de outros times. Já que você está na guerra todos os dias com eles, tem que privilegiar quem está do seu lado treinando todos os dias e vai morrer por você."
Vascaíno de coração, Catarino tem compromissos a se confirmar com o Cruz-Maltino no segundo semestre, dentre eles o Mundialito e a Libertadores, torneios em que o clube busca o bicampeonato e o tetra, respectivamente. Tudo, porém, ainda dependerá da situação da pandemia do coronavírus.
"Esse é o objetivo [buscar os títulos]. Ainda mais agora que estamos um bom tempo sem jogar juntos, dá aquela ansiedade. A gente costuma brincar que, quando se reúnem os 'Pokémons', é difícil de segurar [risos]. Quando vamos para a Europa, cada um joga em um time. Estamos motivados para a Libertadores e o Mundialito, mas ainda não sabemos como irá ficar por conta da pandemia", declarou.
Com o espírito de retribuir o que o beach soccer lhe deu e com o intuito de seguir os passos de Júnior Negão, Catarino tem o desejo de ter sua própria escolinha de futebol de areia quando se aposentar.
"Eu penso, mas no momento ainda não. Estou tendo essa experiência [de dar oportunidade aos jovens] de outra forma, mas já tenho minha logomarca e outras coisas para quando tiver oportunidade. Ainda penso em ganhar muitos títulos pelo Vasco, pela seleção brasileira, penso nisso mais para o finalzinho de carreira. Claro que, se tiver oportunidade de poder antecipar isso, será um prazer, até porque o futebol de areia é carente de oportunidades, mas é muito complicado agora", frisou.
Catarino soma 15 títulos pelo Vasco, dentre eles o tricampeonato brasileiro e o bicampeonato da Libertadores. Pela seleção brasileira, são 12 conquistas. O jogador também já foi campeão por Milan (ITA), Catania (ITA), Sporting (POR), Braga (POR) e Lokomotiv (RUS).
Fonte: UOL