Um ano depois de clássico sem público, Fluminense e Vasco se reencontram com mais de R$ 7 milhões de prejuízo sem bilheteria
Fluminense e Vasco se enfrentam nesta terça-feira, às 21h35 (de Brasília), no Raulino de Oliveira, em Volta Redonda, no único clássico durante o lockdown de 10 dias no Rio de Janeiro – o que fez a Ferj levar os jogos do Campeonato Estadual para o interior. Partida que marca, um ano e 15 dias depois, o reencontro justamente dos rivais do primeiro clássico carioca sem público na pandemia da Covid-19.
Naquela altura, jogar sem público já não era novidade para Fluminense e Vasco. Na final da Taça Guanabara de 2019, por conta das divergências entre os clubes para definir qual torcida ocuparia o Setor Sul do Maracanã, a Justiça determinou que o clássico fosse realizado sem torcida. Mas, com uma confusão generalizada entre torcedores e a polícia do lado de fora, os portões foram abertos na parte final do primeiro tempo, e 29 mil pessoas entraram no estádio.
Em 2020, não havia tumulto do lado de fora. Com os primeiros casos da Covid-19 no Brasil, aglomerações já estavam proibidas. Em campo, o Fluminense levou a melhor e venceu por 2 a 0, com gols de Evanilson e Pacheco. Mas o jogo dividiu as atenções com os protestos dos jogadores, com os ecos das arquibancadas vazias e com os receios da chegada da pandemia.
Mais de R$ 7 milhões de prejuízo
Aquela foi a última rodada antes da paralisação do futebol no Brasil. Quando a bola voltou a rolar três meses depois, os jogos com portões fechados passaram a ser uma dura realidade de todos os clubes do país. E sem as receitas de bilheteria, que normalmente cobriam os custos operacionais, as partidas começaram a dar prejuízo. No caso de Fluminense e Vasco, o rombo somado ultrapassa os R$ 7 milhões.
De lá para cá, o Vasco disputou 28 jogos com o mando de campo e teve dois como visitante contra as equipes de menor expressão no atual Carioca – nessas partidas, o clube grande deve assumir parte das despesas como está previsto em regulamento. Com 93% desses compromissos em São Januário, o Cruz-Maltino acumulou um prejuízo de R$ 2.127.712,54 (veja na lista abaixo), valor bem próximo dos R$ 2,5 milhões da atual folha salarial do elenco por mês.
Jogos com despesas do Vasco
R$ -69.449,14 (Macaé) - São Januário (2020)
R$ -43.757,08 (Madureira) - São Januário (2020)
R$ -79.490,11 (Sport) - São Januário (2020)
R$ -89.429,39 (São Paulo) - São Januário (2020)
R$ -77.379,06 (Grêmio) - São Januário (2020)
R$ -84.013,14 (Athletico-PR) - São Januário (2020)
R$ -76.661,84 (Atlético-GO) - São Januário (2020)
R$ -62.145,39 (Botafogo) - São Januário (2020)
R$ -87.805,69 (Bragantino) - São Januário (2020)
R$ -94.066,04 (Flamengo) - São Januário (2020)
R$ -84.509,87 (Corinthians) - São Januário (2020)
R$ -37.228,58 (Caracas) - São Januário (2020)
R$ -84.354,13 (Palmeiras) - São Januário (2020)
R$ -75.748,73 (Fortaleza) - São Januário (2020)
R$ -85.271,11 (Ceará) - São Januário (2020)
R$ -42.806,58 (Defensa y Justicia) - São Januário (2020)
R$ -91.532,64 (Fluminense) - São Januário (2020)
R$ -86.081,98 (Santos) - São Januário (2020)
R$ -89.693,19 (Botafogo) - São Januário (2020)
R$ -83.391,29 (Coritiba) - São Januário (2020)
R$ -86.922,08 (Atlético-MG) - São Januário (2020)
R$ -90.383,36 (Bahia) - São Januário (2020)
R$ -88.903,24 (Internacional) - São Januário (2020)
R$ -78.651,72 (Goiás) - São Januário (2020)
R$ -44.255,98 (Portuguesa) - São Januário (2021)
R$ -35.565,60 (Volta Redonda) - Raulino de Oliveira (2021)
R$ -44.865,98 (Nova Iguaçu) - São Januário (2021)
R$ -45.027,26 (Botafogo) - São Januário (2021)
R$ -43.554,52 (Macaé) - São Januário (2021)
R$ -44.767,82 (Madureira) - Los Lários (2021)
Por sua vez, o Fluminense, que assumiu os custos daquele primeiro clássico com portões fechados para mantê-lo no Maracanã – o Vasco queria levá-lo para São Januário –, teve mais do que o dobro do prejuízo do rival. Muito em função das taxas mais altas do estádio, onde o Tricolor disputou 70% dos 34 jogos desde então (30 como mandante e quatro como visitante com despesas), o rombo foi de R$ 5.348.450,78 (veja na lista abaixo). Valor que pagaria quase duas folhas salariais do elenco.
Jogos com despesas do Fluminense
R$ -207.966,28 (Vasco) - Maracanã (2020)
R$ -129.816,58 (Volta Redonda) - Nilton Santos (2020)
R$ -82.738,29 (Botafogo) - Nilton Santos (2020)
R$ -134.154,18 (Flamengo) - Maracanã (2020)
R$ -130.600,80 (Flamengo) - Maracanã (2020)
R$ -122.099,68 (Flamengo) - Maracanã (2020)
R$ -79.409,57 (Botafogo) - Nilton Santos (2020)
R$ -192.188,00 (Palmeiras) - Maracanã (2020)
R$ -186.216,06 (Internacional) - Maracanã (2020)
R$ -169.181,05 (Figueirense) - Maracanã (2020)
R$ -189.671,75 (Vasco) - Maracanã (2020)
R$ -185.597,00 (Atlético-GO) - Maracanã (2020)
R$ -186.791,29 (Flamengo) - Maracanã (2020)
R$ -181.089,75 (Corinthians) - Maracanã (2020)
R$ -171.604,28 (Atlético-GO) - Maracanã (2020)
R$ -187.962,72 (Coritiba) - Nilton Santos (2020)
R$ -181.136,21 (Bahia) - Maracanã (2020)
R$ -189.218,80 (Ceará) - Maracanã (2020)
R$ -181.323,53 (Santos) - Maracanã (2020)
R$ -189.470,00 (Grêmio) - Maracanã (2020)
R$ -195.423,70 (Bragantino) - Maracanã (2020)
R$ -189.229,02 (Athletico-PR) - Maracanã (2020)
R$ -191.778,36 (São Paulo) - Maracanã (2020)
R$ -187.778,32 (Sport) - Nilton Santos (2020)
R$ -157.405,00 (Botafogo) - São Januário (2020)
R$ -194.690,75 (Goiás) - Nilton Santos (2020)
R$ -188.642,01 (Atlético-MG) - Maracanã (2020)
R$ -198.407,47 (Fortaleza) - Maracanã (2020)
R$ -162.586,68 (Resende) - Maracanã (2021)
R$ -155.216,34 (Portuguesa-RJ) - Maracanã (2021)
R$ -86.065,59 (Flamengo) - Maracanã (2021)
R$ -84.662,90 (Bangu) - São Januário (2021)
R$ -26.493,00 (Boavista) - Bacaxá (2021)
R$ -51.835,82 (Volta Redonda) - Bacaxá (2021)
Rombo x expectativa
Como demonstrado pelo blog do Rodrigo Capelo, a pouca bilheteria obtida de janeiro a março do ano passado, no período pré-pandemia, ficou muito longe de atingir as metas previstas nos orçamentos dos clubes brasileiros. No caso de Vasco e Fluminense, o primeiro orçou R$ 20 milhões, o segundo, R$ 14 milhões, mas cada um obteve apenas R$ 3 milhões de resultado em 2020.
Para 2021, com a chegada das vacinas ao Brasil, mas sem qualquer previsão da volta do público aos estádios, os rivais traçaram projeções bem distintas. O Fluminense, que voltará a disputar a Libertadores esse ano, fez uma previsão de R$ 19 milhões em bilheterias. Já o Vasco, que caiu para a Série B do Campeonato Brasileiro, orçou apenas R$ 4 milhões com esse tipo de receita.
Fonte: ge